Movimento dos Focolares

Teresa, a mulher forte

Out 12, 2018

No dia 15 de outubro, recorre o aniversário de Teresa D’Ávila (1515 – 1582), uma grande santa e mística espanhola. Igino Giordani, político, escritor e hagiógrafo, escreveu sobre ela em 1962: “era uma cosmonauta audaciosa pelo divino; mas também era uma mulher muito prática, que conhecia o mundo”.

Um símbolo da civilização atual pode ser oferecido pela mulher. Nas revistas e nas telas, na publicidade e na arte, a mulher impera como uma rainha. Mas é fácil ver como a sua realeza seja falsa: aquelas divas, que se destacam hoje, amanhã são esquecidas. Nesta perspectiva, contrastando, voltam a ser atuais as biografias das maiores santas do cristianismo e os seus ensinamentos. Teresa, a autora da reforma do Carmelo, em plena revolução protestante, sob a suspeita senhoria de reis e potentes da Espanha, enfrentando as ameaças da Inquisição do seu país, realizou na pobreza a liberdade: a única liberdade dos filhos de Deus, fazendo da sua existência uma aventura prestigiosa para submergir o humano no divino. Recolocou no centro da existência individual e social a beleza e a poesia da santidade. Naquela época, predominava uma forma de farisaísmo que se poderia denominar misogismo. Catarina de Sena já havia sofrido as suas consequências. Ela fora rejeitada no silêncio por ser mulher. Ela que não deixava de exortar os homens, inclusive os figurões, a não se comportarem como efeminados. Santa Teresa doou-se completamente a Deus e arrastou na doação outras mulheres. A obsessão dos nossos dias está nesta demanda forte, frenética, obsessiva de honras e riquezas. Teresa ensina a emancipação desta escravidão e recupera a serenidade e a paz. E nos seus escritos explica as razões com uma evidência, uma luz que incanta, também hoje, os homens mais fixados nos negócios. É a mulher forte, que fala desejosa somente de servir a Deus, com tenacidade e força. Tinha plena consciência da influência que a mulher consagrada a Deus pode exercer na sociedade. A sua vida e os seus escritos mostram a essência da revolução do Evangelho, nos corações e nas massas, fazendo desabrochar a essência do amor que, através do irmão, abre o acesso a Deus: põe Deus nos espíritos, nas leis, nas instituições, nos costumes. Teresa, com a graça de uma mãe e mestra, ensina o diálogo com Deus sem interrupção, um diálogo que todos podem realizar, no templo da própria alma, mesmo estando nas ruas, mesmo no meio do barulho. Acredito que aumentará, dia após dia, o número de homens e mulheres que, guiados pela sabedoria teresiana, reencontrarão a razão de viver, voltando com ela à fonte. A ação florescerá cada vez mais sobre a contemplação. Mas aqui – diremos com a Santa – Marta e Maria estão quase sempre de acordo, porque o interior age sobre o exterior… Quando as obras exteriores nascem desta raiz, desabrocham flores admiráveis e com um perfume especial, na árvore do amor divino. Teresa era uma cosmonauta audaz pelo divino; mas também era uma mulher muito prática, que conhecia o mundo. E porque conhecia o mundo, elevava-se para a paraíso. Se o seu ensinamento sublime se dilatar, também a nossa casa, também o sindicato e a política e a exploração agrícola, também o mundo, poderá tornar-se uma espécie de Carmelo, onde Teresa estabelecerá a realeza feminina da bendita entre as mulheres. Igino Giordani, «Fides», n.7-12, 1962, pp.185-187

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