“A alegria que vejo nos seus olhos eu também quero ter”, disse um rapaz a Daniela, da Comunidade Novos Horizontes, na noite em que, vencendo o medo, foi até a Estação Final dos trens de Roma. Aquele jovem havia tentado o suicídio três vezes e tornou-se para Daniela o início de uma nova vida.
São histórias como esta que trazem no coração os 300 membros, representantes de 100 movimentos e novas comunidades, de 40 países, reunidos em Roma de 20 a 22 de novembro para o terceiro Congresso Mundial, com o tema: “A alegria do Evangelho: uma alegria missionária”.
Desejado pelo Conselho Pontifício para os Leigos (PCPL, na sigla em italiano), para responder ao chamado à conversão que o Papa Francisco dirigiu a todos os cristãos, o evento queria estar em continuidade com os encontros promovidos por João Paulo II, em 1998, e Bento XVI, em 2006.
Com o passar dos anos aconteceu um florescimento improviso e inesperado de muitas novas realidades eclesiais, e o cardeal Rylko, presidente do PCPL, no seu discurso de abertura, recordou como a Igreja os considere “uma resposta tempestiva do Espírito Santo ao difícil desafio da evangelização do mundo contemporâneo”. O Papa Francisco insiste em dizer que os novos carismas são “presentes do Espírito integrados no corpo eclesial, atraídos ao centro que é Cristo, de onde canalizam-se num impulso evangelizador”.
Experiências apaixonantes intercalaram-se aos aprofundamentos ricos e variados, de intensa doutrina, que desejavam aprofundar trechos essenciais da exortação apostólica Evangelii Gaudium, carta magna de todo o encontro.
Os temas tratados passaram da renovação pessoal para uma renovação eclesial à comunhão entre movimentos (colaborar para não correr em vão), da revolução da ternura ao gênio feminino na evangelização.
Atenção máxima para perceber os “sinais dos tempos” que exigem respostas novas para questionamentos novos. Três dias que anularam diferenças e fechamentos, num clima de crescente fraternidade entre os representantes de movimentos com mais de 50 anos de história e de novas comunidades que somente há pouco tempo assumiram uma dimensão internacional. Grande presença de bispos e sacerdotes, junto aos leigos num clima de escuta recíproca. Todos tinham sede de conhecer as recíprocas experiências para “aprender a discernir a voz do Espírito hoje, que impele a zarpar ao largo e anunciar a todos o amor de Deus para com cada homem”, como disse um dos participantes.
Pelo Movimento dos Focolares, com a presidente Maria Voce, o copresidente Jesùs Morán e Giancarlo Faletti, havia uma delegação composta por Anna Pelli, Severin Schmidt, Gisela Lauber e Marta Chierico.
“Um encontro caracterizado por uma profunda comunhão, no qual todos se sentiam irmãos”, assim o define Maria Voce em uma entrevista concedida a focolare.org “que vem ainda mais em evidência se considerarmos o início, em 1998”. “Quando fomos encontrar o Papa – continua – percebia-se a sua alegria por ter experimentado esta comunhão e, no fundo, era este o dom que desejávamos dar-lhe”. Que novos passos se abrem agora para os Movimentos? Para Maria Voce duas possíveis pistas a serem exploradas são: a abertura “aos Movimentos que pertencem a outras Igrejas, não católicas, porque neste âmbito existem experiências muito significativas de pessoas que, como nós, vivem o Evangelho”; e a “comunhão ainda mais profunda entre leigos e clero”, “sem separar a parte eclesiástica da parte leiga nos vários Movimentos e nem mesmo no seu conjunto”. Este sair juntos evidenciaria “uma unidade mais vital entre pastor e rebanho”.
A pausa para o café, a hora do almoço e do jantar, qualquer momento era uma boa ocasião. Missões de rua, comunidades para dependentes químicos, evangelização nos locais mais impensados do planeta, adoração e trabalho, cuidados com os idosos e portadores de deficiência, envolvimento dos jovens: Filadélfia, Kansas, Filipinas, Equador, Coreia, México, Roma, Palermo. O intenso diálogo culminou no encontro com o Papa Francisco. “Vocês já deram muitos frutos para Igreja e o mundo inteiro, mas podem produzir ainda maiores, com a ajuda do Espírito Santo”, afirmou o Papa em seu discurso. “Para alcançar a maturidade eclesial mantenham o frescor do carisma, respeitem a liberdade das pessoas e busquem sempre a comunhão”, sintetizou ao confiar a todos um novo programa, e concluiu: “Sempre avante, sempre em movimento… Nunca parem! Sempre em movimento!”.
«Para mim, que estava participando pela primeira vez a um encontro deste tipo, a experiência foi extraordinária – afirma Jesús Moran -. Vivi uma comunhão especial com muitos movimentos e comunidades neste kairos ou tempo de Deus extraordinário que a Igreja vive com o dom de Papa Francisco. A esse respeito, senti com novo vigor o seu chamado à conversão missionária, que interpela todos os carismas, levando-os a alcançarem uma maturidade segundo os tempos atuais (deixando de lado qualquer tentação egocêntrica) e uma radicalidade ancorada na vivacidade do carisma».
«Um crescimento em relação ao aspecto eclesial e ao compromisso social» é a exigência intuída por Jesús Moran. «Neste sentido – conclui – devemos ter em vista um pensamento “trinitário” que atribua maior profundidade à nossa comunhão. Não basta uma simples e amigável colaboração, mas viver um pelo outro, enriquecendo-nos e potenciando-nos mutuamente para sair e assumir juntos os sofrimentos da humanidade».
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