Movimento dos Focolares

EdC na África, criar um espaço para a confiança

Jun 3, 2015

Trechos da conferência de Luigino Bruni “Inovação e geratividade: o olhar da Economia de comunhão”, no congresso internacional no Quênia, promovido por Economia de Comunhão, de 27 a 31 de maio.

Luigino Bruni «A Economia de Comunhão voltou à África. Estamos aqui do mundo inteiro atraídos pelas bênçãos e pelas feridas deste grande continente, para olhar para a economia mundial a partir da perspectiva africana. E também para deixar-nos instruir por estes povos, pela sua grande vocação à vida, às relações sociais, ao encontro. Da África sempre impressionou-me a sua capacidade geradora, a sua vivacidade. Há muita dança na África, muita festa, sobretudo as danças das mulheres. Como na Bíblia, onde muitas vezes as mulheres dançam. E o que é mais estupendo: na África veem-se muitos idosos, muitas mulheres idosas dançarem. Hoje, na Europa e nos países do norte do mundo, é muito raro ver mulheres e homens idosos fazerem festa gratuitamente e pela alegria da vida em comunhão, porque a nossa cultura do consumismo e da finança não os deixa dançar. Viemos à África também para aprender a dançar juntos, jovens, crianças, adultos e idosos. A África certamente tem uma vocação para gerar a vida, em todas as suas dimensões. A fraternidade com a terra e com a natureza é um grande valor das culturas africanas. Este é um dos presentes da África para toda a Economia de Comunhão no mundo, e muitos outros deveriam também descobri-lo nos próximos anos e nas próximas gerações. Quais são as mensagens que da EdC podem chegar à África de hoje? Os caminhos africanos para a proposta de Chiara Lubich, nascerão da África em comunhão com o mundo inteiro. A primeira contribuição que a EdC quer levar à África é um olhar de estima por aquilo que a África já é e não só por aquilo que deverá ser. A primeira força dos povos são os seus sonhos, principalmente aqueles coletivos e aqueles dos pobres. Devolvamos tempo às nossas histórias, grandes e pequenas, e partamos daí em direção a uma nossa terra. Gerar está muito ligado com uma palavra econômica importante, para a África e para todos: inovação. Uma primeira mensagem que chega até nós da lógica da inovação, broto de vida, chama-se subsidiariedade: as nossas mãos e a tecnologia podem apenas subsidia-la, isto é, ajudar o broto de vida a florescer: não podem inventá-lo. As inovações econômicas e sociais da África nascerão antes de tudo do seu humus, da sua terra e não de mãos externas. A EdC é dádiva de olhos capazes de ver a vida brotar onde os outros veem só os desertos. Aqui nas terras africanas existem muitos jovens que se puseram em caminho, muitas vezes juntos: é destes brotos de vida que devemos aprender a ver a floresta. A energia essencial é a fome de vida e de futuro dos jovens e dos pobres, que aqui na África é abundante. O papel das instituições (instituições políticas, instituições econômicas)  é essencial para que os pobres e os excluídos possam tornar-se motores de mudança de um país. Da EdC estão nascendo novas instituições financiárias. Mas os bancos e todas as instituições podem apenas ajudar as inovações econômicas e não criá-las nem inventá-las. Sem pessoas com criatividade, talento, competência e paixão, não se faz nascer nenhuma experiência de uma nova economia. É preciso que cada um ative a própria capacidade inovadora e, podendo, una-se a outras pessoas que tenham a sua mesma vontade de fazer e de criar. O nosso sonho é criar também aqui na “Mariápolis Piero” uma destas instituições. Um centro que possa ser um ‘lugar da confiança’ para acompanhar e servir as novas ideias EdC que nascerão, principalmente dos jovens».

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