Alguns anos atrás, meu marido e eu montamos uma pequena empresa de mecânica, com 6 empregados e uma numerosa clientela. Era um pequeno sonho que se tornava realidade, inclusive pelo fato de que assim podíamos assegurar um futuro de trabalho para os nossos filhos. Embora tendo recebido dos clientes todas as garantias de que nada mudaria, já nos primeiros seis meses de atividade nos deparamos com a dura realidade de ser donos do próprio trabalho: descontinuidade, burocracia e até algumas disfarçadas tentativas de corrupção. Para nós era importante permanecer na legalidade ignorando estas solicitações, mas, inclusive por causa desta atitude e da crise do setor automobilístico, no prazo de um ano nos demos conta de que o faturamento da empresa tinha se reduzido à metade. Portanto, nos encontramos com muitas dívidas para pagar, sem recursos e, consequentemente, tivemos que enfrentar a duríssima opção de demitir grande parte dos operários, dando a eles o tempo para encontrar um novo emprego e fomos também obrigados a vender as máquinas para poder dar-lhes tudo o que lhes era de direito.
Vivemos tudo isto como um fracasso, mas não nos rendemos. Ao nosso redor, a comunidade dos Focolares, da qual fazemos parte há alguns anos, nos apoiava com a oração e nós nos confiamos a Deus para que nos conduzisse nas nossas escolhas. A providência não se deixou esperar. Apresentou-se a ocasião de mudar de setor de trabalho, que nos dava mais garantias de uma continuidade; meu pai colocou à nossa disposição uma quantia para enfrentar as situações mais urgentes; um nosso representante nos deixou em comodato de uso um maquinário por um longo período e os fornecedores nos auxiliavam com pagamentos prorrogados. Assim, aos poucos, nos recuperamos. O fruto mais bonito daquele período foi que os nossos filhos cresceram dando valor às coisas importantes como a escolha de uma vida sóbria e assim poder experimentar o amor de Deus através de muitos pequenos, mas importantes sinais. Tudo isto reforçou a união na nossa família. O ano de 2009 marcou o início da crise econômica em nível internacional e, portanto, também nós sofremos muito as suas consequências. Às vezes o desencorajamento prevaleceu, mas fomos em frente entre milhares de dificuldades sem nenhuma certeza do amanhã, sempre confiando na providência que nos surpreendeu em muitas ocasiões. Por exemplo, aquela vez em que estávamos muito preocupados porque não tínhamos nenhuma encomenda! Pedi às voluntárias do meu grupo, com as quais compartilho a espiritualidade dos Focolares, que rezassem e no final da manhã o fax começou a imprimir 72 páginas de encomendas! Realmente tocamos com as mãos o poder da oração e o quanto é concreto o amor de Deus por nós.
Neste verão, um nosso cliente, que fazia pedidos de serviços salteados, nos confiou um trabalho importante, que durou um par de meses, mas que para o futuro apresentava a possibilidade de grandes encomendas e, portanto, uma tranquilidade econômica que sonhávamos a tempo. Próximo à conclusão deste trabalho, descobrimos que as peças produzidas seriam empregadas na indústria de armas pesadas. Tínhamos diante dos olhos as imagens do desespero dos muitos refugiados que escapam das guerras nos seus países. A opção de não aceitar trabalhar para esta empresa foi difícil porque nos teria garantido o trabalho por muitos meses, mas não tínhamos dúvidas. Aquilo que nos deixou mais felizes é o fato de que o nosso filho, que começou a trabalhar conosco, concordou plenamente e temos a certeza de que a providência de Deus, experimentada muitas vezes nestes anos, não virá a faltar.
Ouvir atentamente, falar conscientemente
Ouvir atentamente, falar conscientemente
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