Movimento dos Focolares

Jovens que redescobrem a política

Ago 1, 2014

No Instituto Universitário Sophia concluiu-se a apresentação das monografias do período de verão. Um sucesso particular foi obtido nas teses discutidas pelos candidatos à especialização em Estudos políticos.

universita-sophia-loppiano-studenti--324x230Este ano a especialização que se destacou nas colações de grau de três e quatro de julho, no Instituto Universitário Sophia (Florença -Itália) foi a dos Estudos Políticos: Ramy Boulos do Egito, com a tese “Monitoring and Evaluation Systems: Rethinking, Recovering and Reconciling of Current Practices” (sobre sistemas de avaliação das políticas para o desenvolvimento); Vanessa Breidy do Líbano, com “Pluralisme et Conflits Culturels Au Liban. Entre Communitarisme Et Consociativisme Perspectives Pour le Futur”, (sobre as perspectivas de reforma institucional no seu país); Melchior Nsavyimana do Burundi, com “Le Soudan du Sud e la Communaute est Africane” (sobre o processo de integração que envolve o Sudão do Sul, no Leste da África); Vilmar Dal Bò Maccari do Brasil, com “O conceito de social segundo o paradigma fraterno a partir do pensamento de Giuseppe Maria Zanghì” (sobre socialidade e fraternidade, com referência especial ao pensamento de G. Zanghì). Dirigimos três perguntas a Vanessa Breidy, libanesa, já formada em Direito, que obteve a especialização com um estudo particularmente atual, centralizado sobre os conflitos culturais e institucionais no Líbano, entre comunitarismo e sociativismo. Escolher o tema da tese é sempre desafiador. Que percurso você seguiu? «Há tempos eu me colocava uma grande questão: o que define a identidade de um povo? Por que a identidade continua a ser um fator de contraste insanável? Que relação existe entre identidade e democracia? O Oriente Médio está ainda no centro de uma fase muito crítica, que determinará a longo prazo a sua fisionomia. Há apenas três anos muitos falavam de uma “primavera árabe”, enquanto agora se é muito mais prudentes em utilizar esse termo. O limiar entre “primavera árabe” e “guerras dos Países árabes” não é claro, ainda mais quando assistimos ao retorno de alguns regimes militares não democráticos. Opressão prolongada das minorias, perseguição de quem tem um pensamento diferente, rigidez e integralismos, vicissitudes que afundam suas raízes na história… o que emerge de um conjunto de fatores confuso e ao mesmo tempo dramático, parece-me ser, sobretudo, uma dolorosa incapacidade de “com-preender” as diversidades culturais, étnicas, políticas, religiosas, dentro dos vários países. A teoria da democracia está às presas com estes interrogativos não resolvidos, creio que devemos reconhecer que existe ainda um longo caminho a ser feito». Qual a mensagem que chega do seu país, o Líbano? «Foi João Paulo II que falou do Líbano como um “país-mensagem”. Contudo, até agora os libaneses não conseguiram garantir uma coexistência harmoniosa às etnias, às expressões religiosas, aos diferentes semblantes do nosso povo. A busca continua, entre desafios e desilusões. A democracia do Líbano tem algumas especificidades interessantes, que não devem ser subvalorizadas, mas uma análise crítica nos deve permitir identificar o que falta, para que sejam evidenciados os valores sobre os quais edificar o nosso modelo de convivência». Por onde é possível começar? Recebi muito da alta visão da política que aprofundei no IUS. Compreendi que é preciso optar sempre pelo diálogo, aceitando os nossos temores e as nossas ambições, mas mirando a verdade. Cada um de nós, na sua identidade profunda, é constituído pelo Outro: pelas identidades dos outros. Na política, o diálogo torna-se uma vera e própria arte a ser aprendida. Nesta perspectiva, coloquei o acento sobre a exigência de Bem, mais do que a de Justiça, uma exigência que parece abrir caminho com força em todo o Oriente Médio: porque não seguir esta trilha, depois que, por tempo demais, o questionamento sobre o que é justo demonstrou-se estéril? Estou convencida que, por este caminho, também os libaneses reencontrarão o significado e a fecundidade da própria “mensagem”, a coexistência de culturas e religiões diferentes, mas principalmente o encontro e o diálogo entre elas, para um novo florescimento, à serviço não apenas do Oriente Médio».

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