Recentemente, foram concluídos os Encontros do Mediterrâneo, que tiveram como cenário Marselha (França), cidade-mosaico de povos e culturas. Um evento que traça no diálogo novos caminhos de esperança com um olhar renovado para o futuro. “O que resultou do evento de Marselha? Resultou um olhar sobre o Mediterrâneo, que definiria simplesmente humano, não ideológico, não estratégico, não politicamente correto nem instrumental, humano, isto é, capaz de remeter tudo para o valor primordial da pessoa humana e da sua dignidade inviolável. Depois, ao mesmo tempo, resultou um olhar de esperança.[1]”

Foto: © Chiara Barbaccia

Foto: © Chiara Barbaccia
Da imigração à crise climática, da integração às crises geopolíticas e à violência da guerra, a voz dessas novas gerações que animaram e coloriram a cidade de Marselha é forte. Os jovens são “faróis”, como os definiu o Papa em seu discurso na ocasião da sessão de conclusão dos Encontros, no dia 23 de setembro, “eles são a luz que indica a rota futura” e é importante assegurar o espaço de encontro deles, onde possam ser orientados a confraternizar e poder abrir os ouvidos ao outro, como aconteceu em Oeuvre de jeunesse Joseph Allemand Saint Savournin, onde tantos adolescentes do ensino médio da cidade, divididos em grupos, participaram das “grandes salas” organizadas por tema para debater e compartilhar os desafios e projetos sobre o Mediterrâneo. Entre os animadores das várias regiões, em particular da Itália, estava também um grupo do Movimento dos Focolares que, juntamente com outras realidades contribuíram nessa troca. Cada sala foi uma viagem: na inclusão, no respeito a diversidade das outras profissões religiosas, sobre a liberdade das mulheres nas várias culturas, na dança e na arte, instrumentos de acolhimento capazes de derrubar barreiras. Uma viagem para a sensibilização ao tema da reconversão da indústria bélica, como contam os adolescentes da WarFree – Lìberu dae sa gherra, associação que busca uma reconversão ética da Sardenha (ilha italiana) por meio de uma economia de paz com o olhar sobre o mundo; uma rede de empresas que se colocam como alternativa às indústrias produtoras de armas e petroquímicas e uma nova economia civil que ofereça trabalho digno no território, favorecendo o entrelaçamento entre paz e desenvolvimento sustentável: “Essas indústrias presentes no território da Sardenha são as maiores exportadoras do país e, em uma terra onde o trabalho é escasso, é importante que as pessoas saibam para o que trabalham, quem ganha com essas exportações e quais são as consequências”, diz Stefano Scarpa, um dos sócios do Warfree, envolvido no projeto desde o início. “Não é uma questão que envolve somente a Sardenha. Por essa razão, os Encontros do Mediterrâneo são uma oportunidade. Seria ótimo conseguir falar não só de Mare Nostrum, mas de globalidade, de um diálogo constante que quer encontrar similaridades entre as dificuldades de cada país e respostas.” “A Igreja tem um papel importantíssimo nos territórios e no diálogo com as outras Igrejas e as outras religiões. É aqui que é incentivada a participação de todos”, acrescenta Maria Letizia Cabras, jovem da Sardenha e do Movimento dos Focolares que colabora com a Warfree, “para que um discurso a nível territorial seja aplicado também a nível ‘mediterrâneo’, por meio de projetos e eventos que envolvam todos os diversos países”.
Maria Grazia Berretta
[1] Fonte: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2023/documents/20230927-udienza-generale.html, acessado em 28/09/2023.




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