Movimento dos Focolares

Novembro de 2006

Nov 1, 2004

«Abandonemos as obras das trevas e vistamos as armas da luz.» (Rm 13,12)

Trevas e luz! É uma oposição eloqüente, conhecida em todas as culturas e em todas as religiões. A luz simboliza a vida, o bem, a perfeição, a felicidade, a imortalidade. As trevas evocam o frio, o negativo, o mal, o medo, a morte.
O apóstolo Paulo lembra aos fiéis de Roma que o cristão não tem mais nada a ver com o passado “tenebroso”, feito de impureza, injustiça, iniqüidade, avareza, malvadez, inveja, rixa, astúcia, perversidade…

«Abandonemos as obras das trevas…»

Quais são as “obras das trevas”? No dizer de Paulo são: glutonerias e bebedeiras, orgias e imoralidades, contendas, rivalidades. Mas também esquecimento de Deus, traição, furto, homicídio, soberba, ira, desprezo dos outros; e ainda: materialismo, consumismo, hedonismo, vaidade. 
É também obra das trevas a facilidade com que freqüentemente acompanhamos qualquer programa de televisão ou navegamos na Internet, com que lemos certas revistas ou vemos certos filmes ou ostentamos certas modas.
No momento do batismo, por intermédio dos nossos padrinhos, prometemos morrer com Cristo para o pecado, quando, por três vezes, afirmamos querer renunciar ao demônio e às suas seduções. Hoje ninguém gosta de falar do demônio. Prefere-se esquecê-lo e dizer que ele não existe. Mas na verdade ele existe e é ele quem alimenta continuamente as guerras, chacinas, violências de todo tipo.
“Abandonemos…” É um gesto violento, que custa, que exige coerência, decisão, coragem, mas que é necessário, se quisermos viver no mundo da luz. De fato, a Palavra de Vida continua:

«Abandonemos as obras das trevas…»

Ou seja: não é suficiente renunciar, “despojar-se” do mal; é preciso “vestir as armas da luz”, ou seja, como explica Paulo mais adiante, “revestir-se do Senhor Jesus Cristo”, deixando que seja Ele a viver em nós. Também o apóstolo Pedro convida a “armar-se” com os mesmos sentimentos de Jesus.
Sem dúvida, são imagens fortes. Porque deixar viver Cristo em nós, como sabemos, não é fácil: significa espelhar em nós os mesmos sentimentos dele, ter o seu modo de pensar, de agir; significa amar como Ele amou; e o amor é exigente, pede luta contínua contra o egoísmo que existe dentro de nós.
Mas não há outro caminho para chegar à luz, como recorda, com clareza, a primeira carta de João: “O que ama o seu irmão permanece na luz e não corre perigo de tropeçar. Mas o que odeia o seu irmão está nas trevas, caminha nas trevas, e não sabe aonde vai, porque as trevas ofuscaram os seus olhos”.

«Abandonemos as obras das trevas…»

Esta Palavra de Vida é um convite à conversão, a passar continuamente do mundo das trevas ao mundo da luz. Então, vamos repetir o nosso “não” a Satanás e a todas as suas seduções, e redeclarar o nosso “sim” a Deus, do mesmo modo como o pronunciamos no dia do nosso batismo.
Não se trata de ter que realizar grandes feitos. Basta que aquilo que já fazemos seja animado e sugerido pelo amor verdadeiro.
Desta forma estaremos colaborando para irradiar ao nosso redor uma cultura da luz, do positivo, das bem-aventuranças. Estaremos construindo o Paraíso já desde esta terra, para possuí-lo eternamente no Céu. Sim, porque o Paraíso é uma realidade. E o que Jesus nos prometeu foi justamente o Paraíso. Ele é como uma casa que se constrói agora para habitá-la depois, e será uma dádiva de Jesus: alegria plena, harmonia, beleza, dança, felicidade sem fim, porque o Paraíso é o amor.
É o que testemunha a experiência vivida por Mary, do Peru. Mãe de três filhas ainda pequenas. Quando conhece a Palavra de Vida, encontra Deus, encontra a luz. Ela se deixa envolver completamente e na sua vida acontece uma reviravolta radical.
Pouco tempo depois lhe é diagnosticada uma doença grave. Quando é hospitalizada descobre que lhe resta pouco mais de um mês de vida. A nova confidência com Jesus, que agora experimenta, lhe dá a força de pedir-lhe, em oração, mais cinco anos de vida para consolidar a sua conversão e para ajudar a transformar a vida também ao seu redor.
Sem que os médicos saibam explicar como, a sua saúde melhora e Mary recebe alta do hospital. Volta para casa, prepara-se com o seu companheiro para o casamento, que é celebrado na Igreja, e pede o batismo para as filhas.
Depois de cinco anos, o mal reaparece de repente e, no breve espaço de duas semanas, a sua vida terrena se conclui.
Antes de morrer, ela consegue resolver até as menores coisas para o futuro das filhas e a comunicar esperança ao seu esposo. “Agora vou encontrar-me com o Pai, que me espera. Tudo foi maravilhoso. Ele me deu os cinco anos mais belos da minha vida, desde que eu o conheci na sua Palavra que dá a Vida!”.

 

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