Movimento dos Focolares

Sob a cruz, Maria

Mar 26, 2016

Giordani, que escolheu Maria como modelo “perfeito” de vida, ajuda-nos a penetrar em sua grandeza, enquanto a liturgia da Semana Santa a mostra aos pés da Cruz.

Ave Cerquetti Crocifissione Lienz 1975

Ave Cerquetti “Crocifissione” Lienz (Austria) 1975

«O trágico mistério da morte na cruz, quando até o céu e a terra, aterrorizados, se obscureceram e tremeram, derramou-se sobre as pobres mulheres aos pés do patíbulo. O Pai havia abandonado o Filho, o Filho havia abandonado a Mãe: tudo desmoronava no horror e nas trevas. Nada estava de pé a não ser aquela mulher, e a ela havia sido confiada a humanidade abandonada. O nosso destino estava nas mãos dela, como no distante e tranquilo dia em que pronunciou o seu primeiro fiat. Quando o Pai dirigiu o olhar sobre aquela colina terrível, que se tinha tornado o centro sanguinolento do universo, viu a humanidade agarrada àquela mulher, sob o sacrifício cruento do homem-Deus. – Mártir, e mais que mártir – diz São Bernardo. Sob a cruz, Maria. Verdadeiramente pode-se dizer, num certo sentido, que Jesus precisou dela não só para nascer, mas também para morrer. Houve um momento no qual, sobre a cruz, abandonado pelos homens na terra, sentiu-se abandonado até pelo Pai no céu: então dirigiu-se à mãe, aos pés da cruz; à mãe que não o havia deserdado, e vencia a natureza para não cair naquela provação sob a qual qualquer mulher teria desabado. Como intuiu Goethe, no Faust, o sofrimento de Maria e de Jesus no Calvário foi uma «dor única». Depois de morto o filho, a mãe continuou a sofrer. Morto, ele foi deposto sobre os seus joelhos: impotente mais do que quando era menino. Um Deus morto sobre os joelhos de uma mãe! Então, sim, ela tornou-se rainha. Porque Jesus recapitulava a humanidade, a humanidade inteira, de todos os tempos, estava guardada sobre os joelhos de Maria, que, naquela desolação, mostrou-se mãe e rainha da família humana que caminha nas vias do sofrimento. A sua grandeza foi comparável a sua angústia. Mas, como se vê, a sua realeza não foi senão um primado no sofrimento: apenas uma maneira para ser a mais próxima, imediatamente próxima ao Crucificado. Se pensamos no desespero de Maria sob a cruz, à dor da Mãe pelo massacre do Filho, vítima voluntária de toda as culpas do mundo e de todos os sofrimentos dos homens, intuímos a imensidão da tragédia sofrida: uma tragédia cósmica. E avalia-se a nossa mesquinhez quando a ela dedicamos algumas frases estampadas, algumas jaculatórias empoeiradas… Parece-nos perder tempo meditando sobre tudo isso, e chorando; e arriscamos perder a eternidade. Já que inserir-se naquela dor é incluir-se na redenção. Tomemos posição com Ela, ao lado do Crucificado, escolhendo o papel de vítimas contra o de carnífices, abraçando o sofrimento contra as insinuações do dinheiro, a cruz contra o vício; para estar com Maria, carregando nos joelhos, em meio ao abandono, o corpo desfalecido de Jesus, o corpo místico que as perseguições dessangram. Sempre, nas horas em que a Igreja é torturada e Cristo sofre nos cristãos, encontra-se Maria, que carrega no ventre o corpo chagado. E porque Cristo sintetiza a humanidade, identificou-se com a humanidade, eis que a Igreja revela-se Maria, que reúne os povos em meio às guerras». (Igino Giordani, Maria modello perfetto, Città Nuova, Roma, 2001, pp.124-129)

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