Movimento dos Focolares

Nova Zelândia: paz, grácil e forte como o Kowhai

Nov 11, 2014

“Oração pela Paz”, o convite que os jovens dos Focolares lançaram no dia 26 de setembro passado para recordar os países que passam por guerras, violência e doenças. O testemunho de duas jovens iraquianas.

20141111-04

O arcebispo de Wellington, D. John Dew

Estamos na Nova Zelândia, no centro de Wellington, capital de uma terra aparentemente distante, mas que abriu braços e portas a muitos povos.

Movidos pelas notícias das guerras que acontecem no Iraque, Gaza, Ucraína, República Centro Africana, assim como pelo crescente temor diante da incapacidade de deter o ebola, incentivados pelos apelos pela paz, feitos pelo Papa em muitas ocasiões, e também pelas pessoas do Movimento dos Focolares provenientes desses países, os jovens neozelandeses sentiram a urgência de demonstrar publicamente o anseio de paz que os anima.

O arcebispo de Wellington, John Dew, contribuiu na realização do programa que teve cantos, orações e testemunhos. Entre estes o de duas jovens do Iraque que se conheceram na Nova Zelândia, depois que ambas as famílias transferiram-se para cá: Sendirella e Ayssar, a primeira cristã, a segunda muçulmana. Elas falaram sobre o seu país e sobre o motivo de estarem juntas. Conheceram-se na casa de amigos e dali nasceu a amizade que as levou a compartilharem sonhos, estudos, interesses, viagens. Sendirella diz: “somos diferentes”, e logo Aysser acrescenta: “mas somos iguais”. Continuam dizendo como para muitas pessoas a religião constitui uma das maiores diferenças, talvez até um obstáculo, enquanto que para elas nunca foi um problema, ao contrário, as aproximou. “Na religião de uma – diz Sendirella – sempre vimos e reconhecemos elementos da religião da outra”.

20141111-05

Sendirella e Ayssar

Falam depois de seu país, o Iraque, hoje associado à guerra, minorias que devem fugir, torturas, enquanto o país de seus pais é um Iraque onde o seu vizinho pode ser um cristão, um muçulmano, um judeu ou um yazid. “Um Iraque – diz Ayssar – onde a diferença de religião sempre foi vivida como uma realidade, não como um problema”. Atualmente este Iraque parece muito distante. E continua: “Disseram-nos que a paz é impossível”. E Sendirella: “Mas nós sabemos que a paz não é uma palavra escrita numa constituição, não é um tipo particular de sistema de governo, e não consiste em ataques aéreos que pretendem constrangê-la. Nós sabemos que ela consiste na observância diária dos nossos princípios e valores, que é algo que se constrói de baixo e não do alto”.

20141111-01bKatheen, jovem universitária, conta que depois de uma discussão no apartamento que divide com outras três colegas, sentiu o desejo de pedir desculpas, e como esse gesto, antes muito difícil, em seguida abriu as portas para um novo relacionamento com aquelas amigas.

20141111-02O momento de oração foi concluído com o convite a ser todos construtores de paz,  e para firmar esse compromisso cada um amarrou uma fita branca numa pequena árvore que tem o nome em língua maori: Kowhai. É uma das árvores originárias da Nova Zelândia. A sua flor, de tonalidade amarelo intenso, é uma das imagens que representam a Nova Zelândia. Tem muitas características medicinais e muitos tipos de pássaros alimentam-se de seu néctar.

Embora grácil em seus ramos, a árvore de Kowhai é forte e pode crescer até alcançar 20 metros de altura. Um belo símbolo do humilde mas forte grito de paz que os jovens lançaram naquele dia.

___

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Subscrever o boletim informativo

Pensamento do dia

Artigos relacionados

Buscar a paz: um caminho nas mãos de cada um

Buscar a paz: um caminho nas mãos de cada um

Eliminar qualquer desejo de dominar. Em um mundo constantemente dilacerado por conflitos, seguindo o apelo do Papa Leão XIV para construir uma paz “desarmada e desarmante”, partilhamos uma reflexão muito apropriada de Chiara Lubich, extraída de uma Palavra de Vida de 1981.

Em direção a uma pedagogia da paz

Em direção a uma pedagogia da paz

Como nos tornarmos agentes de paz na realidade em que vivemos todos os dias? Anibelka Gómez, da República Dominicana, nos conta, por meio de sua experiência, como é possível formar redes humanas capazes de semear beleza para o bem de comunidades inteiras por meio da educação.

10 anos depois da Laudato Si’, o “Projeto Amazónia”

10 anos depois da Laudato Si’, o “Projeto Amazónia”

O dia 24 de maio marca os 10 anos da publicação da Encíclica “Laudato Si” do Papa Francisco. Um momento de celebração, de verificação do que foi feito e de a retomar e dar a conhecer a quem ainda desconhece o seu conteúdo. Conscientes de que “não haverá uma nova relação com a natureza sem um ser humano novo. Não ha ecologia sem una adequada antropologia” (LS, 118) apresentamos o “Projeto Amazónia”, contado por dois jovens brasileiros durante o Genfest 2024 realizado em Aparecida, Brasil.