Num mundo cada vez mais globalizado e em comunicação, quase paradoxalmente crescem a sensação de estranheza e os espaços de solidão, com consequências negativas garantidas, em nível individual e coletivo, tanto que a OMS chega a prever que em 2030 a depressão juvenil poderá tornar-se a segunda causa de morte, em absoluto. E não obstante, cada vez mais e em todas as latitudes – como documentado na relação apresentada pela Comissão Internacional EDU – percebe-se o “desejo de comunidade” (segundo a expressão de Z. Bauman) e, a partir dessa radical necessidade, reconhece-se a urgência de “formar o homem-relação”, ideia-chave de Chiara Lubich no campo educacional. Ela mesma a salientou por ocasião do recebimento do Doutorado honoris causa em pedagogia (USA, 2000). Ideia retomada com força, neste 5º encontro pedagógico promovido por EDU. Um desafio comprometedor e fascinante, que envolveu os 270 participantes (professores universitários, docentes, pais, estudantes), juntamente a tantos outros que acompanharam as transmissões na internet, da Sicília à Malta, Eslovênia, Colômbia e outros países não europeus. Não somente reflexões sobre a importância essencial de tecer relações autênticas, como alicerce de uma autêntica comunidade, mas a possibilidade de experimentá-las durante os vários momentos de diálogo e no intercâmbio de experiências na área educativa. Estas, para estar em coerência com o tema do encontro, diziam respeito à construção, não simples, da realidade comunitária em contextos variados – envolvendo famílias, escolas, instituições presente no território – a partir da ação de pessoas capazes de tecer relações e alianças e que, desse modo, passam a inverter a difundida tentação individualista, injetando doses de esperança, um elemento imprescindível em qualquer projeto educativo. Muito estimulante foi a palestra do prof. Domenico Bellantoni (Pontifícia Universidade Salesiana – Roma), aprofundando o sentido da relação no contexto comunitário. Especialmente a partir da logoterapia de Vicktor Frankl ele examinou a ideia de pessoa-autotranscendencia, ou seja, pessoa aberta à relação e à responsabilidade. Outras intervenções, que em breve estarão disponíveis no site de EDU (www.eduforunity.org), foram as de Maria Ricci, Michele De Beni, Teresa Boi e Giuseppe Milan, que apresentaram o resultado do trabalho desenvolvido este ano pela Comissão Central de EDU. Muito participado o diálogo final, solicitado pelas questões abertas e evidenciadas nos trabalhos de grupo. Os participantes despediram-se com alegria e entusiasmo renovados, como testemunham alguns depoimentos: “É possível! Saio daqui com uma esperança nova!”; “É preciso aprender a gramática da relação”; “Estamos prontos para um empenho individual e coletivo, a fazer propostas construtivas e a saber perdê-las”; “Ver-nos cada dia novos cria a comunidade”. E ainda mensagens postadas na internet: “Que extraordinária possibilidade de construir relacionamentos pessoais entre nós e nas nossas comunidades, inclusive com a ajuda dos meios de comunicação” (Eslovênia); “Junto com todos, estou disposta a comprometer-me em levar adiante, com esperança, este grande projeto” (Argentina).
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