Movimento dos Focolares
Papa Francisco em Cuba: abater muros, construir pontes

Papa Francisco em Cuba: abater muros, construir pontes

20150924-05«O sonho de um “mundo unido” foi sentido fortemente nestes dias de graças pela presença do Papa Francisco em Cuba. A sua passagem deixou literalmente um rastro de luz! Já a preparação para a sua visita foi rica de entusiasmo e de novidades. Nas três dioceses que ele visitaria, todas as comunidades da Igreja criaram várias iniciativas: vigílias nas igrejas, nas “casas de missão”, grupos de jovens nos parques, reuniões na vizinhança para apresentar o Papa. Enfim, uma Igreja feliz e na expectativa! E como nunca antes havia acontecido, os meios de comunicação (estatais) ofereceram uma ampla cobertura para preparar o povo cubano a essa visita tão importante – inclusive do ponto de vista político, pela notória colaboração do Papa no restabelecimento das relações entre Cuba e Estados Unidos. Rádio, televisão e imprensa continuamente faziam anúncios sobre a visita, pequenas “catequeses” sobre o Papa e a Igreja, documentários sobre a vida do Papa Francisco, e também dos outros dois Papas que haviam visitado a Ilha. Surpresa a alegria para uma Igreja que viu fechadas, por muitos anos, as portas dos meios de comunicação». «O Papa chegou como “missionário da misericórdia”, com gestos e palavras simples – muitas vezes delicadas, mas incisivas – disse aos cubanos e ao mundo que sem o perdão, sem praticar a cultura do encontro e do diálogo, é impossível ter esperança no futuro. Já as suas primeiras palavras abriram para nós novos horizontes: “Geograficamente, Cuba é um arquipélago com uma função extraordinária de “chave” entre norte e sul, entre leste e oeste. A sua vocação natural é a de ser ponto de encontro, para que todos os povos sejam unidos pela amizade (…). Somos testemunhas de um evento que nos enche de esperança: o sinal da vitória da cultura do encontro e do diálogo”.  Ele convidou todos a “continuar a avançar nesse caminho em favor da paz e do bem-estar dos seus povos e de toda a América, como exemplo de reconciliação para o mundo inteiro”. Na Missa, na Plaza de la Revolución, em Havana, disse, entre outras coisas: “… A vida autêntica é vivida no empenho concreto com o próximo, isto é, servindo”, recordando, antes de tudo, o serviço aos mais frágeis. “Todos somos chamados, por vocação cristã, ao serviço, e a ajudar-nos mutuamente a não cair na tentação do serviço que ‘se serve’”, assinalou. 20150924-01No seu encontro com os jovens a empatia foi imediata. Ao anseio, expresso por um deles, de “não querer apresentar-lhe somente os nossos sonhos, mas pedir-lhe algo especial, que renove em nós a esperança…”, Francisco respondeu com força: “Sonha, porque se ofereceres o melhor de ti ajudarás o mundo a ser diferente. Não esqueçam: sonhem. Sonhem e falem de seus sonhos. Falem, porque é preciso falar de coisas grandes!”. 20150924-04«Muitos de nós – continuam – tivemos oportunidade de cumprimentá-lo pessoalmente, a começar pelas focolarinas que trabalham na Nunciatura, mas também famílias, jovens, nas várias cidades onde esteve». O focolare está presente em Cuba desde 1998, e o serviço que procura oferecer à Igreja e à sociedade é o de tecer uma rede de fraternidade, levar a “amizade social”, que o Papa apresentou aos jovens, e favorecer a “cultura do encontro”, que deve ser percorrida como um caminho de esperança. «Muitos de nós prestaram serviços concretos, antes e durante a visita: alguns com os meios de comunicação, na organização dos eventos, outros dando entrevistas à mídia nacional e internacional, ou simplesmente estando nos locais por onde o Papa iria passar, para saudá-lo. Em harmonia com a nossa vocação à unidade, junto com crentes e não crentes, vivemos e participamos desses dias de graças». No Santuário de Nossa Senhora da Caridade, Papa Francisco deixou um programa: “Queremos ser uma Igreja que sai das casas para construir pontes, romper muros, semear reconciliação. Como Maria, queremos ser uma Igreja que saiba acompanhar a nossa gente nas situações difíceis, comprometendo-nos com a vida, a cultura, a sociedade, não isolando-nos, mas caminhando com os nossos irmãos. Todos juntos, todos juntos».

O mundo caminha para a unidade.  Um olhar sociopolítico

O mundo caminha para a unidade. Um olhar sociopolítico

2015-09-22-Delegati-intervista-Prodi-Ferrara-T-Klann9 (1)«Nós temos condições de reagir a esta situação com formas de reorganização, talvez até mesmo imperfeitas, mas que possam unir os países e também pessoas dos mais variados âmbitos. Nós temos na Europa o problema de uma unidade imperfeita, que precisa ser construída, e que hoje, com a emigração sentimos ser indispensável para o nosso futuro». Declarou Romano Prodi, duas vezes Presidente do Conselho dos Ministros da República Italiana e ex-presidente da Comissão Europeia, economista, acadêmico e político, numa entrevista paralela ao encontro dos delegados mundiais dos Focolares. E continua: «Precisamos realizar as reflexões de esperança de maneira diferente, de acordo com as diversas partes do mundo. Portanto precisamos de energias que venham de baixo. No Oriente Médio, ao invés, é preciso que os potentes da terra dialoguem entre si porque, caso contrário, não se resolverá nada». No dia 21 de setembro teve início a segunda semana de trabalhos, com uma sessão intitulada “O mundo caminha para a unidade. Um olhar sociopolítico”. Um assunto complexo, mas coerente e integrado ao tema da unidade, aprofundado este ano pelos Focolares, e que é transversal ao programa. Com Romano Prodi estava Pasquale Ferrara, diplomata, Secretário Geral do Instituto Universitário Europeu de Florença, com atividade acadêmica e de pesquisa no âmbito das relações exteriores. «A globalização traz efeitos positivos – afirma -. Porém, tem um problema: não é universal, representa a tentativa de estender ao mundo inteiro um único modelo econômico, o modelo liberalista, e, em âmbito político, um único modelo, o da democracia liberal». Daqui o seu convite a «escutar as exigências de todos os povos da terra», porque não existem «povos de série A e de série B, não existem membros do Conselho de Segurança e todo o resto; devemos considerar todas as exigências expressas por todos os povos». Uma proposta? «Partir de baixo, construir a sociedade civil, internacional. Nós temos muita confiança nas instituições, nos governos, nas organizações, nas autoridades, que são importantes. Mas, em muitas situações, sobretudo em sociedades divididas num mesmo país, que devem enfrentar, por exemplo, processos de reconciliação, é fundamental que este empenho parta dos relacionamentos interpessoais, dos relacionamentos intercomunitários, porém com a consciência de que estão realizando uma obra de reconstrução política, civil, social e institucional». Palestras cheias de entusiasmo, em diálogo com uma plateia representativa de todas as áreas do mundo, com as suas expectativas, desafios e riquezas. Os dois peritos ofereceram uma leitura documentada da atual situação sociopolítica mundial, complexa e em constante mudança. Uma contribuição que enriqueceu a reflexão a respeito da real colaboração de todos os que assumem como próprio os ideais dos Focolares e desejam contribuir para a realização da fraternidade universal e a construção da paz. Veja a entrevista completa (em língua italiana) – Transcrição em Português https://vimeo.com/140062041