Movimento dos Focolares

Nigéria: uma gota de fraternidade

Fev 25, 2014

O relato pessoal de alguns membros dos Focolares sobre o seu empenho com muitos muçulmanos e cristãos de boa vontade, para construir no quotidiano uma mentalidade de paz.

Enquanto a crise na Ucrânia, que chegou ao colapso, deixa o mundo sem fôlego; e os refletores dos media apontam para tantos outros pontos do planeta como a Síria ou a Venezuela, temos a possibilidade de dialogar com alguns amigos dos Focolares que vivem as tensões da Nigéria, o país mais populoso da África, com mais de 160 milhões de habitantes.

A Nigéria concentra a convivência islâmico-cristã mais numerosa do mundo. Consideram que esta seja a causa dos graves atos de violência que acontecem no País?

«Infelizmente, nos últimos anos, a Nigéria esteve na ribalta pelos danos causados, tanto aos muçulmanos como para os cristãos, por frequentes atentados terroristas, como demonstram os dolorosos acontecimentos das últimas semanas nos estados de Borno e de Adamawa, no nordeste do país. Olhando de fora, pode parecer que isto seja expressão de um conflito religioso, mas quem está no país pode testemunhar que esta não é toda a verdade. A realidade é que em grande parte da Nigéria a convivência é pacífica e respeitosa».

Mas, há muita violência…?

«Em algumas regiões, particularmente no norte, existem tensões constantes com milhares de vítimas. Os motivos são muitos: a falta de recursos econômicos, as feridas sofridas no passado entre as várias etnias mas, sobretudo, as atividades destrutivas de grupos terroristas».

De que modo vocês procuram reagir a esta situação?

«Os membros do Movimento dos Focolares, juntamente com muitos homens e mulheres de boa vontade, procuramos ser construtores de paz na vida quotidiana: reconhecer em cada pessoa antes de tudo um irmão ou uma irmã, para respeitar, sustentar, ajudar. Empenhamo-nos em ter esta atitude em todos os lugares: na família, no trabalho, pela rua, no mercado ou na escola, começando por pequenos gestos, como uma saudação, ou por interessar-se por aquilo que interessa ao outro, etc…».

E nas situações de perigo, quando é preciso proteger a própria vida ou a de outra pessoa…?

«Procuramos não parar diante das diferenças étnicas ou religiosas, para estar prontos a ajudar a quem precisa. Vemos que estas ações, tanto as pequenas como as menos pequenas, podem ajudar a diminuir e, às vezes, até mesmo parar a onda de violência. Assim, pode-se aos poucos promover uma nova mentalidade, isto é, ajudar a transformar o clima de ódio e de vingança com atitudes de respeito e de fraternidade».

Há pouco tempo vocês abriram um novo centro em Abuja, a capital da Nigéria…

«Sim, faz precisamente um mês. Foi uma decisão tomada junto com a Igreja local para estarmos próximos das comunidades do norte do País, que estão mais expostas às tensões. Deste modo, poderemos sustentar e encorajar aqueles que vivem pela paz e a fraternidade, não obstante tudo o que acontece».

___

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Subscrever o boletim informativo

Pensamento do dia

Artigos relacionados

10 anos depois da Laudato Si’, o “Projeto Amazónia”

10 anos depois da Laudato Si’, o “Projeto Amazónia”

O dia 24 de maio marca os 10 anos da publicação da Encíclica “Laudato Si” do Papa Francisco. Um momento de celebração, de verificação do que foi feito e de a retomar e dar a conhecer a quem ainda desconhece o seu conteúdo. Conscientes de que “não haverá uma nova relação com a natureza sem um ser humano novo. Não ha ecologia sem una adequada antropologia” (LS, 118) apresentamos o “Projeto Amazónia”, contado por dois jovens brasileiros durante o Genfest 2024 realizado em Aparecida, Brasil.

Bruxelas: 75 anos da Declaração Schuman

Bruxelas: 75 anos da Declaração Schuman

Para acompanhar a Europa na realização de sua vocação – após 75 anos da Declaração Schuman – na sede do Parlamento Europeu em Bruxelas, em um painel de especialistas, expoentes de vários Movimentos cristãos e jovens ativistas deram voz à visão da unidade europeia como instrumento de paz. Foi um encontro promovido por Juntos pela Europa e parlamentares europeus.

O Concílio de Niceia: uma página histórica e atual da vida da Igreja

O Concílio de Niceia: uma página histórica e atual da vida da Igreja

No dia 20 de maio de 1700 anos atrás – data indicada pela maioria dos historiadores –, tinha início o primeiro Concílio ecumênico da Igreja. Era o ano de 325, em Niceia, a atual Iznik, na Turquia, hoje uma pequena cidade situada 140 km ao sul de Istambul, cercada pelas ruínas de uma fortaleza que ainda fala daqueles tempos.