Movimento dos Focolares

A socialidade cristã implica a interdependência entre homem e mulher

Nov 10, 2012

Ainda no distante ano de 1942 Igino Giordani antecipa, assim, um dos temas do Concílio Vaticano II.

Giordani conta sobre um homem da antiguidade que «estando longe para o comércio, escreveu à esposa que ficara em casa e estava prestes a tornar-se mãe: “Se nascer um menino, eduque-o; se nascer uma menina, exponha-a”». Aquela pessoa, continua Giordani, «exprimia, com toda a simplicidade, a opinião que o paganismo idolátrico tinha sobre a mulher: um mamífero de usufruto e de prazer, considerado imensamente inferior ao homem e, em todos os casos, mantido por todas as legislações sujeito ao homem: enquanto menina sob a tutela do pai, quando esposa sob a do marido, quando viúva sob a dos filhos ou dos parentes. Nunca árbitra de si mesma.

O cristianismo mudou este estado de coisas ao estabelecer a igualdade espiritual da mulher com o homem, na paridade dos direitos e deveres, e ao subtrair a mãe dos caprichos do pai, mediante a indissolubilidade matrimonial, com a qual foi garantida a ela uma posição estável na sua casa. Em Cristo – ensinou Paulo apóstolo – «não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher» (Gl 3,28), mas somente espíritos, todos filhos de Deus e, portanto, igualmente irmãos.

A socialidade cristã implica uma interdependência entre homem e mulher: «a mulher é inseparável do homem e o homem da mulher, diante do Senhor». O homem pertence à sua mulher e a mulher ao seu homem, de fato, «se a mulher foi tirada do homem, o homem nasce da mulher, e tudo vem de Deus» (1 Cor 11,12).

Mas a verdade é que, na sociedade, a influência dela é menos que um terço. Um influxo absolutamente inferior aos seus sacrifícios, e ao número. E é um dano social enorme, porque faltando a ação das virtudes femininas, que são especificamente a piedade, a graça, o amor à paz e à ordem, prevalecem na sociedade as virtudes masculinas da força, da conquista, da aventura, às quais, como todas as virtudes, se não são temperadas e harmonizadas pelas outras, facilmente transbordam nos vícios contíguos.

Mas, é um fato, se a mulher é degradada o homem a segue na degradação. Porque a mulher pervertida passa a sua perversão aos filhos assim como a mulher reta, heroica, passa retidão e heroísmo a estes. Enfim, um caminho seguro para devastar uma sociedade é a corrupção da mulher.

Para que a sociedade seja substituída pela colmeia, e o homem pelo número, é preciso destituí-lo da reverência para com a mulher casta e fiel e desencadear as relações entre eles na licença sexual, pela qual ao sacramento sucede algo totalmente inverso.

Se a mulher é degradada o homem está pronto a todas as abdicações. A desumanização do homem – necessária para reduzi-lo a um autômato – começa por ela, como no Éden. As filosofias hedonistas, materialistas, propugnadas nas últimas gerações e que nos nossos tempos chegaram às primeiras vastas experiências práticas, levam ao fim da maternidade. E a maternidade é o princípio da vida».

A Sociedade Cristã, Città Nuova, 2010 (1942)

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