Movimento dos Focolares

Histórias de heroísmo cotidiano

Nov 19, 2012

Quando rompemos a casca da nossa comodidade para acolher o sofrimento de quem passa ao nosso lado. Canal aberto com o Congresso 2012 das pessoas que aderem ao Movimento dos Focolares.

São histórias e semblantes que compõem um quebra-cabeça de esperanças. Experiências de vida que edificaram os três dias do Congresso dos Aderentes (Castelgandolfo, 15-18 de novembro), compromisso esperado durante o ano inteiro e que teve a participação de mil pessoas. A próxima edição será em janeiro, com participantes de outras nações.

Tanino ensinou na Hungria, anos atrás. Acuado por possíveis “espiões” do regime entre os estudantes, contou: “Entrei na sala de aula procurando não pensar nos espiões, mas sim em descobrir o positivo que havia em cada aluno. Vi uma que estava muito séria. Parei para lhe perguntar o que havia. Ela me falou de uma criança doente, em condições de pobreza. Consegui com minha irmã uma ajuda, com roupas e outras coisas para a criança, e cuidamos dela”. Terminada a era do comunismo Tanino descobriu que a sua aluna era exatamente a espiã. “O importante é amar – concluiu -. Se eu tivesse procurado a espiã teria me distraído, sem perceber as dificuldades daquela aluna que mais precisava ser amada”.

Tomou a palavra Grace, italiana, de Catânia, com a sua história que envolveu a cidade numa ação contra o problema do jogo, que atinge inclusive menores de idade. Com 13 anos e 18 mil euros em dívidas de jogo, este é um peso gigantesco que pode levar um garoto à ideia do suicídio. Grace se deu conta disso no colégio e começou uma ação de sensibilização dirigida às mães, aos professores, ao bairro inteiro. Teve início uma campanha de coleta de assinaturas para que fosse aplicada a lei que proíbe salas de jogo próximo às escolas e a publicidade na imprensa e televisão.

Como redescobrir que somos irmãos? Foi este o leitmotiv dessas experiências, que não provêm apenas da Europa. A apresentação dos centros sociais Bukas Palad (em tagalo, “de mãos abertas”), nas Filipinas. Cuidados com crianças desnutridas em terceiro grau, educação à higiene, ajuda médica, sustento à distância para sair do cerco da pobreza, abertura de creches (500 crianças só este ano), formação profissional para jovens: com o lema “de graça recebestes, dai gratuitamente”, em 20 anos o Bukas Palad ajudou mais de 90 mil pessoas suscitando a reciprocidade, de forma que quem recebe ajuda por sua vez começa a ajudar.

Há pessoas que estão sós e que esperam um sorriso, um gesto concreto. E assim há quem chega a emprestar o próprio salário, a procurar uma estufa no dia de Natal, a abrir a porta para uma cigana, indo além dos normais preconceitos e descobrindo nela uma irmã. “Conhecemos Pietro – contaram Luigino e Ester, 44 anos de matrimônio – um ancião, morador de rua. Procuramos ir ao encontro das necessidades dele, dar algumas roupas, hospedá-lo em nossa casa. Num domingo de Páscoa ele perguntou se Luigino podia dar um banho nele e cortar suas unhas. Ao dizer que sim experimentamos uma alegria profunda por ter amado e servido Jesus em Pietro”. Poderíamos continuar com os 37 participantes do Líbano, com o sacerdote anticonformista, com as experiências dos jovens do Peru, do Panamá, e muitos outros.

O Congresso terminou, mas continua por meio das opções de cada um. Dele partiu uma mensagem: se tomamos a sério as palavras do Evangelho –“Tudo o que fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25,40) – são desinstalados os hábitos cômodos, a regra de ouro (“faça aos outros o que gostaria que fosse feito a você”) torna-se um princípio “razoável”, através do amor ao irmão os conflitos podem ser transformar em relacionamentos renovados.

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