
Maurizio Certini
Qual é a situação, quarenta anos depois? As condições de vida dos estudantes universitários estrangeiros, capazes, mas com poucos meios, certamente melhoraram, graças à liberação das taxas e à disponibilidade de alojamentos e restaurantes. Mas, para muitos, a trajetória de formação continua a ser uma corrida de obstáculos: a distância de casa, a necessidade de manter-se sozinhos, as dificuldades de estudar num contexto cultural pouco conhecido, a burocracia, os alarmes do consumismo. Quem conhece a história de muitos desses jovens fica tocado pela sua coragem, pelo exemplo de fortaleza nas provações e resistência das dificuldades. Os problemas mais sérios aparecem no segundo ou terceiro ano quando, ainda que bem-dispostos e motivados, não conseguem obter os créditos necessários para continuar nas residências universitárias. Para eles é como se se abrisse um abismo, e pode ser o começo de um processo deprimente, que leva ao abandono do estudo e ao desmoronamento de um sonho. Quantos jovens passaram pelo Centro nestes anos? Um enorme número. Com entusiasmo procurou-se ir ao encontro das tantas necessidades, buscando soluções, dando-lhes esperança. Muitos, desiludidos e desencorajados, conseguiram retomar a própria vida e completar os estudos. A experiência universitária no exterior representa uma ocasião cultural e profissional singular. Mas é preciso uma atenção especial para adequar, com criatividade, o trabalho institucional e associativo, que deve estar coordenado e atento às diferenças culturais e religiosas, colocando “no centro” os estudantes, para acompanhá-los integralmente em seu caminho.
Uma associação sustentada prevalentemente pelo voluntariado pode incidir sobre a sociedade e a política? Giorgio La Pira assumiu para si as palavras de um grande arquiteto renascentista, Leon Battista Alberti: «O que é a cidade? É uma grande casa para uma grande família». O mundo hoje é uma cidade global. Com a nossa ação, olhamos às cidades do mundo por meio dos olhares e das histórias dos numerosos “hóspedes”, abrindo-nos à reciprocidade. Em italiano, “hóspede” é aquele que acolhe, mas também aquele que é acolhido. No Centro procuramos gerar comunidade, conscientes de encontrar-nos num contexto social cada vez mais plural, que necessita de pessoas abertas ao diálogo, capazes de integração recíproca. Atualmente é muito forte a necessidade social de comunidade: o mundo está correndo, frequentemente alienado, cresce a opressão, a falsidade, a suspeita, o medo. O nosso pequeno “campo de jogo” dilata-se todo dia em nível municipal, nacional, internacional, estamos convencidos de que se vence apenas gerando comunidade, desejando constituir a sociedade como um corpo civil, colocando no centro a pessoa humana com a sua dignidade. Edição de Chiara Favotti




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