Movimento dos Focolares

Um relato da fronteira macedônia

Mar 18, 2016

Entrevista da Agência Sir com Dolores Poletto, do Movimento dos Focolares em Skopje, na Macedônia. O seu relato sobre refugiados detidos em Idomeni: “Na lama e no frio, vi uma humanidade ferida”.

1458313908Vivem embaixo de barracas e na lama, os milhares de refugiados que esperam atravessar a fronteira grega com a Macedônia. A “miragem” é chegar à Europa. Dolores Poletto é croata, trabalha somente a duas semanas com a Cáritas Macedônia e vive na comunidade do Movimento dos Focolares em Skopje. É ela que conta o que viu, com seus próprios olhos, na fronteira: «Estive no campo de refugiados em Gevgelija (Macedônia), com os colegas da Cáritas. Foi uma visita não formal. Do outro lado da linha de fronteira aparece um mar de gente. Passamos também pela fronteira oficial na Grécia, em Idomeni» Fronteira fechadas. A situação humanitária que os refugiados estão vivendo na Grécia, Macedônia e Sérvia é o resultado do fechamento dos confins ao longo da rota balcânica. Desde quarta-feira, 9 de março, as autoridades da Eslovênia fecharam as fronteiras. Até a Croácia anuncio o fechamento e, logo depois, as autoridades sérvias. Segundo os últimos dados – mas os números são sempre aproximativos – nas fronteiras da Macedônia estão hoje cerca de 14 mil refugiados. Na Grécia são mais e 34 mil. Em Idomeni há uma espécie de funil. Está se repetindo o que, há meses, vive-se em Calais, na fronteira francesa no Canal da Mancha. Os imigrantes chegam depois de terem atravessado a Grécia e o Mar Egeu, em uma barcaça. «Uma multidão de gente – conta Dolores -. Chegam em condições precárias… Estamos na fronteira por onde, anteriormente, entrava-se na Macedônia. As pessoas querem estar o mais perto possível, por isso as barracas foram armadas por detrás da ferrovia». Além da chuva há o frio. «Se o tempo é bom, durante o dia a temperatura pode chegar a 18 graus, mas à noite desce até 2-3 graus». As condições de vida no campo estão se deteriorando a cada dia. Ao frio se acrescentam a escassez de comida e as insustentáveis condições de higiene e saúde». «Muitos entram na fila para receber a comida», conta ainda Dolores. «É difícil descrever o estado psicológico em que se encontram. Muitos dizem terem vindo da Síria. Todos gostariam de ir para a Alemanha, Áustria. A única pergunta que nos faziam: quando se abre a fronteira». Estão dispostos a tudo para alcançar o objetivo, até às custas da vida. «Agora mesmo escutei a notícia – diz Dolores – que três morreram no rio, entre a Macedônia e a Grécia, tentando passar ilegalmente. É uma tristeza». A Cáritas está presente desde o início da crise, com muitas ONGs. «Estão esperando poder passar a fronteira, por isso não querem ir para campos melhores. É difícil ajuda-los», continua Dolores. A polícia vigia constantemente para que ninguém passe, segundo os acordos feitos com a Europa. Diante deste impasse «você se sente impotente para fazer alguma coisa». A experiência tocou profundamente Dolores. «Pode-se estar com eles sobre a cruz, não consigo esquecer aquelas imagens. Lá estão muitos jornalistas. Falei com alguns deles, e, voltando para casa, vi as reportagens que fizeram, na TV. Pensei que se as tivesse visto sem ter visitado aquele lugar, teriam sido uma das muitas notícias que passam todo dia, mas agora, tendo tocado essa realidade com as minhas mãos, a vejo como uma ferida na humanidade». Fonte: SIR

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