Movimento dos Focolares

Ninguém é estrangeiro

Mai 26, 2006

Experiência de um dirigente da FAO em contato com situações de necessidade

  Trabalho para as Nações Unidas em uma agência que tem sua matriz em Roma e escritórios espalhados em mais de 80 países. Somos a maior agência de assistência alimentar do mundo. Ajudamos tanto os países em via de desenvolvimento quanto aqueles que sofrem calamidades de origem natural ou geradas pelo homem, como as guerras. O local onde passo meu dia de trabalho é um ambiente onde há diversidade de etniaso, raças, idiomas e religiões. No meu dia a dia, procuro adotar sempre uma atitude de acolhida para com todos, recordando-me que para Deus ninguém é estrangeiro. Isto me faz estar mais atento às necessidades daqueles que se encontram em nosso país como imigrantes, ou em dificuldades de uma maneira geral. No início do inverno circulava pelo correio eletrônico um pedido de um aquecedor a querosene para uma família com dificuldades econômicas, que vivia em uma pequena casa sem aquecimento próximo de onde eu morava. Não sou indiferente a esse tipo de apelos: tenho a impressão que são dirigidos diretamente a mim, principalmente quando me apercebo que posso fazer alguma coisa concretamente. Leio os pedidos e os memorizo. A surpresa chegou no dia seguinte: abro o computador e encontro, na página de anúncios de compra e venda dos funcionários da organização, um anúncio no qual um colega francês colocava à venda um aquecedor a querosene por 130 Euros. Um objeto muito difícil de se encontrar à venda naquelas páginas! Parece-me uma resposta ao pedido do dia anterior…Entendo imediatamente que aquele anúncio dirigido a todos os funcionários (somos mais de mil) foi, na realidade, endereçado diretamente a mim. Propus aos colegas uma pequena comunhão, explicando a finalidade… e logo todos se sentiram comprometidos nesta atividade. Em meio dia conseguimos arrecadar 85 Euros. E como Deus nunca se cansa de nos surpreender, no dia seguinte, quando chamei o colega e lhe expus a proposta, ele me disse que, neste caso, nos venderia o aquecedor não por 130 e sim por apenas 50 Euros! Tendo no coração o desejo de servir plenamente àquela pessoa necessitada, fui comprar uma lata de combustível para ser usado no aquecedor, e me surpreendi ao saber que custava exatamente 35 Euros Uma experiência diferente, mas significativa, eu a vivi com K., um colega muçulmano da Nigéria, que veio trabalhar em meu escritório há alguns anos atrás. Imediatamente se estabeleceu um bom relacionamento entre nós e nos momentos de folga, freqüentemente voltamos a conversar sobre a nossa experiência espiritual, baseada num mútuo e profundo respeito pela cultura de cada um. O outro se sente “entendido e acolhido na sua diversidade e livre pare exprimir a riqueza cultural que traz consigo”. Dois anos atrás K. foi transferido para o Sudão, país cuja população é 97% muçulmana, e continuamos nosso relacionamento via e-mail. No ano passado, às 6h da manhã do dia de Páscoa, toca o telefone: “Hello my dear friend! Happy Easter to you and your family” – Eram os seus votos de Páscoa para mim e para minha família. Também eu e meus familiares aproveitamos para desejar a ele e aos seus um feliz Ramadam. Recentemente K. foi transferido para Uganda, mas eu lhe escrevo pontualmente parabenizando-o por esta sua nova experiência de trabalho. O mês passado nos falamos por telefone e depois de vários assuntos técnicos de trabalho, perguntei-lhe como se sentia no novo contexto e se havia encontrado nas proximidades uma mesquita para orar. K. me agradece por esta minha pontual atenção e me conta como está vivendo esse momento de ambientação naquele novo país de maioria cristã. Mesmo à distancia temos o desejo comum de viver a “regra de ouro” de “fazer ao outro aquilo que gostaríamos fosse feito a nós” que nos possibilita continuar a ir ao encontro do outro de qualquer que seja sua nacionalidade (T.T. – Itália)

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