Movimento dos Focolares

Mariápolis Ginetta e Polo Spartaco: a coragem da mudança

Jul 31, 2024

“Com o Genfest Deus voltou a bater à porta do Brasil e pede para ser respondido, ter a coragem de fazer coisas novas”, são palavras de Margaret Karram na Mariápolis Ginetta, durante uma visita “relâmpago”, ao lado do copresidente, Jesús Morán.

“O carisma da unidade, de Chiara Lubich, é uma graça para o nosso tempo que experimenta uma mudança de época sem precedentes e pede uma reforma espiritual[1]”.



No site oficial da Mariápolis Ginetta, a mais desenvolvida das três Mariápolis permanentes no Brasil, a sua história começa a ser narrada com esta frase do Papa Francisco que mostra muito bem o que caracterizou os últimos anos deste lugar: caminhar em direção a uma mudança organizacional, para testemunhar melhor a fraternidade vivida no quotidiano e para responder às necessidades e exigências das pessoas que visitam a Mariápolis, e do ambiente no qual ela encontra-se inserida.

Tudo isso concretizou-se com o início de um processo de atualização e de uma gestão mais participativa, e menos centralizada, das várias realidades que a compõem. Cada realidade possui um conselho ou comissão de gestão, composto por pessoas da Mariápolis e por profissionais do setor, que trabalham em sinergia com o conselho da Mariápolis. “Corresponsabilidade” é a uma palavra-chave da Mariápolis Ginetta, juntamente com um olhar rumo ao futuro e à constante busca de realizar a sua missão: “acolher, formar, testemunhar e irradiar”.

Em 2022 a Mariápolis Ginetta comemorou 50 anos de vida e, daquele primeiro grupo de focolarinas, numa casinha sem luz nem gás, hoje conta com 454 habitantes que vivem naquelas terras e nos arredores.

Dezenas de milhares de pessoas passaram por lá nestes anos: muitos os jovens que transcorreram um período ou alguns anos para aprender a viver a fraternidade em seu dia a dia, ou para tomar um caminho de consagração a Deus no Movimento dos Focolares, e ainda, famílias, sacerdotes, religiosos, e inúmeros visitantes.

A Mariápolis Ginetta encontra-se no município de Vargem Grande Paulista, que está a apenas uma hora do trânsito desenfreado da megalópole de São Paulo, e a mudança de cena quando se chega é total: muito verde, casas, nenhum arranha-céu, parques com espaços para as crianças. Um pequeno centro, vivível, ao lado de uma metrópole, é o valor a mais deste lugar. “Nós nos transferimos há seis anos, de São Paulo” – conta um jovem casal, com três crianças. É uma das 14 famílias que, nos últimos anos, vieram de várias cidades para criar os próprios filhos “num lugar aonde aprendem a tratar os outros com amor, onde há espaço para viver a vida em uma escala humana”. Este, e mais a “Escola dos jovens” que está para iniciar a sua oitava edição, são sinais de uma renovada vitalidade social da Mariápolis.

“Atualmente existem na Mariápolis muitos dos elementos que formam uma convivência urbana” – explicam Iris Perguer e Ronaldo Marques, corresponsáveis da Mariápolis Ginetta. “Existem as moradias, um ‘centro da cidade’, representado pela estrutura do Centro Mariápolis e pela Igreja de Jesus Eucaristia; a Editora Cidade Nova, um centro de audiovisuais, ambulatórios médicos, vários ateliers, a já famosa padaria e cafeteria “Espiga Dourada”, os projetos sociais ao serviço da população mais carente. E o Polo Spartaco, uma área comercial e produtiva na qual as empresas atuam segundo os princípios da Economia de Comunhão; a seção brasileira do Instituto Universitário “Sophia ALC” (América Latina e Caribe)”.

“Esta nova modalidade de gestão participativa que vocês estão atuando – comentou Margaret Karram – é uma oportunidade extraordinária de abertura da Mariápolis para outras pessoas que querem contribuir na sua edificação, para formar-se e fazer uma experiência de unidade. Devo dizer-lhes que, depois de ter participado do Genfest, nasceu no meu coração uma grande esperança; tive a forte impressão de que, nestes dias, Deus bateu novamente à porta do Brasil, e pede que se responda e sustente tudo o que nasceu nos jovens. E esta Mariápolis também, com a Mariápolis Glória e a Mariápolis Santa Maria, agora tem uma nova possibilidade de vida evangélica, vivida em uma comunidade social”. ”.

Mariza Preto conta que o Polo empresarial também iniciou um corajoso caminho de desenvolvimento e abertura.

“Em 2016, um débito acumulado nos anos, por causa de pagamentos não realizados, indicava claramente que a sustentabilidade financeira do Polo estava em risco. Os empresários não tinham motivação, preocupados porque no horizonte não se via ninguém interessado a iniciar uma nova atividade no Polo. Foram anos difíceis, nos quais se tentou muitos caminhos, inclusive o de estabelecer relações com empresários da região, o que levou a realização de eventos comuns e momentos de diálogo e encontro. Mas a reviravolta aconteceu em 2019, quando organizamos uma feira, no Polo, e a maior parte dos expositores eram externos. Naquele período, a sociedade de gestão do Polo, Espri, tinha muitos galpões vazios e a fragilidade financeira crescia. Foi então que o conselho do Polo deliberou a admissão de empresas e empresários que, embora não conhecendo a Economia de Comunhão, queriam agir segundo os seus princípios. Aconteceu assim o ‘renascimento’ do Polo: agora, cada empresa que deseja vir é submetida a um processo de conhecimento da vida empresarial que vivemos aqui e adere às linhas de gestão de uma empresa da Economia de Comunhão”. ”.

Passados 30 anos da sua fundação, o Polo Spartaco é composto hoje por nove edifícios, nele encontram-se 10 empresas com um total de 90 dependentes.

“Aqui a economia de comunhão está viva – disse Jesus Morán. Além do aspecto carismático, aqui se vê o aspecto produtivo que funciona, e está acontecendo a passagem a uma nova geração dos empresários. Tudo isso mostra que entramos numa fase nova, na qual a profecia de Chiara Lubich é viva. Agradecemos a todos os pioneiros, aqueles que iniciaram a acreditaram, e permitiram que chegássemos até aqui”. ”.

É por meio da SMF, Sociedade Movimento dos Focolares, que a Mariápolis Ginetta se empenha localmente em várias obras sociais. A SMF reforça a comunidade e promove o acesso aos direitos e garantias de proteção, especialmente para as crianças, os jovens e as mulheres em situação de vulnerabilidade social. As três obras sociais nas quais os moradores da Mariápolis trabalham, atuam no campo da prevenção para jovens em condições de vulnerabilidade, realizam ações de acompanhamento com as suas famílias e acolhem pessoas em situação de rua. Esta é uma gota no mar das necessidades de dignidade, trabalho e justiça de muita gente e, como explicou Sérgio Prévide, vice-presidente da SMF, “é apenas uma peça do projeto cultural, baseado na fraternidade, que queremos desenvolver no território da nossa cidade”.

Stefania Tanesini


[1] Mensagem do Papa Francisco para a abertura do encontro internacional “Um carisma ao serviço da Igreja e da humanidade”, por ocasião do centenário do nascimento da Serva de Deus Chiara Lubich.

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