
No II encontro mundial dos movimentos populares
«Descobri que o Papa privilegia os excluídos. De certa forma essa é também a minha opção, mas entendi, com a sua proposta, que às vezes continuo a excluir, ou me encontro no grupo daqueles que ficam calados diante de exclusões ou injustiças», afirmou Ana Maria Ceballos, assistente social na Bolívia. Uma impressão que revela uma verdadeira conversão para com os excluídos, um dos temas fortes desta etapa da viagem do Papa Francisco à América Latina. T
ambém Nestor Ariñes, de Cochabamba, que mora na “Casa de los Niños”, um projeto social animado pela espiritualidade da unidade: «Em
Palmasola o Papa disse: “reclusão não é o mesmo que exclusão”. Naquele, que é o maior centro penitenciário da Bolívia, foi tocante a sua atitude de escutar, antes de tudo, e depois a afirmação de que ele também é um homem que comete erros e que deve fazer “penitência”. Uma mensagem de esperança para todos os presos». «A visita do Papa à Bolívia deixa-nos muito a refletir – continua – mas creio que é muito clara a sua opção preferencial pelos pobres, esse lema, dado pela igreja latino-americana em Puebla, em 1979, lembra-nos que o Evangelho traz a boa nova a todos, mas especialmente aos excluídos e descartados da sociedade. Senti que o Papa falava diretamente a nós».
«As suas palavras são um chamado à conversão – disse Pat, uma focolarina boliviana, após o
encontro com sacerdotes, religiosos e consagrados – mas é também muito mais do que isso: a sua presença em meio a tantas “flores raras de todas as idades”, que um dia disseram o próprio sim a Deus, levou-me a um compromisso maior com a santidade, que significa viver com coerência a escolha feita».
«Da Bolívia o Papa falou ao mundo inteiro», escreveu Lucas Cerviño, que está há 11 anos na Bolívia, docente de missiologia e teologia intercultural. «Na Missa em Santa Cruz havia muitos latino-americanos de países vizinhos, que escutaram o seu apelo a não cair no desespero diante das situações difíceis que o mundo nos apresenta e que nos leva à exclusão». No
encontro com os movimentos populares – com representantes de diversos continentes, que o acolheram com entusiasmo e atenção – Papa Francisco indicou claramente o caminho para a renovação social, seja local que global. «Terra, teto e trabalho – continua Cerviño – são direitos sagrados que nos permitem dialogar com todos para contribuir ao bem da casa comum. O Papa salientou claramente aos membros dos movimentos sociais e populares, que fundamental é o processo, dar início a processos, para uma economia a serviço dos povos, para unir os povos no caminho da paz e da justiça, pela defesa da mãe terra». «Enfim – conclui Cerviño –
deixou ao povo boliviano um mandato claro: “A Bolívia está atravessando um momento histórico: a política, o mundo da cultura, as religiões são parte deste lindo desafio à unidade. Esta terra onde a exploração, a avidez, os múltiplos egoísmos e as perspectivas sectárias tem obscurecido sua história, pode estar hoje num tempo de integração. É preciso trilhar esse caminho. Hoje a Bolívia pode criar, é capaz, com a sua riqueza, de criar novas sínteses culturais, Como são belos os países que superam a desconfiança doentia e integram os diferentes, e que fazem dessa integração um novo fator de desenvolvimento! Que beleza quando são espaços que se congregam, interagem, favorecem o desenvolvimento do outro! A Bolívia, na integração e na busca pela unidade, é chamada a ser “esta multiforme harmonia que atrai” e que atrai na estrada rumo à consolidação da pátria grande».
0 Comments