Movimento dos Focolares

A esperança além dos temores

Abr 24, 2018

A unidade entre cristãos e muçulmanos é possível. Os participantes do Congresso realizado em Castelgandolfo (Roma), de 19 a 22 de abril, provenientes de 23 diferentes países, retornaram com esta convicção. Um flash sobre a tarde do dia 21 de abril.

Foto: © CSC Audiovisivi

Durante o congresso “Juntos para dar esperança. Cristãos e muçulmanos em caminho no carisma da unidade”, promovido pelo Movimento dos Focolares, na tarde do sábado, dia 21, realizou-se uma sessão aberta da qual participaram muitas personalidades e promotores de um diálogo entre cristãos e muçulmanos atuado na vida cotidiana. Na abertura, a saudação da Presidente do Movimento dos Focolares, Maria Voce: «Já são 52 anos desde quando estamos percorrendo um caminho juntos, cristãos e muçulmanos, iniciado em 1966, quando foi aberta uma comunidade do focolare em Tlemcen, na Argélia. Para Chiara Lubich, cujo ideal é “Que todos sejam um” – a Unidade, certamente soou mais forte esta dádiva, inclusive fora dos nossos recintos cristãos. Foi fundamental viver e compartilhar a assim chamada “arte de amar”». Entre os presentes, S.E. D. Miguel Ayuso, secretário do Conselho Pontifício para o diálogo inter-religioso. «No panorama mundial de hoje – ele afirmou – que vive uma profunda transformação rumo a uma sociedade cada vez mais multicultural e multireligiosa, o Movimento dos Focolares há tempos está comprometido em promover o diálogo entre crentes, a fim de que o pluralismo religioso da humanidade não seja causa de divisão e de guerras, mas contribua a construir a fraternidade e a paz no mundo». Teve a palavra também o Imã de Florença, Elzir Izzeddin, presidente da União das Comunidades Islâmicas na Itália, com quem, há vários anos, os Focolares mantem um relacionamento profundo e frutuoso de colaboração. «Somos todos irmãos. Não é nosso objetivo fazer uma única religião, mas construir pontes. Com o diálogo podemos ir ao encontro daquela esperança que vai além dos medos que foram gerados devido ao terrorismo internacional. Trabalhamos juntos para ir além dos nossos temores». Entre outros, houve o testemunho da comunidade austríaca dos Focolares com os refugiados sírios. Conta Hedy Lipburger: «Em 2015, chegaram ao sul da Áustria centenas de refugiados. Não podíamos ignorá-los e assim fomos até eles, para ajudá-los». E Mohammad Kamel Alshhada, refugiado sírio, continua: «Precisei deixar o meu país, não tive escolha, porque de outra forma eu teria que seguir o Estado Islâmico e ensinar suas ideias, porque sou professor. Nos primeiros três meses, nos campos de refugiados na Áustria, estive deprimido e sem esperança, não podíamos falar com os moradores locais. Depois, pela primeira vez, algumas pessoas do Focolare falaram conosco e interessaram-se pela nossa situação. Nós nos sentimos aceitos e valorizados, como se alguém nos tomasse pela mão e ajudasse, passo a passo, a começar uma vida nova». E enfim, o forte testemunho de unidade entre Mohammad Shomali, diretor do Centro Islâmico da Inglaterra, e Piero Coda, reitor da Universidade Sophia, de Loppiano (Itália), que fundaram “Wings of Unity”, um itinerário de seminários para jovens cristãos e muçulmanos objetivando um aprofundamento dos respectivos credos e de um caminho de diálogo e paz. Afirma Shomali: «Se pedimos sinceramente a Deus que nos guie, para entender-nos melhor entre nós, Deus nos guiará. Devemos pedir a Deus para conversarmos. Em 2016, em Loppiano, Piero Coda acolheu esta minha ideia e disse que devíamos encontrar um nome para este projeto. Assim surgiu o nome “Wings of Unity”, “asas de unidade”». E Piero Coda: «Percebi em tudo isso um claro projeto de Deus. Então propus a Shomali um pacto: “queremos pedir a Deus que seja ele mesmo a tomar nas mãos o nosso coração, a nossa mente?”.  Ele o recebeu com alegria».

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