Movimento dos Focolares

Economia de comunhão: olhares de misericórdia

Nov 12, 2016

De 21 a 23 de outubro, na Suíça, o sexto Congresso da Economia de Comunhão europeia, intitulado “A EdC: uma economia para todos”. O empenho de “cuidar da pobreza, levando-a para casa”.

20161112-04 MichelPochet   Uma centena de participantes de 14 países europeus (de Portugal à Rússia), três dias intensos de comunhão, presentes empresários dos primórdios da Economia de comunhão (EdC), jovens empresários, estudantes e economistas. «O congresso se iniciou com a exposição do pintor francês Michel Pochet sobre “Deus Misericórdia” – contam os organizadores –. As suas obras de arte serviram de moldura durante todo o encontro. Em especial os quadros do “Bom Pastor” e do “Bom Samaritano” inspiraram os empresários a quererem se tornar, na sua empresa e ambientes de trabalho, o que aquelas pinturas representam». «Vim aqui para saber mais sobre a EdC. Eu era um tanto quanto crítico, mas nestes dias entendi o que significa: cuidar dos outros, inclusive no trabalho. Trata-se de construir relações entre as pessoas. Encontrar-me com todos vocês me fez muito bem. É impressionante ver que os empresários da Economia de comunhão são altruístas, que vocês são os que se ocupam das necessidades dos outros. Espero me tornar em breve um de vocês». É a impressão, de improviso, de Federico (Itália), estudante de management. Três dias de intensa comunhão. Entre os discursos, o do economista suíço Luca Crivelli sobre as novas formas de Social Business, extraindo delas sugestões de interesse para a EdC a 25 anos do seu início; de Anouk Grevin, Docente na Universidade de Nantes e no Instituto Universitário Sophia, sobre «o dom e a gratuidade na empresa, mirando a ter olhares de misericórdia em condições de “ver” o dom no trabalho dos próprios colaboradores, de “reconhecê-lo”, de “agradecer-lhe” por um ato livre que ninguém pode comprar. Olhares de misericórdia que permitam colocar cada um em condições de dar o melhor de si, porque sente a confiança do outro e consegue se expressar sem medo de errar»; e de Herbert Lauenroth, especialista em intercultura no Centro ecumênico de Ottmaring (Augsburg), sobre a misericórdia aplicada à vida econômica e política. Um empresário da Inglaterra, no seu primeiro encontro da EdC, disse: «Uma coisa que vocês têm e que podem doar a todos os que lutam por um mundo melhor, mas que talvez não veem a luz, é a alegria de vocês. É uma coisa incrível! Um verdadeiro capital espiritual». E Peter, jovem da Sérvia: «Vim aqui achando que podia ser uma perda de tempo. Mas encontrei pessoas abertas, cada diálogo foi importante para mim. Levo comigo um grande benefício deste encontro». 20161112-03O prof. Luigino Bruni, coordenador mundial do projeto EdC, lembrou a época da vida de Chiara Lubich em Trento, com o primeiro grupo de focolarinas, que convidavam os pobres para almoçar na casa delas, «usando as toalhas e os talheres mais bonitos», evidenciando que «o nosso primeiro modo de cuidar da pobreza, ainda antes de doar os lucros, é levá-la para dentro de casa, nas nossas empresas, e amá-la com “gestos de beleza”». Outro desafio identificado “para chegarmos vivos ao 50º aniversário da Economia de comunhão”, diz respeito às empresas. «É evidente para todos que a comunhão nas empresas deve encontrar novas expressões mais visíveis e radicais – afirma–, envolvendo a “governance” e sobretudo os direitos de propriedade. Até agora miramos na cultura e nas motivações dos empresários, mas é cada vez mais evidente, numa economia em grande transformação, que as empresas não coincidem com os empresários». E acrescentou: «Um dos pontos de força da EdC destes anos, da sua resiliência, é que respirou com todo o corpo. Não teve pessoas que a guiavam individualmente, mas muitos membros ativos. A EdC é forte quando em cada trabalhador da empresa existe a mesma energia». Em síntese, Bruni concluiu: «Nós nos conscientizamos de que a EdC na Europa ainda está viva após 25 anos, que continua a dar fruto, a se desenvolver em novos ambientes e regiões. Significativa foi a presença das primeiras empresas na Rússia, e da nova incubadora de empresas em Portugal: aquela Europa do Atlântico aos Urais que todos sonhamos. Além disso, é uma EdC jovem, aberta (muitos líderes da EdC não vêm do Movimento dos Focolares) e com muita vontade de futuro». Flickr: Foto gallery O próximo encontro marcado está previsto para 2017, na Bélgica.

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