«Vinte e oito anos de matrimônio, quatro filhos dos quais três ficaram em Lubumbashi (Congo) para frequentar a universidade. A descoberta de Deus Amor e a decisão de colocá-lo em primeiro lugar, na vida pessoal e como casal. São estes os pressupostos espirituais que nos levaram a deixar tudo e seguir Cristo.
Há muito tempo as comunidades do Movimento no Gabão pediam a abertura de um focolare em Libreville. Foi assim que, em 2011, nós chegamos, como “família focolare”.
A nossa escolha levou-nos a manifestar a nossa disponibilidade, deixar o nosso trabalho e partir para uma nova terra. Nunca nos tínhamos separado dos nossos tempos por um tempo assim tão longo. Não foi fácil, mas com o consenso de toda a família, percebemos que podíamos fazê-lo. Os interrogativos eram muitos, mas a confiança em Deus Amor era grande.
Na nossa chegada ao Gabão a primeira preocupação foi a de reforçar o amor recíproco entre nós, como casal. Desse modo o amor cresceu ainda mais, levando-nos a recomeçar sempre a nos querer bem, um ao outro, e a amar todas as pessoas que encontrávamos.
Aqui encontramos uma comunidade muito acolhedora, receptiva e, mesmo com as dificuldades da vida, muito generosa. Fizemos muitas viagens, atravessando todo o país, para encontrar até as comunidades mais distantes. Fomos acolhidos com entusiasmo. Em alguns vilarejos chegaram a nos esperar ao longo das estradas, com ramos de árvores plantados no caminho para manifestar a alegria deles.
A família cristã, aqui, como em toda a África, sofre o contragolpe das mutações socioculturais, e isso nos interpela muito. Estamos acompanhando muitos casais em seu caminho de fé, e até agora vários deles receberam o sacramento do matrimônio; outros estão fazendo uma caminhada para preparar-se a regularizar a sua união.
Experimentamos fortemente a providência de Deus, a começar pela casa que foi doada pelo arcebispo de Libreville para as atividades do Movimento. Para mobiliá-la as pessoas da comunidade trouxeram o que podiam: uma cama, um colchão, um par de lençóis, um forno, um garfo, um prato… Ao mesmo tempo, todas as comunidades do Gabão se organizaram para ajudar concretamente a nossa vida cotidiana. Periodicamente eles nos mandam mandioca, arroz, bananas… e de vez em quando alguém toca a campainha de casa e, com surpresa, vemos chegar o que precisamos.
A unidade, o amor, a fé nas palavras do Evangelho nos permitem superar as inevitáveis dificuldades que encontramos aqui: a falta de trabalho, a doença, a incompreensão.
Depois de três anos voltamos a Lubumbashi. Encontramos os nossos filhos crescidos em idade e sabedoria. Vimos, também nisso, o quanto o Evangelho é verdadeiro. Revê-los foi uma alegria enorme, e com cada um deles sentimos uma profunda unidade de coração e de alma.
Quando devíamos retornar eles renovaram a sua disponibilidade de “mandar-nos” novamente em missão, o que significa fazer com que as pessoas encontrem Deus através do nosso amor recíproco, e responder, com o calor da família e a nossa unidade, ao grande desejo das comunidades do Gabão de ter um verdadeiro focolare».
Jeanne et Augustin Mbwambu
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