Mês de abril passado foi descoberta uma enorme fraude contra o Estado por parte de funcionários do Serviço de Administração Tributária (SAT), com a conivência da alta cúpula política. A colaboração estreita entre o Ministério Público e a Comissão internacional contra a Impunidade na Guatemala (CICIG) permitiu que dezenas de implicados fossem levados à julgamento por corrupção. Entre os mais conhecidos, a Vice-presidente. Os fatos provocaram nos cidadãos uma onde de indignação nunca vista nos últimos 60 anos, e que continuou a crescer. Em coincidência com esses acontecimentos, Raúl e Cecilia Di Lascio, argentinos, encontraram a comunidade dos Focolares, dias 22 e 23 de agosto passado. Ele, arquiteto e empresário da Economia de Comunhão, ela, membro da comissão internacional do Movimento Político pela Unidade. Neste encontro foram aprofundados os grandes temas da economia e da política, à luz do carisma da unidade. Estar reunidos durante esta efervescência social inédita, fez com que os momentos de diálogo entre cidadãos de todas as idades sobre assuntos relacionados à política fossem uma ocasião de abertura a esse mundo, em geral visto muito mal. Evidenciou-se a visão de Chiara Lubich quando fundou o Movimento Político pela Unidade: os grandes valores que a ação política manifesta quando é vivida como serviço e dedicação ao bem comum. Seja assumindo um cargo político, seja no agir cotidiano de cada cidadão. Olhar para a política a partir da ótica da fraternidade, que libera atitudes corajosas e comprometidas nas relações sociais, encheu os participantes de esperança, reforçada pelo intercâmbio de experiências que se vivem em várias partes do mundo. Nos dias sucessivos a sociedade guatemalteca se autoconvocou para novos protestos populares. Pedia-se a renúncia do presidente – solicitada também pela Igreja católica e por várias igrejas cristãs – após terem emergido as ligações com a corrupção. Muitas empresas, escolas e universidades interromperam as atividades para favorecer a participação, e assim também o Centro Mariápolis e a Escola Fiore. A concentração das pessoas no Parque Central de Guatemala foi maciça: durante o dia, mais de 100 mil pessoas. «Sente-se que no coração da Guatemala existe um vazio que não foi preenchido. Devemos unir-nos para que aconteça uma mudança», diz Willy. É louvável que tanta gente consiga manifestar-se de maneira pacífica: «É muito bonito que as empresas tenham fechado para que as pessoas pudessem participar – explica Saturnino -. Como guatemalteco eu vibrava quando se gritava: “Guatemala! Guatemala!”, ou se cantava o hino nacional». «Parecia ver uma nova consciência de responsabilidade – afirma a professora Lina -. Não queremos deixar passar a oportunidade de mudar as coisas, sabendo que dessa vez é possível». Para muitos foi encorajador ver famílias inteiras que não tiveram medo de levar as crianças. «Famílias, ricos junto com pobres – comentou Sandra – população indígena, jovens com adultos e crianças, estudantes dispostos a superar a violência para alcançar o objetivo de todos!». O objetivo que Alex define como «um país melhor». As últimas notícias atestam que o Presidente da República perdeu a imunidade, demitiu-se “pelo bem da sociedade”, e agora está preso. No dia seis de setembro os cidadãos serão chamados às urnas e tudo leva a supor que esta passagem acontecerá de maneira pacífica e democrática. De Filippo Casabianca, Cidade da Guatemala
Saber acolher a quem encontro
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