Movimento dos Focolares
Jovens e liberdade

Jovens e liberdade

Jovens e adultos juntos, italianos e brasileiros juntos, alemães e coreanos, africanos e chilenos. Juntos, cristãos e muçulmanos. O desafio a enfrentar é ainda hoje o de abater as barreiras e demonstrar que, nas nossas evidentes diferenças, podemos dar uma mensagem de esperança. “Estamos juntos, essa é a maior realidade da nossa vida. É essa a unidade entre gerações, entre povos. Sem jamais perder de vista o horizonte: o mundo unido”. Maria Voce, presidente do Movimento dos Focolares, o recordou aos mais de 400 jovens, provenientes de 14 países, de quatro continentes, reunidos para o encontro anual, no qual elaboram as pistas de trabalho para a parte jovem do Movimento. Preparativos Genfest, Palavra de Vida, a proposta cultural de Sophia, os desafios da Igreja, foram alguns dos pontos abordados. A representação internacional deu-se principalmente devido à presença das Escolas gen da Mariápolis de Loppiano (Itália) e Montet (Suíça), mas houve também quem atravessou o oceano ou cobriu longas distâncias, somente para essa ocasião: do Chile, da Venezuela, da Argélia. Esteve presente também Bilal, um jovem muçulmano, vindo de Orã, demonstração viva de uma fraternidade construída juntos: “Este é um congresso muito importante para mim, porque tenho a ocasião de estar com tantos cristãos. É um passo rumo a um mundo unido”. A manhã do dia 2 de dezembro foi eletrizante, com um diálogo, de uma hora e meia, entre esta representação internacional de jovens e a presidente Maria Voce, que eles preferem chamar diretamente de Emmaus. E o entendimento é perfeito. “Foi um momento muito especial, a Emmaus nos fez ver, mais uma vez, a importância da relação entre as gerações e como os relacionamentos entre elas produzem, realmente, muitos frutos”, disse Livia Beatriz, do Brasil. Na cultura vietnamita, quando um ancião diz alguma coisa os mais jovens devem segui-la. Estou contente porque o que Emmaus nos disse hoje eu compartilho plenamente: fazer tudo juntos, não é uma hierarquia, não precisamos falar muito, mas testemunhar o amor de Deus”, afirmou Mara, do Vietnam. Mitti, de Turim (Itália), estuda engenharia biomédica. Nestes dias entendeu que para realizar um projeto pela Itália é preciso partir das relações humanas, muito decadentes no território onde vive. Paulo é um engenheiro mecânico de Seul (Coreia), muito feliz por conhecer pessoas novas e fazer experiências concretas. Jacopo, de 20 anos, é de Terni (Itália), um futuro arquiteto: “Emmaus foi fantástica, porque é sempre muito simples e essencial, porque esclarece e diz as coisas assim como são”. Mas quais os temas que tocou e por que estão tão em sintonia com esses jovens? “Devemos ter com os outros a mesma atitude que Deus tem conosco – ela disse –. Deus poderia nos convencer, poderia colocar fones em nossos ouvidos para nos dizer a cada instante o que fazer, mas nós nos tornaríamos robôs telecomandados. Ao invés, deixa-nos livres para amar, como Ele é livre. É assim que crescemos e nos realizamos. Deus nos dá este presente”. Um presente de liberdade. [nggallery id=77]

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Espiritualidade da unidade: a Igreja

Ainda nos anos quarenta, início do Movimento, um dia o bispo mandou chamar o grupo das jovens de Trento. Não conhecendo o motivo, Chiara Lubich ficou preocupada. Após longas orações as jovens se apresentaram no arcebispado, na Praça Fiera. Expuseram o que estavam fazendo na cidade, fatos que mostravam a verdadeira revolução que crescia de suas mãos, quase sem que percebessem. Todavia, expressaram explicitamente que estavam dispostas a destruir tudo o que havia sido construído naqueles meses, se ele o desejasse. «No bispo – elas pensavam – é Deus que fala». E a elas só Deus importava, nada mais. Naquela ocasião, Dom Carlo de Ferrari, religioso da Ordem dos Estigmatinos, escutou Chiara e suas primeiras companheiras, sorriu para elas e pronunciou, com simplicidade, uma frase que ficou na história: «Aqui há o dedo de Deus». A sua aprovação e benção acompanharam o Movimento até a sua morte. Aconteceu, por exemplo, que quando o número de moças e rapazes que desejavam fazer parte do focolare, deixando casa e bens, se multiplicou, o bispo determinou que isto só podia ser feito com o acordo dos pais. E assim se dispersaram muitos comentários. Sobre a existência e a importância da Igreja, Chiara a suas companheiras tinham somente certezas. Com o passar do tempo a espiritualidade da unidade levou a conceber a Igreja essencialmente como comunhão. Chiara escreveu, em 2000: «Uma palavra do Evangelho nos tocou de modo especial. É sempre Jesus que fala: “Quem vos ouve (os apóstolos) a mim ouve” (Lc 10,16). (…). O carisma nos introduzia, de modo novo, no próprio mistério da Igreja, já que nós mesmos vivíamos como pequena Igreja. Antecipando de muitos anos a definição conciliar de Igreja-comunhão, a espiritualidade da unidade fazia experimentar e perceber com maior consciência o que significa ser Igreja e vivê-la. E, pela presença de Cristo entre nós, entendíamos que era lógico que fosse assim. De tanto estar em contato com o fogo nos tornamos fogo; de tanto ter Jesus em meio a nós nos tornamos outros Cristo. São Boaventura disse: “Onde dois ou três estão unidos em nome de Cristo lá está a Igreja”, e Tertuliano: “Onde três [estão reunidos], ainda que leigos, ali está a Igreja”. A presença de Cristo em meio a nós nos faz Igreja, e daí nascia em todos uma verdadeira paixão por ela. Do amor, por sua vez, brotava uma nova compreensão, tudo era vital: compreendíamos os sacramentos de modo novo, os dogmas se iluminavam. O fato de ser Igreja, pela força da comunhão de amor que nos une, e da inserção na sua realidade institucional, fazia com que nos sentíssemos à vontade, e experimentássemos a sua maternidade, até nos momentos mais difíceis».

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Terra do Fogo: jovens protagonistas na política

O Movimento Político pela Unidade, na Argentina, há anos atua na difusão da dimensão da fraternidade dentro da vida dos partidos políticos, como acontece em outros países onde está presente. Juan José Pfeifauf (Partido “Frente para a Vitória”) e Pilar Goldmann (Partido “GEN/Geração para um Encontro Nacional”) são dois jovens que chegaram a Rio Grande (Terra do Fogo – Argentina), para uma visita à capital mais meridional do mundo. Militantes em dois diferentes partidos políticos, eles quiseram lembrar que inspirar-se na fraternidade significa “colocar esta ideia em ação concretamente, entre as várias partes políticas, criando empatia com o outro, com humildade, sabendo que ninguém possui a verdade absoluta, com relação a algum projeto, e começando por reconhecer no outro um interlocutor válido e necessário”. A visita deles faz parte do caminho de acompanhamento da Escola de Formação Política local, que realiza suas aulas aos sábados, pontualmente. Eles mesmos, anteriormente, frequentaram as Escolas do MppU, em La Plata (Buenos Aires). Hoje Pilar é tutora de uma outra escola, em San Miguel Del Monte, na província de Buenos Aires, onde foi encorajada a candidatar-se como vereadora nas últimas eleições. Sobre a participação dos jovens na vida política ativa, a opinião de Pilar é que “dos anos 1990 até agora houve um crescimento do compromisso político na Argentina, embora ainda não possamos dizer que 100% dos jovens se interessem por ela”. Mas os jovens não devem ser considerados somente como sujeitos de alguns projetos ocasionais, “os jovens devem se tornar os principais atores no âmbito político. A renovação da política passa por aqui”. O MppU/Argentina, que se inspira nos princípios de fraternidade ínsitos na proposta da espiritualidade de Chiara Lubich, completou 10 anos em 2011. Foi constituído durante a grave crise econômica que atingiu a região, num ano que se tornou inesquecível, e que levou a um aumento da pobreza na sociedade. Momento no qual aconteceu um verdadeiro divórcio entre o povo e a classe política, um divórcio que só recentemente parece estar se recompondo. Pilar conta que, sobre as premissas daquela crise, algumas pessoas animadas pela espiritualidade da unidade assumiram o compromisso de dar início a escolas de formação social e política, “para tentar dar uma resposta, imprimir uma inversão de rota, constatando a necessidade de reconstruir as bases do relacionamento entre sociedade e instituições. E não só, também para difundir sementes de diálogo e traçar uma trajetória comum”. Hoje é possível dizer que muita estrada foi feita, e centenas de jovens argentinos passaram por essas escolas. Um “capital” já maduro para contribuir ao desenvolvimento do país sul-americano, com o compromisso de levar a fraternidade na política, compreendida como serviço. De Daniela Ropelato (trechos retirados do artigo publicado no Diario El Sureño, 16 de novembro de 2011 – nossa tradução).

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Argélia: a chance de olhar mais além

Orã, a segunda maior cidade da Argélia, fica às margens do Mediterrâneo. É um dos maiores centros comerciais e culturais do norte da África. Um grupo de pessoas, na maioria muçulmanas, comprometidas em viver os valores de fraternidade propostos pelo Movimento dos Focolares, promove uma experiência com deficientes visuais. Sheherazad é uma das protagonistas, desde o início: “Em 1997, por meio de minha irmã mais nova, que trabalha numa clínica oftalmológica – ela conta – conheci uma religiosa católica que procurava alguém que pudesse ensinar francês a um grupo de cegos da cidade. Eu não me sentia preparada, sou uma dona de casa e aquele me parecia um compromisso superior às minhas capacidades. Mesmo assim, de acordo com meu marido, decidi aceitar, consciente que naquela proposta poderia estar escondido um preciso plano de Deus”. Foi o início de uma maravilhosa aventura que, com o tempo, envolveu a cidade inteira. Além do ensino, para Sheherazad foi a descoberta de um novo mundo, que conquistou o seu coração e o de Fouzia, uma amiga que partilha o ideal da fraternidade e que em pouco tempo também começou a dar aulas. O mundo dos cegos revelou-se especial, principalmente porque a maioria deles era muito pobre e socialmente marginalizada. “Com o passar do tempo percebemos que o nosso comportamento de abertura para com o outro dava uma característica especial ao modo de ensinar, que se tornava uma ocasião para sustentar aquelas pessoas. Havia quem precisava encontrar uma ocupação, outros precisavam só de um apoio ou de uma palavra de conforto”. Enquanto isso, para entender melhor as necessidades dos alunos, Fouzia e Sheherazad aprenderam o braile. E tudo isso não passava despercebido. “Um amigo nosso, vendo que dávamos o nosso tempo sem esperar nada em troca, decidiu nos ajudar e unir-se a nós nessa empresa”. Procuraram ajudar os jovens a encontrar trabalho. Uma moça, por exemplo, procurava trabalho como telefonista. Eles procuraram uma empresa: “Notamos que o diretor queria nos ajudar a encontrar uma solução, ele ficou tocado com a nossa ação e decidiu contratar a jovem por tempo indeterminado”. Toda a comunidade de Orã participa dos projetos e dos sucessos alcançados. Organizam-se dias de encontro para fazer com que sejam conhecidas a vida e as riquezas desse mundo. “O tema desses eventos é sempre centralizado no “outro”, e no final não existe mais quem é cego e quem não é, quem é muçulmano ou cristão: somos todos irmãos e irmãs que partilham da mesma situação”. A imprensa nacional interessou-se por esses encontros, reconhecendo o direito dos deficientes visuais a viver como todos os outros. Nasceu uma ação de sensibilização que levou muitas pessoas a unirem-se aos esforços de Sheherazad e Fouzia. Superando as dificuldades administrativas e legais foi constituída uma associação para a integração profissional dos cegos, que é muito ativa e trabalha pela construção de uma escola. Instituições da cidade foram envolvidas e o projeto de formação foi reconhecido pelo departamento de formação profissional de Orã. “Ainda há muito a ser feito – conclui Sheherazad – mas fazer algo pelos outros, apesar de todos os nossos limites, é maravilhoso, entusiasmante! Dá a todos aquela força para ir adiante que abre as portas a novas surpresas”. Da Comunidade de Orã – Argélia

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Os Thai não se abandonam

A situação da maior inundação já sofrida pela Tailândia nos últimos 50 anos está melhorando lentamente. Alguns números, segundo as estimativas atuais:

  • Sete milhões de pessoas atingidas e cerca de 700 vítimas fatais, dos 10 milhões de habitantes de Bancoc.
  • 80% da superfície da cidade foi invadida pela água. Dos 50 distritos de Bancoc apenas nove ficaram secos, todos os outros tiveram de 20 a 200 centímetros de água. Dezessete províncias foram atingidas diretamente.
  • Calcula-se um prejuízo de 37 milhões de dólares.
  • 60 milhões de toneladas de colheita (principalmente arroz) foram perdidas.
  • Dentre os maiores parques industriais oito foram inundados, com a perda de 1,2 milhões de postos de trabalho e consequências para a indústria da Tailândia e de outros países (o Japão tem cerca de 40% de suas fábricas nos oito parques inundados).

Tudo começou – contam Elena e Chun – no mês de julho, a chuva, com um atraso de um mês no calendário, recuperou o tempo perdido, superando a quantidade do ano anterior e chegando ao dobro de 2010. Em setembro a situação já era grave, e em outubro gravíssima. Bancoc, chamada “a Veneza do Oriente”, tem cerca de 2 mil quilômetros de canais, que fazem dela uma das cidades do mundo mais equipadas para o defluxo das águas pluviais, mas certamente não para estes volumes. Os especialistas se encontraram diante de uma situação imprevisível. Muitos abandonaram Bancoc. Era como uma cena de filme, mesmo se as pessoas não se deixaram tomar pelo pânico. Nós, junto com outros, decidimos ficar, permanecer ao lado do povo e fazer a nossa parte. Todos começaram a se ajudar mesmo sem se conhecerem, aliás, antes às vezes se ignoravam. Quem salvou o país num desastre dessas proporções? O povo que amou e doou além das próprias forças. Gente com a casa inundada que se sacrificou para que ao menos algum bairro de Bancoc se salvasse (ao norte do antigo aeroporto); gente que soube abrir o coração aos outros… e eram muitos! Até os mais ricos, jornalistas, atores, saiam pessoalmente, nos barcos, para distribuir gêneros alimentícios. A vida na cidade foi salva pela gente comum, que deu a esperança de que “juntos podemos conseguir”. Claro que houve também a parte dos militares, dos funcionários públicos que trabalharam até 15 horas por dia para levar ajuda, e das pessoas idosas que foram cozinhar nos centros de acolhida. Ou dos monges budistas que acolheram milhares de idosos, doentes, crianças e mães, em seus mosteiros; e do sacerdote que encheu o colégio particular de desabrigados e depois saiu de barco, para buscar pessoas que esperavam nos telhados das casas. Essa é a verdadeira Tailândia, que ensina a viver, a alegrar-se e a sofrer com quem sofre. É o milagre da vida e do amor que vence a morte. Também nós, do Movimento dos Focolares entramos em ação. Muitas das nossas famílias foram atingidas, algumas estão com a água dentro de casa a semanas. Dentre os nossos houve quem foi para os pontos de ônibus pedir ajuda para os desabrigados ou aos centros de acolhida, para ajudar. Abrimos as nossas casas e acolhemos quem nos pedia ajuda, procuramos as pessoas pelo telefone, todos os dias, para que se sentissem amadas, encorajando e consolidando a unidade entre nós. Nesse período trágico vimos brotar o lado mais belo do povo tailandês: para além das diferenças políticas, que há um ano e meio haviam dividido o país, prevaleceu um grande amor pelo próximo que sofre. Uma repórter da CNN definiu essa corrente de solidariedade, que investiu toda a sociedade thai como “um extraordinário fenômeno social”. Nós também vivemos um slogan que circula nesses dias: “os thai não se abandonam”. O amor fez com que nos tornássemos todos “thai”, mesmo se nascemos em outra parte do mundo. Ninguém sabe com certeza quando voltaremos à normalidade, mas vamos adiante, superando, todos os dias, as muitas dificuldades. Elena Oum e Chun Boc Tay   Para quem deseja ajudar é possível fazer um depósito bancário, segundo estas orientações: CONTA CORRENTE DA SECRETARIA CENTRAL DOS JOVENS POR UM MUNDO UNIDO (GMU) Especificar o objetivo da transação. CONTA EM NOME DE: PIA ASSOCIAZIONE MASCHILE OPERA DI MARIA Via Frascati 306, Rocca di Papa, 00040 Roma – Itália ENDEREÇO DO BANCO: INTESA SAN PAOLO FILIAL DE GROTTAFERRATA VIA DELLE SORGENTI, 128 00046 GROTTAFERRATA (ROMA) ITALIA CODIGO IBAN PARA TRANSAÇÕES NACIONAIS E INTERNACIONAIS: IBAN  IT04  M030  6939  1401  0000  0640  100 BIC  BCITITMM