Movimento dos Focolares

Um ecumenismo que se baseia na escuta

Dez 6, 2018

Uma abordagem do diálogo entre as Igrejas que valoriza a reciprocidade.

Uma abordagem do diálogo entre as Igrejas que valoriza a reciprocidade. O ano de 2017 foi o aniversário de 500 anos da Reforma. Não só uma recordação, mas uma etapa que marcou passos à frente na caminhada ecumênica. E agora, como prosseguir? É a pergunta da qual partiram os noventa participantes de um seminário realizado no Centro Mariápolis de Zwochau (Alemanha) com o título “Brennpunkt Ökumene” onde o fulcro foi a proposta de um “ecumenismo receptivo”. Do que se trata? Paul D. Murray, teólogo católico da Universidade de Durham (Grã-Bretanha), formulou assim o seu princípio central: “Não ‘o que os outros devem aprender de nós’, mas ‘o que nós podemos aprender dos outros”. Portanto, um ecumenismo da escuta e da reciprocidade. O doutor Callan Slipper, teólogo anglicano londrino, explicou que tal abordagem leva a aprender uns dos outros, sem esconder as feridas, ao contrário, com a consciência de que se pode curá-las inclusive com a ajuda dos outros.  Depois, junto com Peter Dettwiler, teólogo reformado da Suíça, fizeram com que os ouvintes penetrassem na “vida interior” das respectivas Igrejas, num diálogo que não calou as culpas e as feridas. Juntos com a pastora Seehafer da comunidade da Igreja livre evangélica e com o sacerdote católico Marcellus Klaus deram vida a uma mesa redonda oferecendo aos presentes a possibilidade de pôr logo em prática o “ecumenismo receptivo”. Como conclusão do dia, a reflexão sobre um trecho extraído do discurso proferido por Chiara Lubich na Igreja da Memória de Berlim, que oferece a raiz da reciprocidade proposta pelo “ecumenismo receptivo”: “Jesus, antes de ser colocado na cruz, antes de sofrer o abandono do Pai, tinha rezado a Ele, numa longa oração pela unidade, “para que todos sejam uma coisa só.” (Jo 17,21). E a unidade vivida, tem um efeito, que é também ele, por assim dizer, uma peça forte para um ecumenismo vivo. Trata-se da presença de Jesus entre várias pessoas, na comunidade: ‘Onde dois ou três – disse Jesus – estão unidos no meu nome, eu estou no meio deles’ (Mt 18,20). Mas, por que nesta estupenda igreja não fazemos de modo que nós cristãos nos unamos de tal maneira nestas ideias, de modo a realizar este fato: que talvez tenhamos entrado de Igrejas diferentes e saiamos um só povo cristão, prontos a morrer uns pelos outros?”.

___

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Subscrever o boletim informativo

Pensamento do dia

Artigos relacionados

Bruxelas: 75 anos da Declaração Schuman

Bruxelas: 75 anos da Declaração Schuman

Para acompanhar a Europa na realização de sua vocação – após 75 anos da Declaração Schuman – na sede do Parlamento Europeu em Bruxelas, em um painel de especialistas, expoentes de vários Movimentos cristãos e jovens ativistas deram voz à visão da unidade europeia como instrumento de paz. Foi um encontro promovido por Juntos pela Europa e parlamentares europeus.

O Concílio de Niceia: uma página histórica e atual da vida da Igreja

O Concílio de Niceia: uma página histórica e atual da vida da Igreja

No dia 20 de maio de 1700 anos atrás – data indicada pela maioria dos historiadores –, tinha início o primeiro Concílio ecumênico da Igreja. Era o ano de 325, em Niceia, a atual Iznik, na Turquia, hoje uma pequena cidade situada 140 km ao sul de Istambul, cercada pelas ruínas de uma fortaleza que ainda fala daqueles tempos.

Amor, unidade, missão: em caminho com o Papa Leão XIV

Amor, unidade, missão: em caminho com o Papa Leão XIV

Um grupo do Centro Internacional do Movimento dos Focolares participou da Santa Missa que marcou o início do ministério do Papa Leão XIV. Foi um momento de comoção, reflexão, novo começo. Reunimos algumas de suas impressões.