Movimento dos Focolares

Mediterrâneo: a urgência de políticas coerentes

Abr 25, 2015

Um forte apelo do Movimento Politico pela Unidade diante do drama humanitário que se desenrola no Mediterrâneo. Denúncia das contradições no plano adotado pela Europa. Propostas de iniciativas políticas coerentes.

Migrants_boat crossing

Foto: Francesco Pecoraro/AP

O Movimento Político pela Unidade (MPPU), expressão do Movimento dos Focolares no campo político, faz ouvir a sua voz diante do drama das imigrações rumo à Europa, voz que se acrescenta a de muitas associações e pessoas sensíveis, no mundo inteiro.

«O plano lançado pelo vértice europeu sobre a imigração – escrevem – convocado com urgência depois da enésima tragédia acontecida no Canal da Sicília, com o gravíssimo balanço de vidas perdidas, estende a área de intervenção do Programa Tritão e de Poseidon, de modo que os navios, que aumentaram graças ao financiamento triplicado, possam chegar além das 30 milhas das costas dos países da União Europeia.

Continuam a ser ações no âmbito de Frontex, cuja lógica é a defesa dos confins europeus e não uma política migratória abrangente».

O MPPU denuncia que o plano contem em si uma forte contradição: «Os estados da União não demonstraram, absolutamente, a mesma disponibilidade na acolhida dos migrantes, como se estes não devessem chegar mais. Embora seja sabido por todos que destruir as barcaças, se (talvez) diminuirá, em parte, o incentivo dos traficantes de seres humanos, não servirá certamente, nem para salvar as vítima das migrações ilegais, nem para deter o fluxo». Sabe-se que nestes dias, nas rotas por terra da Macedônia, um trem colidiu e matou 14 migrantes que caminhavam ao lado dos trilhos.

«Uma política séria da União Europeia (e não só) em matéria de migração – continua o apelo – deveria ter bem outra perspectiva e distinguir três diferentes âmbitos de ação, pública e política. Em primeiro lugar é preciso dar um forte sinal de ativação de todos os recursos institucionais, de infraestrutura, humanos e financeiros disponíveis nos países de acolhida, a fim de aviar uma vasta mobilização para responder à emergência com instrumentos adequados e de maneira palpável, imediata, eficaz. A acolhida temporária dos migrantes e dos refugiados deve ser equilibradamente repartida no território, levando em consideração as estruturas disponíveis, a composição e consistência da população residente e a presença de redes locais de ações de solidariedade, organizadas e responsáveis».

O apelo continua com exemplos já existentes de acolhida e solidariedade, e afirma que «o Movimento Político pela Unidade assegura o seu total apoio humano e político a todos os administradores, chamados, neste período, a tomar decisões difíceis, muitas vezes impopulares (…). É dever de todo administrador público, em nível local, como nacional e internacional, fazer compreender as razões das medidas emergenciais de hospitalidade adotadas, no pleno respeito dos direitos e das expectativas das comunidades políticas, sem, todavia, subtrair-se aos deveres de humanidade e de resposta a exigências imediatas e elementares de outros seres humanos».

«Em segundo lugar – continua o texto do MPPU – é preciso que a União Europeia esclareça o equívoco fundamental que mina, nas bases, qualquer política séria de gestão dos fluxos migratórios. Não se pode invocar uma função mais incisiva das instituições de Bruxelas sem, ao mesmo tempo, fornir a União Europeia das competências necessárias e relativos recursos humanos e financeiros para desenvolver funções que os Estados membros, incluídos os mediterrâneos, não quiseram compartilhar numa perspectiva de verdadeira integração».

Em terceiro lugar – conclui o apelo -, os fenômenos migratórios que se manifestam no Mediterrâneo tem causas geograficamente e politicamente mais amplas, tocando a larga ingovernabilidade da Líbia, da Somália, de amplas regiões da África subsaariana, sem contar a desestruturação em ato dos contextos regionais do Oriente Médio, e, em especial, da Síria e do Iraque. A vastidão e complexidade das questões políticas, econômicas, sociais e culturais que caracterizam tais áreas, exigiria uma mobilização da comunidade internacional, a começar pelas Nações Unidas, para atuar um vasto plano de intervenções e de medidas de urgência, superando as contraposições e os vetos cruzados».

Apelo do Movimento Político pela Unidade (texto integral em italiano)

www.mppu.org/pt/ 

___

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Subscrever o boletim informativo

Pensamento do dia

Artigos relacionados

No mesmo barco: uma viagem na direção da paz

No mesmo barco: uma viagem na direção da paz

8 meses de navegação, 30 portos e 200 jovens. Tendo zarpado em março de 2025 de Barcelona (Espanha), o navio-escola para a paz “Bel Espoir” continua sua viagem que se concluirá em outubro, ligando as cinco margens do Mediterrâneo. A bordo, oito grupos de vinte e cinco jovens de todas as nacionalidades, culturas e religiões que, animados por um desejo comum de construir um mundo melhor, viverão juntos aprendendo a se conhecerem em meio a debates e experiências pessoais, abordando novas questões nas várias etapas. Entre esses, também, cerca de vinte rapazes e moças, com os jovens embaixadores de Living Peace e os jovens do Movimento dos Focolares. Berhta (Líbano), envolvida no projeto MediterraNEW, que trabalha para a educação de jovens no Mediterrâneo, principalmente migrantes, conta-nos a sua experiência.

Argentina: Empenho em prol do diálogo intercultural com os povos indígenas

Argentina: Empenho em prol do diálogo intercultural com os povos indígenas

Agustín e Patricia e seus dois filhos são uma família argentina. Após um curso na Sophia ALC, filial latino-americana do Instituto Universitário sediada na Mariápolis internacional de Loppiano (Itália), eles foram em busca de suas raízes entre os povos originários e nasceu um forte empenho em prol do diálogo intercultural.