«Extenuados, mas ainda fortemente agarrados à esperança, a mesma que os sustentara no início de sua longa e cansativa viagem, cinquenta jovens africanos chegaram à nossa cidade. Depois de dias de travessia no mar encontraram não tanto mas uma luz, mas um tricolor, a nossa bandeira. Haviam fugido da Líbia, alguns dos conflitos religiosos entre cristãos e muçulmanos fundamentalistas, outros da miséria de terras extremamente desfrutadas. Amontoados nas praias, surrados, roubados e, enfim, obrigados a tomar o caminho do mar em barcaças lotadas, indo quem sabe para aonde. Muitos não resistiram. Quem não tinha perdido a vida ainda nutria a esperança. Depois de uma etapa em Lampedusa, ilha de coração generoso, mas que logo se tornou pequena demais para receber um êxodo em massa, eles se haviam dispersado em vários municípios italianos. Entre estes o nosso, Pomigliano D’Arco, na província de Nápoles. O mais velho deles tem 36 anos, o mais jovem, 18. «Nós, jovens da paróquia de San Felice in Pincis, junto com os nossos sacerdotes, corremos para ir visitá-los. Eles não nos conheciam, mas mesmo assim nos receberam, cedendo seu espaço e escutando as nossas palavras. Não tínhamos nada para oferecer, a não ser o nosso amor: aquele encontro mudou a nossa vida. A paróquia, o bairro, os adotou. Arregaçamos as mangas. Somos muitos voluntários de várias comunidades paroquiais, mas muitos outros se empenham como podem. A primeira coisa a fazer era uma coleta de roupas. Os rapazes tinham chegado descalços e só com a roupa do corpo. Em breve tempo começamos cursos de italiano, organizamos noites culturais abertas aos cidadãos, não nos esquecendo de sua formação espiritual. Tocou-nos o fato que aqueles que eram católicos tinham consigo uma Bíblia. Tudo havia sido roubado, mas eles tinham conservado o que possuíam de mais querido. Sentíamos que deles tínhamos muito a aprender: quando falta tudo não deve faltar a fé em Deus. As celebrações de domingo, que se transformaram em um missa trilíngue – além do italiano, também em inglês e francês – terminam com danças e palmas, ao ritmo dos tambores. Vendo-os dançar e cantar nós não vemos somente a alegria deles, mas participamos dela, quase como uma imagem da ressurreição. Os muçulmanos receberam a visita do Imã. Os jovens da Ação Católica organizaram uma vigília de oração: brancos e negros, católicos e muçulmanos, como um sinal tangível de paz entre os povos e as religiões! O albergue que hospeda os jovens africanos é cheio de vozes, canções e saudações. Toda vez nos agradecem e abençoam, “God bless you”, ouvimos frequentemente. Um jornalista local observou: “Qualquer pessoa que acompanha a trajetória deles fica inevitavelmente envolvida. A retidão, os valores, a sociabilidade, as dramáticas histórias pessoais, derrubam rapidamente os mais sólidos muros de preconceito, e transformam a ‘estéril’ solidariedade pelos necessitados em ajuda fraterna e amorosa proximidade”. Palavras que nos fazem confirmar a força contagiosa do Amor». (Ilária e Salvatore, Movimento Paroquial dos Focolares, Pomigliano d’Arco, Itália) De “Una buona notizia, gente che crede gente che muove”, Chiara Favotti (ed.) – Città Nuova Ed., Roma.
Abrir a porta do coração à alegria
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