Movimento dos Focolares

Julho 2014

“Eu vos digo mais isto: se dois de vós estiverem de acordo, na terra, sobre qualquer coisa que quiserem pedir, meu Pai que está nos céus o concederá. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles.”

Você deve ter lido no Evangelho que Jesus várias vezes recomenda a oração e ensina o que devemos fazer para sermos atendidos. No entanto, esta oração que hoje estamos considerando é realmente original. Ela exige várias pessoas, uma comunidade, para se obter uma resposta do Céu. Ela diz: “Se dois de vós”. Dois. É o número mínimo capaz de formar uma comunidade. Logo, Jesus considera importante não tanto a quantidade de fiéis, mas o fato de eles serem uma pluralidade. Também no judaísmo é notório, com talvez você saiba, que Deus estima a oração da coletividade; mas Jesus diz uma coisa nova: “Se dois de vós estiverem de acordo”. Quer que sejam mais de uma pessoa, porém quer que estejam unidas; coloca em relevo a sua unanimidade: Ele quer que sejam uma só voz. É preciso que se coloquem de acordo quanto ao pedido a ser feito, certamente; mas esta solicitação deve basear-se sobretudo numa concórdia dos corações. Jesus afirma, na prática, que a condição para se obter aquilo que se pede é o amor mútuo entre as pessoas.

“Eu vos digo mais isto: se dois de vós estiverem de acordo, na terra, sobre qualquer coisa que quiserem pedir, meu Pai que está nos céus o concederá. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles”.

Você poderá perguntar: “Mas por que as orações feitas em unidade têm maior aceitação junto ao Pai?” Talvez pelo motivo de que são mais purificadas. De fato, com frequência a oração acaba reduzindo-se a uma série de súplicas egoístas que mais lembram pedintes perante um rei, do que filhos diante de um pai. Enquanto que, tudo o que se pede juntamente com outras pessoas é certamente menos contaminado por um interesse particular. Em contato com os outros somos mais levados a sentir também as suas necessidades e a compartilhá-las. Não só: também é mais fácil que duas ou três pessoas consigam entender melhor o que pedir ao Pai. Se quisermos, pois, que a nossa oração seja atendida, convém nos atermos exatamente ao que diz Jesus, isto é:

“Eu vos digo mais isto: se dois de vós estiverem de acordo, na terra, sobre qualquer coisa que quiserem pedir, meu Pai que está nos céus o concederá. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles”.

O próprio Jesus nos diz qual é o segredo da eficácia dessa oração. Resume-se naquele “reunidos em meu nome”. Quando estamos unidos dessa maneira, temos a Sua presença entre nós e tudo o que pedirmos com Ele será mais fácil de ser obtido. Com efeito, é o próprio Jesus, presente onde o amor recíproco une os corações, que conosco pede as graças ao Pai. E será possível imaginar que o Pai deixe de atender a Jesus? O Pai e Cristo são uma coisa só. Não acha esplêndido tudo isso? Não lhe dá certeza? Não lhe inspira confiança?

“Eu vos digo mais isto: se dois de vós estiverem de acordo, na terra, sobre qualquer coisa que quiserem pedir, meu Pai que está nos céus o concederá. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles”.

A essa altura, certamente você gostaria de saber o que Jesus deseja que você peça. Ele próprio o afirma claramente: “qualquer coisa”. Não existe, portanto, nenhum limite. Então, coloque também esse tipo de oração no programa de sua vida. Talvez a sua família, você mesmo, os seus amigos, as associações de que faz parte, a sua pátria, o mundo que o rodeia deixem de receber inúmeras ajudas porque você não as pediu. Coloque-se de acordo com seus parentes e amigos, com quem o compreende ou compartilha os seus ideais e – depois de terem-se disposto a se amarem como manda o Evangelho, estando unidos até merecerem a presença de Jesus entre vocês – peçam. Peçam o mais que puderem: peçam durante a assembleia litúrgica; peçam na igreja; peçam em qualquer lugar; peçam antes de tomar decisões; peçam qualquer coisa. E, sobretudo, não façam com que Jesus fique decepcionado com o pouco caso de vocês, depois de Ele ter-lhes oferecido tantas possibilidades. As pessoas haverão de sorrir mais, os doentes terão mais esperança; as crianças crescerão mais protegidas, os lares serão mais harmoniosos; os grandes problemas poderão ser enfrentados até mesmo no aconchego das casas… E vocês conquistarão o Paraíso, porque a oração pelas necessidades dos vivos e dos mortos também é uma daquelas obras de misericórdia sobre as quais deveremos prestar contas no exame final.

Chiara Lubich

Este comentário à Palavra de Vida foi publicado originalmente em setembro de 1981.

Focolares: no caminho do cristianismo social

Focolares: no caminho do cristianismo social

201406Paris2Ápice de um ano de celebrações dos 60 anos do Movimento dos Focolares na França, dia 4 de junho passado realizou-se, no Instituto Católico de Paris, um simpósio sobre a contribuição do Movimento na Igreja e na sociedade francesa. Diante de um público diversificado, procurou-se responder às questões: “Quem são os Focolares?” e “Qual o envolvimento deles no mundo de hoje?”. Embora não omitindo alguns aspectos críticos, como a pouca visibilidade, os relatores evidenciaram a contribuição positiva dos Focolares à sociedade francesa. «Não existem muitos movimentos que alcançaram “com saúde” os sessenta anos de existência», afirmou o sociólogo da religião, Jean-Luis Schlegel, em sua preleção.

Padre Lethel

Padre François-Marie Léthel

O simpósio iniciou com padre François-Marie Léthel, carmelita e professor de teologia no Instituto Teresianum (Roma). Ele traçou o paralelo entre Santa Teresa de Ávila e o seu “castelo interior” (a oração, o centro da alma) e Chiara Lubich com o seu “castelo exterior” (o amor ao próximo). Não hesitou em descrever a fundadora dos Focolares como «uma das maiores místicas de todos os tempos». 201406Paris1Laurent Villemin, professor de teologia no Instituto Católico de Paris, evocou o ardor no diálogo entre os cristãos, «logo traduzido em ecumenismo prático» e que «até o fim da sua vida não renunciou ao trabalho pela unidade visível da Igreja». Trazendo o exemplo concreto da dinâmica de “Juntos pela Europa”, Gérard Testard, membro do Comitê Internacional, declarou que «os Focolares tem uma influência e dão uma contribuição decisiva na comunhão entre movimentos». 201406Paris4D. Teissier, arcebispo emérito de Argel, recordou quanto se vive neste país, onde os muçulmanos, especialmente os jovens «encontraram no Movimento dos Focolares uma resposta aos seus anseios interiores», permanecendo «fieis à própria identidade de muçulmanos». O presidente das Semanas Sociais da França, Jérôme Vignon, salientou o caráter «precursor e fecundo da Economia de Comunhão», definindo «visão revolucionária» a contribuição dos Focolares à evangelização, não tanto a de «fazer com que os nossos irmãos tornem-se cristãos», mas «fazendo-os saborear a alegria do amor mútuo, a preocupação pelo próximo». Todos aspectos com os quais os Focolares podem enriquecer o cristianismo social francês, com a condição de não “esconder-se”. «Não tenham medo – concluiu Laurent Villemim – de levar adiante esta busca de uma verdadeira espiritualidade para verdadeiros leigos».