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–>Antes da sua doença ela viveu algum momento difícil, na adolescência?
Maria Teresa Badano: «Diria que sim. O início da escola média foi um momento de desorientação para Chiara. Primeiramente porque tínhamos nos mudado de Sassello para Savona. Muitas vezes ela dizia: “Mas mamãe, muitos estudantes viajam de ônibus. Por que temos que ir morar em Savona?”. A isso se acrescentou a incompreensão de um professor. Ele se comportava assim quase com toda a classe, mas com Chiara a situação era um pouco mais pesada. Ela procurava estudar, dava tudo de si, não com o objetivo de ser a primeira da turma, mas para poder dizer, diante de Deus: faço toda a minha parte. De fato, esse foi o seu primeiro grande sofrimento».
Como Chiara percebeu que a doença estava chegando e como a viveu?
Maria Teresa Badano: «Com 17 anos, enquanto jogava tênis. Eu vi que ela voltou para casa pálida. “Senti uma dor muito forte no ombro – ela me disse – tão forte que a raquete caiu da minha mão”. Um médico de Sassello, primo de Ruggero, nos sugeriu que a levássemos a Santa Corona. Lá recebeu os raios infravermelhos e nos garantiram que se tratava de uma distensão, que teria sarado em vinte dias, imobilizando. Mas a dor continuou, Chiara começou a fazer infiltrações nas costas, mas sem nenhuma melhora. Não ia mais jogar e mesmo quando podia ir dar um passeio com as amigas preferia ficar deitada no sofá. Durante as férias de Natal ela decidiu ligar pessoalmente para o médico e pedir para fazer outros exames. No dia seguinte já estava no hospital e se dedicava às pessoas que estavam perto dela. De modo especial a uma jovem, no quarto ao lado, que devia desintoxicar-se das drogas. Chiara lavava os cabelos dela e sempre lhe fazia companhia. Vendo que estava se cansando nós lhe pedimos que se resguardasse, mas ela nos calou com um seco: “vou ter tempo para descansar”. Com uma TAC (tomografia axial computadorizada, ndr) soubemos o que ela tinha: um osteosarcoma. Naquele momento tive a impressão de morrer. Nós nos abraçamos, eu e Ruggero, e nos dissemos: “Somente Jesus pode nos ajudar a dar o nosso sim” e pedimos, com força, que Maria tomasse as mãos de Chiara nesse novo caminho.
Em pouco tempo nos transferimos para Rovegliasco, próximo a Turim, porque ela devia começar a quimioterapia. Naquele dia eu não podia acompanhá-la, porque estava com flebite e o médico tinha me proibido qualquer movimento. Depois de duas horas intermináveis Ruggero e Chiara voltaram. Ela vinha na frente, caminhando lentamente, vestida com a sua jaqueta verde. Tinha o rosto sombrio e olhava para o chão. Perguntei como tinha sido e ela, sem me olhar, respondeu: “não diga nada agora”, e se jogou na cama com os olhos fechados. Aquele silêncio era terrível, mas eu tinha que respeitá-lo. Eu olhava para ela e pela expressão de seu rosto via toda a luta que estava travando interiormente para dizer o seu ‘sim’ a Jesus. Passaram 25 minutos. De repente ela se girou na minha direção, com o sorriso de sempre, dizendo: “Agora você pode falar”. Naquele momento eu me perguntei quantas vezes ela iria ter que repetir o seu sim, no sofrimento. Mas Chiara precisou, como eu já disse, 25 minutos, e desde então nunca mais voltou atrás».
«Estava se aproximando o seu aniversário de 18 anos. Ela mesma telefonou ao doutor Madon pedindo que se interrompesse a quimioterapia, porque já não surtia nenhum efeito. A partir daquele momento começou a sua corrida para o seu Esposo, Jesus, e ela nos dava também alguns encargos, como o de preparar a sua “festa de núpcias”. Era uma coisa linda, porque ela estava alegre… uma verdadeira maravilha».
A última saudação de Chiara, antes de ir para o Céu.
Maria Teresa Badano: «As suas últimas palavras – que não foram o seu último ato de amor, porque este foi a doação das suas córneas a dois jovens – quando se despediu, foram: “Tchau mamãe! Esteja feliz, porque eu estou feliz”.
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