Movimento dos Focolares

Uma voz corajosa no caos da Líbia

Fev 20, 2015

Città Nuova entrevista, por telefone, Dom Giovanni Martinelli: a diplomacia internacional deveria fazer a sua parte para reunificar o país, não se devem impor políticas estranhas a este povo.

Mons Martinelli-aDom Giovanni Martinelli é um pequeno-grande homem. Um homem corajoso, que não obstante ter sofrido um grave problema de saúde há dois anos, continua “com teimosia” a querer permanecer na sua Líbia como um pastor amoroso, para cuidar das suas ovelhas que, a estas alturas, são somente um pequeno grupo de enfermeiras filipinas que trabalham nos hospitais e que “não podem” sair do país.

«Não tenho nada de especial a dizer – ele inicia – ficamos órfãos do embaixador que deixou o país. Mas, eu repito, não tenho nada a dizer, estamos aqui porque Jesus nos quer aqui. Estou a serviço deste povo, não estou aqui em busca de nenhum poder».
E a comunidade católica? «A comunidade cristã ainda existe, estamos tranquilos!»
Estão tranquilos? «Terminamos de celebrar a missa, Deus está conosco, por que devemos temer?»
O padre Sylvester está ainda em Bengasi? «Claro que está – responde Dom Giovanni – e ele também diz que ainda se pode permanecer para estar ao lado deste povo tão sofrido».
Pode-se tentar alguma hipótese para o futuro? «É muito difícil fazer previsões, antes, é melhor não fazê-las porque muitas vezes fizemos hipóteses que, depois, não se realizaram. É melhor viver dia após dia ou, melhor, momento por momento. Tudo está no momento presente. Em um momento encontro Jesus; em outro, encontro os irmãos; em outro, amo este povo».
Como é a situação em Trípoli? «Posso dizer que é bastante calma, não nos proibiram nada. A atmosfera é tranquila e pacífica. Pode-se sair de casa sem correr grande perigo durante o dia; à noite, evidentemente, não saímos de casa».”
Medo? «No momento não recebemos nenhuma ameaça. Estamos aguardando como a situação irá evoluir. Talvez eles nos degolem… Mas a minha eu entregarei em um prato, porque estou aqui para morrer pela minha gente».

Como vocês vêm o papel da Itália nestes acontecimentos? «Esforçou-se muito, especialmente o embaixador, para manter aberto o canal do diálogo entre as diversas tribos, entre as facções. A Itália, até o momento, propaga a paz».
Como vocês vêm uma intervenção armada do exterior? «Não creio absolutamente que seja a solução».
Em 2011, quando havia ameaças de guerra, o senhor disse que se isto acontecesse a Líbia arriscava explodir nas próprias divisões tribais e políticas. Mas, infelizmente, os europeus demonstravam segurança que a democracia eletiva teria contagiado positivamente o país.
«A prudência teria sido útil, tanto naquele momento quanto agora. A diplomacia internacional deveria cumprir a sua parte para reunir os pedaços da Líbia. Não se devem impor visões políticas que não pertençam a este povo».

Depois, retoma e conclui: «Se alguém vier aqui somente com armas e sem uma grande vontade de dialogar, não serve a nada. É necessário vir aqui para amar este povo, não para promover os interesses dos ocidentais, não para explorar o petróleo e outras fontes de recursos. Deve-se vir aqui somente se se tem vontade de dialogar com os muçulmanos. Eu estou aqui por isto e por nenhum outro motivo».

Fonte: Città Nuova online

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Subscrever o boletim informativo

Pensamento do dia

Artigos relacionados

Sementes de paz e de esperança para o Cuidado da Criação

Sementes de paz e de esperança para o Cuidado da Criação

No dia 2 de julho de 2025 foi publicada a mensagem do Santo Padre Leão XIV para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, que será celebrado dia 1º de setembro. Propomos uma reflexão de Maria De Gregorio, especialista em desenvolvimento sustentável, da Fundação Ecosistemas, especializada em estratégias e ações para reduzir os riscos e os impactos ambientais.