Movimento dos Focolares

Na Sérvia, rumo às periferias

Mai 15, 2014

A história de padre Nagy, pároco numa zona confinante com a Hungria, há 20 anos servindo os mais necessitados.

Sudeste europeu, um mosaico de povos. Na Sérvia, país de maioria ortodoxa, subsistem povoados católicos especialmente próximo à fronteira com a Hungria, onde convivem sérvios e povos de origem magiar, mas também minorias como ciganos e rutenos.

Pade Nagy Jozsef conheceu a espiritualidade da unidade em 1978. Quando assumiu as paróquias de Szenta e Gornji Breg (na fronteira com a Hungria) começou o seu ministério procurando viver o Evangelho e ajudando os outros a vivê-lo.

O seu depoimento: «Depois da queda do comunismo e durante a guerra nos Balcãs, crescendo a desocupação e a crise econômica, todas as fábrica fecharam. Cada vez mais o povo achava-se em condições de pobreza. Um grande número de crianças desmaiava na escola, consequência da subnutrição: não comiam há 2-3 dias! No início os professores levavam alguma coisa de casa, mas como eles mesmos não tinham o que comer a prefeitura dirigiu-se a mim. Foi assim que a Cáritas começou a se desenvolver. Primeiramente uma refeição para 50 crianças, que em pouco tempo tornaram-se o dobro. Depois vieram os adultos também.

Há 20 anos funciona uma cozinha popular que serve uma refeição quente, de segunda a sexta-feira, a 520 pessoas.  Levamos ainda a três escolas para crianças necessitadas, no albergue diurno de idosos e a pessoas sozinhas e doentes. Esta cozinha é mantida unicamente com a “providência”. Deus intervém através da generosidade de muitas pessoas. As dificuldades não faltam. Várias vezes estivemos a ponto de fechar, mas o semblante de Jesus abandonado, que grita nessas pessoas, nos dá sempre uma coragem nova para continuar, acreditando no amor de Deus.

As pessoas envolvidas nesta experiência de vivência evangélica são cada vez mais numerosas. Compartilham suas experiências, alegrias e dificuldades. Conta Varga Joszsef, diácono permanente, casado, quatro filhos: «O nosso grupo ocupa-se de tantas atividades, em ambas as paróquias, levando nelas o espírito da unidade. Isto se experimenta principalmente quando conseguimos tomar decisões por unanimidade. Alguns de nós estão no conselho pastoral, são catequistas ou trabalham no escritório paroquial. Outros cuidam da igreja, do cemitério, de obras de caridade. Um é motorista, outro é o fornecedor responsável pelo restaurante popular. Outros ainda ajudam na distribuição das refeições».

Eva é enfermeira, responsável pela assistência domiciliar a cerca de 100 idosos e doentes: «Procuro organizar o trabalho – ela conta – mantendo um bom relacionamento com os colegas e com os doentes, e a Palavra de Vida ajuda-me muito. As pessoas que devo visitar são muitas e o tempo é sempre pouco. Muitas vezes sou tentada de fazer tudo rapidamente. Mas descubro que para essas pessoas é importante ser consoladas, escutadas. A consciência de que por detrás de mim está a nossa comunidade me sustenta e dá coragem».

Conclui Pe. Nagy: «Estas experiência nos fazem perceber a força que possui a comunidade paroquial, enquanto constantemente buscamos renovar-nos e renová-la, vivendo o amor recíproco. Constatamos que quando Jesus está presente é Ele que emana a Sua luz nas nossas periferias».

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