Movimento dos Focolares

EcoOne: pessoa-natureza

Jun 23, 2010

Cerca de 50 profissionais de várias partes do mundo no encontro sobre sustentabilidade ambiental e questão energética. A elaboração de um “pensamento ecológico”, fundado no quadrinômio custódia, responsabilidade-consciência ambiental, novo relacionamento pessoa-natureza e sustentabilidade do desenvolvimento.

«Sustentabilidade e questão energética». Foi o assunto do congresso de EcoOne, reflexão cultural nascida do carisma do Movimento dos Focolares no mundo da ecologia. O encontro aconteceu no Centro Mariápolis de Castelgandolfo, de 14 a 16 de maio e dele participaram cerca de 50 ecologistas e profissionais provenientes do Brasil, Chile, Portugal, Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Áustria e Itália, que estabeleceram um intenso diálogo.

O tema foi abordado por especialistas nos vários âmbitos, ligados ao problema da energia: da engenharia à física, da política à sociologia. Professores universitários, industriais, além de estudiosos e especialistas do setor, falaram de energia in natura, fontes renováveis, energia nuclear, mudanças climáticas, participação política e solidariedade inerente à questão energética.

Uma parte do programa foi dedicada à examinar o percurso de EcoOne a dez anos do primeiro congresso, organizado por Sergio Rondinara, hoje professor do Instituto Universitário Sophia – e os elementos culturais que o caracterizaram. “Se o relacionamento entre pessoa e natureza foi harmonioso no passado  –  disse Luca Fiorani, pesquisador da Enea e coordenador de EcoOne, introduzindo os trabalhos – hoje desembocou na crise ambiental, que remete à uma crise mais profunda, antropológica e ética. Diante dessa situação, o programa de pesquisa de EcoOne consiste em individualizar um relacionamento pessoa-natureza renovado, que passe através da recuperação do significado das relações que ligam cada um de nós à natureza. Esta operação nos toca no plano do pensamento, na esfera religiosa e na redescoberta das tradições pré-industriais”.

Tirando as conclusões do percurso feito, ele continuou: “uniram-se a nós profissionais no campo ambiental, professores universitários e pesquisadores de entes públicos. Este diálogo cultural, aberto e enriquecedor, não é um elemento decorativo mas constitui a essência de EcoOne. Podemos concluir que, nesses anos, formou-se no Movimento dos Focolares um pequeno grupo de ecologistas, com um pensamento definido e em diálogo com profissionais desse campo”.

Portanto, até agora EcoOne elaborou um “pensamento ecológico” fundamentado sobre alguns elementos chave: a “custódia” porque “a pessoa é guardiã da criação”; a “responsabilidade e a consciência ambiental”, ou seja, “a consciência que danificar a natureza significa ameaçar a vida, estimula a consciência moral sobre a questão ambiental”. A necessidade de estabelecer “um novo relacionamento pessoa-natureza”, “superando extremismos antropocentristas e fisiocentristas”. E enfim o conceito de “sustentabilidade” como novo paradigma de desenvolvimento, isto é, a consciência de que “são necessárias radicais mudanças estruturais e comportamentais a fim de que o desenvolvimento possa ser sustentável”.

“Não é o homem o centro do cosmo, e sim Deus” – escrevia Chiara Lubich na mensagem dirigida ao encontro de EcoOne de 2005, indicando em “Deus Amor” o paradigma do novo agir ecológico. Palavras, as suas, que hoje representam uma verdadeira Carta Magna de EcoOne. “Não ousemos – continuava Chiara – ir contra Deus! Encontraremos a morte. Se, ao contrário, a finalidade do homem não for o interesse econômico e o egoísmo, mas o amor pelos outros homens e pela natureza, com a sua contribuição a Terra se transfigurará, até tornar-se um paraíso terrestre”.

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