Em 2003, uma das propostas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para a “ação evangelizadora da Igreja no Brasil”, foi a de suprir a falta de representatividade da Igreja na região amazônica, equivalente a mais de 50% do território nacional e que compreende nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, e Tocantins.
Os bispos do Brasil manifestaram uma crescente preocupação pela situação da Igreja naquela região, que, por diversos fatores – entre os quais a dificuldade de assistência espiritual devida à falta de sacerdotes e a vastidão do território – apresenta uma progressiva diminuição do número de fieis, enquanto cresce substancialmente a adesão às seitas.
Em 2004, o então responsável pela Comissão da Amazônia na CNBB, Dom Jayme Henrique Chemello, exprimiu o desejo que o Movimento dos Focolares, em sintonia com a Igreja no Brasil, contribuísse para a evangelização dessa região, na linha do carisma da unidade e da espiritualidade de comunhão.
Nasceu a ideia do Projeto Amazônia: promover viagens de pessoas dos vários setores do Movimento (focolarinos, focolarinas, famílias, jovens), provenientes das diversas regiões do Brasil, que dedicam cerca de dez dias de suas férias para ir a locais previamente escolhidos pelos focolares, de acordo com as dioceses, e realizam, juntamente com as comunidades locais do Movimento, uma intensa ação de evangelização, com visitas às casas, cursos de formação para as famílias, jovens, adolescentes e crianças, visitas às escolas, entrevistas em emissoras de rádio ou TV locais, e outras atividades, segundo as necessidade de cada lugar.
O projeto suscitou o interesse de muitas pessoas que se colocaram à disposição para viajar até 60 horas de ônibus ou cinco de avião, e mais 24 horas de barco, assumindo a próprias despesas e enfrentando todos os naturais contratempos em deslocamentos como estes, do sul ao norte do país. No início participavam cerca de 30 membros do Movimento a cada ano, atualmente são cerca de 150, com uma ativa e sempre crescente participação de jovens, felizes e realizados com esta experiência de doação ao próximo. As pessoas envolvidas pelo projeto, com um contato pessoal, de 2005 a 2011, chegam ao número de 26 mil.
É impossível elencar os frutos desta ação, mas vimos jovens entusiastas em seguir Jesus, famílias renovadas, católicos que se reaproximaram da Igreja. Também para religiosas, sacerdotes e outros, imersos em constantes desafios, encontrar pessoas que desejam viver com ardor a própria vocação de batizados foi uma verdadeira consolação.
O Projeto Amazônia em 2011
De 16 a 24 de julho de 2011 realizamos a 6ª edição do Projeto Amazônia, desta vez em três cidades: Abaetetuba e Bragança (no estado do Pará) e Barreirinha (no estado do Amazonas), alcançando ao todo 4739 pessoas, das quais 2330 jovens, adolescentes e crianças. Participaram 142 membros do Movimento dos Focolares, de vários estados do Brasil.
Mais uma vez constatamos que esse projeto é um potente meio de evangelização e difusão da espiritualidade de comunhão. Prioritários foram os relacionamentos pessoais, que produzem muitos frutos de conversão.
Os cursos para casais demonstraram ser muito eficazes para melhorar o diálogo dentro das famílias. Na situação de sofrimento e poucas expectativas para o futuro em que vivem – uma realidade nas pequenas cidades espalhadas no meio da imensa floresta – muitos reencontraram a esperança.
Vemos nessa experiência uma resposta aos incontáveis desafios da evangelização. Parece-nos um caminho adequado de inculturação na realidade do nosso povo, para partilhar de suas dificuldades e, ao mesmo tempo, reacender em muitos o desejo de serem portadores do Evangelho.
Para dar apenas um exemplo, a aventura na cidade de Barreirinha, que é uma pequena cidade no interior do Amazonas, com cerca de 10 mil habitantes, uma população prevalentemente indígena. Pode-se dizer que alcançamos toda a cidade, seja por meio das visitas e encontros, seja através dos meios de comunicação.
Um jovem escreveu: “O povo de Barreirinha é muito alegre e acolhedor. Sendo tão poucos não podíamos imaginar como teríamos podido chegar ao coração de todos. E qual a nossa surpresa: toda a cidade estava conquistada por Jesus, como numa rede. Pouco a pouco víamos que eles se transformavam”.
Foi muito importante apresentar o Dado do Amor, o jogo que Chiara Lubich criou para ajudar as crianças e adolescentes a viverem o Evangelho. Cerca de 1500 crianças ganharam o dado, e foi realizado um curso de formação para 54 professores e diretores de cinco escolas, para explicar-lhes o uso deste instrumento pedagógico.
Visitamos 150 famílias de dois bairros muito carentes e 60 casais participaram do encontro de formação. Cerca de 350 pessoas participaram da S. Missa na qual foi apresentado o “Dado do amor”, com experiências vividas pelas crianças.
Comovente também foi a visita à penitenciária da cidade, onde se estabeleceu com os presos um diálogo cheio de confiança, tanto que também a eles pudemos apresentar a “arte de amar”.
A sétima edição do Projeto Amazônia já está marcada para os dias 14 a 22 de julho de 2012.
Alguns depoimentos daqueles que vieram de longe:
“Disse o meu sim a Deus e à Igreja. O Projeto deu-nos a ocasião de construir relacionamentos profundos na Igreja local”.
“Eu vim para dar e no final recebi muito”.
“Para vir aqui deixei tudo. Em cada instante esforcei-me para ser um vazio de amor, pronta a dar a vida pelos próximos que encontrava”.
“Por várias vezes experimentei a presença do Espírito Santo que ajudava-me a encontrar as palavras certas nas várias situações. Sinto uma felicidade imensa… quero colocar-me à disposição para, de alguma forma, continuar a acompanhar estes jovens”.
“Creio que daqui para frente a minha vida de casado, de pai, será totalmente diferente. Obrigado por terem vindo até nós”.
“Experimentei uma forte presença de Deus”.
“O encontro com Jesus mudou a nossa vida. Não somos mais os mesmos, foi transformada a nossa vida pessoal e de família”.
“Um encontro com Deus. Jamais havia feito uma experiência assim; quero viver a “arte de amar” com vocês…”.
Um sacerdote: “Vendo vocês não me sinto mais só”.
“As tantas coisas boas e novas que aprendi nestes dias tocaram-me profundamente… daqui para frente este Ideal será o meu estilo de vida”.
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