«É a primeira vez que um Papa aparece numa Mariápolis. Veio-me à mente aquilo que várias vezes ouvi a Chiara, ao descrever o efeito que nela tinha a visita e as palavras de um Bispo nas Mariápolis. Reconhecia nelas «um peso, uma unção» que as tornava diferentes de todas as outras, mesmo se fossem de um teólogo ou de um santo, e tinha a perceção de que, com a sua presença, a “cidade de Maria” atingia a sua realização plena: tornava-se “cidade da Igreja”. Assim aconteceu, em toda a plenitude, com a visita, não programada, de Papa Francisco, à Aldeia pela Terra, na Villa Borghese, onde, em colaboração com o evento de Earth Day Italia, se desenrolava a Mariápolis de Roma, a qual porém não se confina à capital. Assim, cada Mariápolis que se realiza e se realizará pelo mundo – e são centenas – se sentirá olhada e amada da mesma maneira. O seu falar de improviso, pondo de lado, logo de início, as folhas, era como para dizer: vós prendestes-me o coração e eu tenho que responder ao que que vós me destes. E as suas palavras, claras e luminosas, não foram só de reconhecimento pelo empenho e pela acção de muitos que falaram com ele, mas tiveram também o sabor de um programa para o futuro: nelas regressava, como ideia forte, o prodígio e a possibilidade de transformar o deserto em floresta. Impressionou-me quando ele, com veemência, disse que o que interessa é levar a vida. Não fazer programas, para se ficar prisioneiros deles, mas ir ao encontro da vida como ela é, com a sua desordem e os seus conflitos, sem medo, enfrentando os riscos e colhendo as oportunidades. Para conhecer a realidade com o coração, é preciso aproximar-se. Assim acontecem os milagres: os mais variados desertos transformam-se em florestas. O Papa Francisco possui a força da palavra. As suas imagens não se apagam, nem da mente nem do coração. Juntos na diversidade: pessoas, grupos, associações. O Pontífice repetiu-o muitas vezes, porque lhe está a peito e lhe dá alegria. Este espectáculo humano na Villa Borghese nasceu de uma pergunta: porque não realizar a Mariápolis no coração de Roma? Porque não experimentar fazer um enxerto de fraternidade, pequeno talvez, mas concreto, pelas estradas da cidade? Roma – sabemo-lo bem – chora por causa de tantas feridas e sofre pelas muitas fragilidades, mas também vive uma riqueza incrível: o muito bem que existe. Quando o Papa anunciou o ano da Misericórdia, pensámos em muitíssimas associações que trabalham na cidade, com ou sem referências religiosas, mas que “praticam a misericórdia”. Quase por acaso, o encontro com Earth Day, que se empenha na defesa da natureza e trabalha pela ecologia integral, tão cara a Francisco. Um percurso e um trabalho apaixonantes, fora dos habituais esquemas, por estradas impensadas. Um encontro não isento de dificuldades, porque não nos conhecíamos e somos muito diferentes. Mas a diversidade é riqueza! Assim foi este encontro com uma centena de outras associações: surgiram novas sinergias e construíram-se pontes, também com algumas muito pequenas: «Mas a minha associação mantém-se apenas com a minha pensão, e não temos logotipo, nem coisas do género» – disse-nos um novo amigo. E a Mariápolis quis dar testemunho do bem que também ele faz. Puderam assim emergir as múltiplas ‘cidades’ subterrâneas virtuosas que Roma alberga. Um bem que se multiplicará e uma rede que parece dar razão à intuição que Chiara Lubich teve em 1949, quando, ao conhecer Roma e amando-a, escreveu: “Muitos olhos se iluminarão com a sua Luz: sinal tangível de que Ele reina nela (…), ressuscitando os cristãos e fazendo daquela época, fria porque ateia, a época do Fogo, a época de Deus (…). Não se trata apenas de um fenómeno religioso (…). E este afastar Deus da vida integral do homem é uma forma de heresia prática dos tempos atuais: trata-se de escravizar o homem a algo que é inferior a ele, relegando Deus, que é Pai, para longe dos seus filhos”». Maria Voce, Presidente do Movimento dos Focolares Fonte: Osservatore Romano, 25 de abril 2016 (em italiano) Releases/Imprensa – Serviço de Informação dos Focolares (SIF) Centro televisivo vaticano (em italiano) As palavras do papa Francisco
Ver novas as pessoas com as quais vivemos
Ver novas as pessoas com as quais vivemos
0 Comments