Movimento dos Focolares

A “Pessoa” na África Subsaariana

Mai 16, 2013

Concluiu-se na Mariápolis Piero (Nairobi, Quênia), a 10ª Escola para a inculturação. Participaram 287 pessoas: jovens, sacerdotes e leigos, de todas as regiões do continente africano.

A África ao sul do Saara, unificada no pensamento de seus povos: «Um terreno onde construir um futuro melhor – afirma Gisèle Moulatsa, do Gabão – não para ficar fechados no nosso pequeno mundo, mas para abrir-nos cada vez mais à família universal». Uma afirmação cheia de significado, na conclusão de um encontro que reuniu participantes das várias nações africanas. O que é a escola para a inculturação? Na Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi, Paulo VI exprimiu a preocupação pela fratura entre Evangelho e cultura, vendo nela o drama do nosso tempo. Auspiciava que esse vazio fosse preenchido abordando as várias culturas com mais interesse e atenção. A evangelização das culturas, como salientou também João Paulo II, é a forma mais profunda e completa para que a mensagem de Cristo penetre nas consciências e nos costumes das pessoas, em suas atividades, nas suas instituições e estruturas. Em sintonia com o pensamento dos Papas, em maio de 1992, durante uma viagem a Nairobi (Quênia), Chiara Lubich fundou a Escola para a inculturação, inspirada no carisma da unidade. Naquela ocasião definiu o seu objetivo: encontrar o modo de dialogar com as culturas e os valores africanos, para favorecer a evangelização entre os povos do continente. Este ano foi aprofundado o tema “A pessoa na África Subsaariana”, examinado sob a perspectiva da antropologia africana na sua raiz comunitária e segundo as especificidades das regiões geográficas do continente, na perspectiva bíblico-semítica e dos escritos do Novo Testamento, dos documentos do Concílio Vaticano II e da contribuição da espiritualidade da unidade. Os participantes puderam ainda partilhar numerosas experiências, enriquecendo de vivência os trabalhos de reflexão acadêmica. «A análise de alguns aspectos da nossa cultura à luz do Evangelho coloca-nos diante de valores divergentes, Jesus é exigente», explica Vital Muhindo, do Congo. «Os desafios existem: não é o Evangelho que deve entrar nas nossas culturas, mas as nossas culturas na lógica do Evangelho». Neste contexto Victorien Kone recordou o momento da morte de sua filha, Joëlle, aos seis anos de idade. Segundo a sua cultura a menina não podia ser sepultada porque estava ainda na expectativa de tornar-se pessoa. «Mas como não dar a ela um funeral digno? – contou o pai -. Mesmo sendo ainda pequena, espiritualmente Joëlle era muito grande! Tinha um relacionamento profundo com Chiara Lubich, era amada por todos, crianças e adultos. O funeral aconteceu, com a participação de muitas pessoas, um grande exemplo de vida. Este modo de agir surpreendeu, mas foi um testemunho que influenciou a mentalidade comum». Esta edição da Escola para a Inculturação contou com um grupo de jovens do Movimento dos Focolares de várias partes do mundo, que participaram dela para o lançamento de “Compartilhando com a África”, uma etapa do mais vasto Projeto Mundo Unido (UWP), ao mesmo tempo em que no Burkina Faso, com a Semana Mundo Unido 2013, realizava-se uma atividade no departamento de pediatria de um hospital; na Nigéria um Genfest com mil jovens – cristãos e muçulmanos – e na Costa do Marfim o Projeto Mundo Unido era apresentado à Comissão Nacional da Unesco.

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