Movimento dos Focolares

Viver com “V” maiúsculo

Ago 20, 2019

No jargão internacional se chamam “expats”: são os jovens expatriados que encontraram emprego e refizeram uma vida para si no exterior. Cada um tem as próprias razões, cada um a sua história. Mitty, italiana, faz pesquisa sobre biossensores de glicose em uma universidade japonesa e vive na comunidade do Focolare de Tóquio.

No jargão internacional se chamam “expats”: são os jovens expatriados que encontraram emprego e refizeram uma vida para si no exterior. Cada um tem as próprias razões, cada um a sua história. Mitty, italiana, faz pesquisa sobre biossensores de glicose em uma universidade japonesa e vive na comunidade do Focolare de Tóquio. “Hoje a tecnologia tem um enorme poder em todos os campos e também no da saúde. Eu me sinto chamada a trabalhar neste campo para contribuir para dirigir a pesquisa técnica segundo escolhas éticas e não comerciais. Às vezes somos precisamente nós, engenheiros biomédicos, a inventar coisas que fazem com que o homem se torne um robô, mas não servem para a sua saúde”. Não há dúvidas: Maria Antonietta Casulli, para todos Mitty, tem as ideias claras. Estudou Engenharia biomédica na Itália, mas para o trabalho de conclusão de curso se mudou para a Suíça, na prestigiosa Ecole polytechnique fédérale de Lausanne (EPFL – Escola Politécnica federal de Lausanne) onde sucessivamente ganhou um doutorado de pesquisa. Portanto, todos os pressupostos para uma carreira totalmente em ascensão estavam presentes: um salário consistente, uma bela casa com vista para o lago de Genebra, ótimos amigos. O que podia querer mais? “E, no entanto – conta Mitty –, alguma coisa não funcionava: era o ano de 2013; estávamos em plena crise econômica e eu tinha uma vida perfeita. Mas do outro lado dos Alpes, na Itália, muitos amigos meus arriscavam se deprimir porque não encontravam emprego e eu não queria me fechar numa vida feita de carreira e dinheiro. Mas o golpe de misericórdia me foi dado por uma viagem às Filipinas onde me encontrei bem no meio de um dos tufões mais potentes e devastadores do mundo: o tufão Yolanda. O contraste que experimentei era enorme: este povo não tinha nada do que eu e os meus amigos tínhamos, mas vivia com “v” maiúsculo; a vida deles era plena, rica de relações e grande dignidade. Paradoxalmente isto me parecia o remédio para a crise que o meu continente, a Europa, estava atravessando: não se tratava só de uma crise econômica; era muito mais: um vazio dos valores fundamentais da vida”. Depois daquela viagem, Mitty não volta mais para a Suíça porque sente que deve retribuir a Deus aquela vida plena que Ele lhe deu. E assim, após um período na escola de formação dos focolarinos, faz dois anos que se encontra no Japão, onde vive na comunidade do Focolare de Tóquio. O estudo da língua a absorveu e, portanto, está fora do mundo do trabalho faz bem cinco anos. Poderia voltar a fazer pesquisa, sobretudo numa sociedade como a japonesa? “Justamente enquanto eu me fazia estas perguntas, um amigo de passagem me fala de um professor japonês, católico, de uma universidade de Tóquio que faz pesquisa nada menos do que sobre os biossensores de glicose: o assunto do meu TCC!”. 61549481 685107555261622 2228868463600861184 oTendo em vista que as probabilidades de encontrar alguém no Japão que se ocupe dos seus mesmos estudos são quase que nulas, Mitty compreende que Deus está em ação na sua vida e em seguida lhe dará contínuas provas disto. O professore lhe oferece a possibilidade de fazer o doutorado, mas de qualquer forma permanece um problema: “No Japão eu não teria um salário como na Suíça, aliás, deveria até mesmo eu pagar”. Também neste caso a resposta de Deus é surpreendente. Quase por acaso, Mitty se encontra fazendo uma entrevista diante de seis empresários de várias firmas japonesas: uma situação bastante difícil para uma jovem mulher estrangeira. “Senti que Deus estava comigo e que, no final, todos eles não eram senão pessoas a serem amadas. Isto mudou o meu modo de expor o projeto ou de ouvi-los nas várias intervenções. Durante uma hora falei do meu projeto, mas na que veio em seguida, respondi às perguntas deles sobre a minha escolha de vida como focolarina e de porque eu me encontrava no Japão. Recebi 100% dos financiamentos para o projeto e devo dizer que vi o poder de Deus abrir estrada nesta cultura e nestes ambientes num mundo que eu nunca teria imaginado. Depois, nem sequer 2 meses após o início do meu doutorado, o meu ex-professor suíço veio a Tóquio e pudemos organizar um seminário na minha nova universidade. Durante o jantar, observando os dois professores conversarem, me pareceu entender o que Deus quer agora de mim. Não só fazer pesquisa, mas construir pontes: entre universidades e empresas, entre Oriente e Ocidente. A mim cabe somente continuar a ser toda de Deus”.

Stefania Tanesini

___

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Subscrever o boletim informativo

Pensamento do dia

Artigos relacionados

No mesmo barco: uma viagem na direção da paz

No mesmo barco: uma viagem na direção da paz

8 meses de navegação, 30 portos e 200 jovens. Tendo zarpado em março de 2025 de Barcelona (Espanha), o navio-escola para a paz “Bel Espoir” continua sua viagem que se concluirá em outubro, ligando as cinco margens do Mediterrâneo. A bordo, oito grupos de vinte e cinco jovens de todas as nacionalidades, culturas e religiões que, animados por um desejo comum de construir um mundo melhor, viverão juntos aprendendo a se conhecerem em meio a debates e experiências pessoais, abordando novas questões nas várias etapas. Entre esses, também, cerca de vinte rapazes e moças, com os jovens embaixadores de Living Peace e os jovens do Movimento dos Focolares. Berhta (Líbano), envolvida no projeto MediterraNEW, que trabalha para a educação de jovens no Mediterrâneo, principalmente migrantes, conta-nos a sua experiência.