Aleppo, 8 de março de 2016 – Despertei às quatro da manhã com o barulho dos bombardeios, e não consegui mais dormir. Tentava não acreditar nos meus ouvidos. Não, não é verdade, Senhor! As bombas novamente! Agora que se esperava que a situação começasse a melhorar, agora que a eletricidade havia voltado, depois de cinco meses, e a água depois de 45 dias! Por que? Esta trégua devia durar e se tornar definitiva! Era uma súplica que subia do mais profundo ao Senhor da História, pedindo ajuda para que se consolide o cessar-fogo proclamado somente uma semana atrás em toda a Síria. Mas o rumor dos confrontos na linha de frente, que divide a cidade de Aleppo em duas, aumentava com explosões fortes que se escutam muito bem à noite. Na espera do amanhecer e do retorno da calma, enquanto procurava rezar, eu refletia: é verdade que todos queremos a paz; mas acreditamos realmente ou talvez pensamos que ela pode ser comprada barato? Tem gente que acredita que a guerra é o caminho a ser percorrido! Estão dispostos a sacrificar não só as suas vidas, mas também a vida dos outros porque acreditam, e existem os potentes que tiram proveito de tudo o que acontece e, sendo assim, não querem que a guerra se detenha, ao contrário, colocam gasolina no fogo. E nós, o povo que acredita em grandes ideais, numa vida civil e pacífica, de respeito entre as culturas e de solidariedade, acreditamos de verdade? E qual preço estamos dispostos a pagar? Realmente, a guerra na Síria não é algo pequeno. Quem tem a força de destruir um país que seis anos atrás crescia, cheio de vida e de esperança, onde conviviam muçulmanos e cristãos de diversas
confissões e muitas etnias, no respeito e na paz entre eles? Certamente não são simples indivíduos. Recordei uma resposta que Chiara Lubich deu em 2002, a um dos nossos amigos muçulmanos que lhe perguntou sobre a esperança de que o amor e a paz vençam a guerra. Ela respondeu – recordando os atentados de 11 de setembro de 2001 – que «o terrorismo é fruto de forças do Mal com M maiúsculo, contra o qual não são suficientes as forças humanas […]. São necessárias as forças do Bem com B maiúsculo […], aquelas de quem ama Deus. E então, o que se deve fazer? A oração! Nós devemos selar um pacto, todos nós da fraternidade universal, pedir, unidos, que verdadeiramente o terrorismo seja vencido. Nós podemos fazê-lo, Jesus diz que onde dois ou três estiverem unidos no Seu nome, no seu amor, obterão qualquer coisa que peçam. E nós somos muito mais do que dois ou três […], sair daqui com esta ideia: todos nós juntos, unidos em oração. Mas não basta. A principal causa do terrorismo é esta intolerância diante de um mundo metade pobre e metade rico. Eles desejariam – e não estão errados – que existisse mais comunhão de bens […], um pouco mais de solidariedade. Devemos mudar os corações. Somente se fizermos uma ação de fraternidade universal conseguiremos convencer-nos, e convencer, que é preciso juntar também os bens; começaremos inicialmente enquanto povo, mas depois as ideias crescem, chegam até aos chefes de estado. Ter esta segurança: com Deus são possíveis as coisas impossíveis, com Deus – começando da fraternidade entre nós – chegaremos a este objetivo grandioso: fazer de toda a humanidade uma única família […]. Este é o nosso objetivo».
Não nos iludamos: a paz depende de nós. Não podemos esperar que outros façam alguma coisa. Nós também somos responsáveis! Se acreditamos verdadeiramente que Deus pode vencer o Mal e que Ele nos escuta, devemos pedir incessantemente ao Pai, com fé, que nos ajude; de outra forma pecamos por omissão. Todos lembramos como, dois anos atrás, os bombardeios na Síria pararam graças à influência do jejum e da oração feitos pelo Papa e por tantas outras personalidades. Deus os escutou! E pode fazê-lo novamente. Façamos isso então, e sempre, para que chegue o reino da paz, não somente na Síria, mas sobre toda a Terra. Cfr.: Chiara Lubich, Castelgandolfo, 3 de novembro de 2002, respostas aos amigos muçulmanos dos Focolares.
Promover a paz por meio do esporte
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