Movimento dos Focolares

outubro de 2008

Set 30, 2008

“Dai e vos será dado. Uma medida boa, socada, sacudida e transbordante será colocada na dobra da vossa veste”. (Lc 6,38)

Nunca aconteceu a você receber um presente de um amigo e sentir a necessidade de retribuir não tanto para ficar sem dever nada, mas para expressar um amor verdadeiro, cheio de gratidão? Provavelmente sim.
Se isso acontece com você, imagine então com Deus, com Deus que é Amor.
Ele retribui sempre todo bem que fazemos ao nosso próximo em nome dele. É uma experiência que os verdadeiros cristãos fazem constantemente. E cada vez é uma surpresa. Nunca nos acostumamos com a fantasia de Deus. Eu poderia citar mil, dez mil exemplos; eu poderia escrever um livro a esse respeito. Então você perceberia como é verdadeira esta imagem: “Uma medida boa, socada, sacudida e transbordante será colocada na dobra da vossa veste”, que significa a abundância com que Deus retribui, significa a sua magnanimidade.

“Já anoitecera na cidade de Roma. E num apartamento, um pequeno grupo de moças que queriam viver o Evangelho preparava-se para dormir. Mas a campainha soou. Quem seria àquela hora? Era um senhor em pânico, desesperado: no dia seguinte seria despejado de casa com toda a família, porque não tinha como pagar o aluguel. As jovens se entreolharam e, de comum acordo, abriram a gaveta onde guardavam, em diferentes envelopes, o que tinha sobrado de seus ordenados e uma reserva para pagar as contas de gás, telefone e luz. Deram tudo àquele senhor, sem raciocinar. Naquela noite dormiram felizes. Alguém haveria de pensar nelas. O dia nem tinha clareado, e o telefone tocou. ‘Vou tomar um táxi, logo mais estarei aí’ – era a voz daquele senhor. Surpresas com o fato de ele vir de táxi, as jovens ficaram à sua espera. O rosto dele dizia que alguma coisa tinha acontecido: ‘Ontem à noite, logo que cheguei em casa, me entregaram uma pequena herança que nunca imaginaria receber. Meu coração diz que devo dividi-la ao meio com vocês’. A importância correspondia exatamente ao dobro do que generosamente haviam dado”.

“Dai e vos será dado. Uma medida boa, socada, sacudida e transbordante será colocada na dobra da vossa veste”.

Também você já fez essa experiência? Se ainda não, lembre-se de que é preciso dar desinteressadamente, sem esperar nada em troca, a quem quer que lhe peça.
Experimente. Mas não para ver o resultado, e sim para amar a Deus.
Você me dirá: “Mas eu não tenho nada”.
Não é verdade. Se quisermos, temos tesouros inesgotáveis: nosso tempo livre, nosso coração, nosso sorriso, nosso conselho, nossa cultura, nossa paz, nossa palavra capaz de convencer aquele que tem para dar a quem não tem…
Você me dirá ainda: “Mas não sei a quem dar”.
Olhe ao seu redor: lembra-se daquele doente no hospital, da senhora viúva sempre só, daquele amigo desanimado e sem rumo, daquele jovem desempregado sempre triste, do irmãozinho que precisa de ajuda, daquele amigo na prisão, daquele aprendiz hesitante? É neles que Cristo espera você.

Assuma o comportamento novo do cristão – que permeia todo o Evangelho – que é o não-fechamento e a não-preocupação. Renuncie a depositar a sua segurança nos bens terrenos e apóie-se em Deus. É nisso que se demonstrará sua fé nele, que logo será confirmada pela dádiva que receberá em troca.
É lógico que Deus não se comporta assim para enriquecer você ou nos enriquecer. Ele age assim para que outros – muitos outros – vendo os pequenos milagres que o nosso doar desencadeia, façam o mesmo.
Ele age assim para que, quanto mais tivermos, mais possamos dar; para que – como verdadeiros administradores dos bens de Deus – façamos circular tudo na comunidade ao nosso redor, a fim de que se possa dizer dela o que se dizia da primeira comunidade de Jerusalém: “Não havia necessitados entre eles” (Cf. At 4,34).
Não sente que, agindo dessa forma, você ajuda a dar um espírito seguro à revolução social que o mundo espera?

“Dai e vos será dado”.

Certamente Jesus pensava, acima de tudo, na recompensa que teremos no Paraíso. Mas o que acontece na Terra já é prelúdio e garantia disso.

Chiara Lubich

Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em junho de 1978.

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