Movimento dos Focolares

Maio de 2001

Abr 30, 2001

«Se alguém me ama, observará a minha palavra e meu Pai o amará; nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada» (Jo 14,23).

Jesus está dirigindo aos apóstolos suas solenes e veementes palavras de despedida, garantindo-lhes, entre outras coisas, que haveriam de vê-lo novamente, porque ele se manifestaria àqueles que o amam.
Judas Tadeu (não o Iscariotes) pergunta-lhe então por que ele haveria de se manifestar somente a eles e não em público. O discípulo desejava uma grande manifestação externa de Jesus que pudesse mudar a história e que seria, na sua opinião, mais útil para a salvação do mundo. Com efeito, os apóstolos pensavam que Jesus fosse o profeta tão esperado dos últimos tempos, que, ao aparecer, deveria revelar-se diante de todos como o Rei de Israel e instaurar definitivamente o Reino do Senhor, assumindo a liderança do povo de Deus.
Porém Jesus responde que a sua manifestação não se daria de modo espetacular e externo. Seria uma simples mas extraordinária “vinda” da Trindade ao coração do fiel, vinda que se realiza lá onde existe fé e amor.
Com esta resposta Jesus deixa claro de que modo ele vai estar presente no meio dos seus, depois da sua morte, e explica como será possível manter o contato com ele.

«Se alguém me ama, observará a minha palavra e meu Pai o amará; nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada».

De certo modo, ainda, a sua presença nos cristãos e no meio da comunidade pode acontecer desde já e não só após a morte. Portanto, não é necessário esperar o futuro. O templo que acolhe essa presença não é tanto um templo feito de paredes, mas o próprio coração do cristão, que se torna, assim, o novo tabernáculo, a morada viva da Trindade.

«Se alguém me ama, observará a minha palavra e meu Pai o amará; nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada».

Mas como o cristão pode chegar a isso? Como conter em si o próprio Deus? Qual o caminho para entrar nesta profunda comunhão com ele?
O caminho é o amor para com Jesus.
Um amor que não é mero sentimentalismo, mas que se traduz em vida concreta e, mais precisamente, na observância da sua Palavra.
É a este amor do cristão, comprovado pelos fatos, que Deus responde com seu amor: a Trindade vem morar nele.

«Se alguém me ama, observará a minha palavra e meu Pai o amará; nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada».

“… observará a minha palavra”.
E quais são as palavras que o cristão é chamado a observar?
No Evangelho de João, a expressão “as minhas palavras” muitas vezes é sinônimo de “os meus mandamentos”. O cristão, portanto, é chamado a observar os mandamentos de Jesus. Estes, porém, não devem ser entendidos como uma coletânea de leis. Pelo contrário, é preciso vê-los todos sintetizados naquilo que Jesus ilustrou com o lava-pés: o mandamento do amor recíproco. Deus ordena que o cristão ame o outro até a doação total de si mesmo, como Jesus ensinou e fez.

«Se alguém me ama, observará a minha palavra e meu Pai o amará; nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada».

E como poderemos viver bem esta Palavra? Como chegar ao ponto em que o próprio Pai nos amará e a Trindade virá habitar em nós?
Atuando com todo o nosso coração, com radicalismo e perseverança, justamente o amor recíproco entre nós.
É principalmente nisto que o cristão encontra também o caminho daquela profunda ascese cristã que o Crucificado exige dele. Com efeito, é estando ali, no amor recíproco, que florescem no seu coração todas as virtudes e é ali que ele pode corresponder ao chamado à própria santificação.

Chiara Lubich

 

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