Movimento dos Focolares

Setembro de 2010

Ago 31, 2010

“Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes” (Mt 18, 22)

Audio Palavra de Vida

Com essas palavras, Jesus e responde a Pedro que, depois de ter ouvido coisas maravilhosas pronunciadas pela boca do Mestre, lhe fez esta pergunta: «Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão, se pecar contra mim? Até sete vezes?». E Jesus responde: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes».
Pedro, sob a influência da pregação do Mestre, provavelmente tinha pensado – bom e generoso como era – em se lançar na sua nova linha, fazendo algo  excepcional: chegar a perdoar até sete vezes. Mas respondendo «até setenta vezes sete vezes», Jesus afirma que, para Ele, o perdão deve ser ilimitado: é preciso perdoar sempre.

“Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes”.

Essa frase relembra o cântico bíblico de Lamec, um descendente de Adão: «Sete vezes Caim será vingado, mas Lamec, setenta e sete vezes» . Começa assim a difusão do ódio no relacionamento entre os homens do mundo inteiro, avolumando-se como um rio na cheia.
Jesus contrapõe a essa difusão do mal o perdão sem limites, incondicional, capaz de romper a espiral da violência.
O perdão é a única solução capaz de conter a desordem e abrir, para a humanidade, um futuro que não seja a autodestruição.

“Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes”.

Perdoar. Perdoar sempre. O perdão não é esquecimento, que muitas vezes significa não querer encarar a realidade. O perdão não é fraqueza, que significa não considerar uma injustiça por medo do mais forte que a cometeu. O perdão não consiste em achar sem importância aquilo que é grave ou como um bem aquilo que é mal.
O perdão não é indiferença. O perdão é um ato de vontade e de lucidez, portanto de liberdade, que consiste em acolher o irmão e a irmã do jeito que eles são, apesar do mal que nos possam ter causado, da mesma forma como Deus acolhe a nós pecadores, apesar dos nossos defeitos. O perdão consiste em não responder à ofensa com outra ofensa, mas em fazer aquilo que diz Paulo: «Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem» .
O perdão consiste em você dar a quem o prejudica a possibilidade de estabelecer um novo relacionamento com você; é, portanto, uma nova chance para ele e para você de recomeçar a vida, de ter um futuro no qual o mal não tenha a última palavra.

“Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes”.

Como faremos, então, para viver esta Palavra?
Ela é uma resposta de Jesus a Pedro, que lhe perguntou: «Quantas vezes terei que perdoar o meu irmão?»
Ao dar esta resposta, Jesus pensava, principalmente, no relacionamento entre cristãos, entre membros da mesma comunidade.
Por isso, é antes de tudo com os outros irmãos e irmãs na fé que você deve agir assim: na família, no trabalho, na escola ou na comunidade à qual pertencemos.
Sabemos como muitas vezes queremos retribuir a ofensa sofrida com um ato ou uma palavra à altura.
Sabemos também que, pelas diferenças de temperamento, por nervosismo ou por outras causas, a falta de amor é frequente entre pessoas que vivem juntas. Pois bem, é preciso lembrar-se de que só uma atitude sempre renovada de perdão pode manter a paz e a unidade entre os irmãos.
Teremos sempre a tendência de pensar nos defeitos das irmãs e dos irmãos, de lembrar o seu passado, de pretender que sejam diferentes… É preciso adquirir o hábito de vê-los com olhos novos, ou melhor, de vê-los novos, aceitando-os sempre, logo e totalmente, mesmo quando não se arrependem.
Você pode pensar: «Mas é difícil» Não há dúvida. Mas justamente aqui está a beleza do cristianismo. Não é por acaso que somos seguidores de Cristo que, morrendo na cruz, pediu perdão ao Pai por aqueles que o matavam, e ressuscitou.
Coragem. Comecemos uma vida desse tipo, que nos garante uma paz jamais experimentada e uma alegria a ser descoberta».

Chiara Lubich

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