Movimento dos Focolares
Uma mensagem de Zwochau

Uma mensagem de Zwochau

Às vezes os acontecimentos mais simples podem conter uma mensagem importante: Zwochau é uma pequena cidade alemã, a cerca de 20 km de Leipzig. Desde 1º de janeiro de 2013 constituiu-se como um novo município, junto com outras duas vilas. Um passo inevitável, mas que foi dado não sem tensões e feridas. Zwochau tem pouco mais de mil habitantes, uma antiga igreja e, desde 1993, também um centro de encontros e formação do Movimento dos Focolares, o Centro Mariápolis.

Bem inseridos na vida da pequena comunidade, os focolarinos frequentam as assembleias municipais e as várias associações que ali existem. E, não obstante a maioria da população não tenha convicções religiosas, o Centro Mariápolis é utilizado pelos vizinhos para festas de família, casamentos e aniversários. Todos se ajudam, como estavam acostumados a fazer especialmente nos tempos da Alemanha Oriental.

Por isso era lógico que os amigos mais chegados manifestassem o desejo de ter um encontro particular com a presidente dos Focolares, Maria Voce, que iniciou a sua viagem à Alemanha exatamente em Zwochau. Cerca de 30 pessoas, reunidas na tarde de domingo, 5 de maio, para tomar um café com ela. Entre elas a prefeita, o ex-prefeito, o capitão dos bombeiros, o presidente do clube de tênis de mesa. Como presente deram-lhe um cesto com produtos típicos: lã, chá de ervas locais, um lustrador para metais produzido em Zwochau.

Depois pediram a Maria Voce, enquanto “especialista na cultura da confiança”, um conselho para que se possa chegar a uma verdadeira comunhão dentro do município, marcado por muitas diferenças e também algumas feridas.

Ela usou então, como comparação, a cestinha que havia acabado de receber: “Confiança – explicou – significa partir da ideia que o outro pode ser uma dádiva para mim, que tem algo de bom para dar”. Então, trata-se de ser curiosos, ir procurar aquele bem que o outro possui, de criar um tal clima, um tal relacionamento, que cada um seja encorajado a pegar o melhor de si e dá-lo como presente. Uma parte da cidade pode ser forte em produzir lã, a outra em colher as ervas, a outra na produção do lustrador de metais. Se cada um dá o melhor de si, aos poucos compõe-se um lindo cesto, no qual cada um está representado com sua própria característica, e a composição, no seu conjunto, pode se tornar uma contribuição para o bem de todos.

Uma imagem, ou melhor, uma mensagem que vale só para a cidade de Zwochau? Ou pode ser uma sugestão para outros tipos de convivência, entre pessoas, grupos, associações, cidades?

Para os que estavam ali foi um momento alegre. Um acontecimento simples, mas com uma mensagem universal.

Joachim Schwind

Uma mensagem de Zwochau

Do “VOCÊS” ao “NÓS” – além das convicções religiosas

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Abril de 2013. Um dos muitos encontros que há mais de 20 anos criam, no mundo inteiro, ocasião de diálogo entre o Movimento e os amigos de convicções não religiosas.

Uma abertura muito mais necessária hoje, em um mundo onde certas antigas distinções entre ateus, fiéis e agnósticos são sempre menos adequadas para classificar os seres humanos. Principalmente nos países em que o sentido religioso é mais desenvolvido, o ateísmo assume as características de um simples anticlericalismo.

Chiara Lubich foi uma das primeiras a intuir a importância do diálogo entre cristãos e amigos de convicções não religiosas, estabelecendo contatos delicados e fraternos, corajosamente inovadores. Ela mesma afirmou isto a um grupo reunido em Loppiano, no mês de maio de 1995: «Nós temos uma vocação universal. O nosso lema é: “Que todos sejam um”. E vocês estão englobados nesse “todos”. Não podemos fazer nada sem vocês, pois estão compreendidos no “todos”».

Multiplicam-se assim as ocasiões de encontro e de partilha. Os diálogos em todos os níveis fazem cair antigas barreiras e preconceitos. «A alma humana é maravilhosa. E isto faz parte do meu materialismo – explica Peter Fleissner, austríaco -. Por que colaboro com o Movimento dos Focolares? Porque temos uma herança em comum: o nosso mundo». E James Hall-Kenney, da Nova Zelândia, afirma que «no Movimento dos Focolares as pessoas comunicam com amor, com o coração, embora possam existir diferenças de termos».

Luan Omari, da Albânia, propõe um caminho de valores comuns: «Eu acredito nos valores anunciados por Jesus, embora não acredite, por exemplo, que Jesus seja o Filho de Deus. Mas acolho e me solidarizo com os seus valores. Esta é a base comum que nos une».

Claudio Vanni é o responsável pelos contatos externos da cooperativa Unicoop, de Florença, e fala sobre o individualismo como uma das características que acompanham o consumismo: «Se o individualismo se afirma como cultura e como conceito, é o oposto do diálogo. Desta forma cada um mantém os seus próprios interesses sem pensar nos interesses do outro, e sem diálogo não existe bem comum, não existe crescimento social mas conflito».

E Ruben Durante, da Argentina, fala de escuta: «Se mantenho a minha ideia não tenho a capacidade de escuta de que o outro precisa para doar-me a sua ideia e a experiência humana».

Um diálogo em contínua evolução, buscando definir cada vez melhor os relacionamentos e as perspectivas entre um “nós” e um “vocês”, mas que expressa a pertença a um único corpo.

Maria Voce, que esteve presente no encontro, respondendo à pergunta sobre o que esperar dos amigos de convicções não religiosas, disse: «Espero que levem para fora do âmbito do Movimento, os ideais que o Movimento possui». «E o que os nossos amigos podem esperar do Movimento? Acho que podem esperar o que cada um de nós deseja, que sintam-se acolhidos».

Aos cuidados de Franz Coriasco