John: “Nosso filho, que cursava o penúltimo ano do ensino médio, já no primeiro dia de aula disse à Claire, minha esposa, que não voltaria à escola porque não suportava estar com outras pessoas. Desde então ele permaneceu fechado no quarto, de onde saía somente quando tinha certeza que dormíamos. Não conversava mais comigo e, com Claire, esporadicamente. Confesso que não foi fácil constatar que eu era rejeitado pelo meu filho. O que me ajudava a seguir em frente é a frase de Jesus: ‘Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros’ (Jo 13,34). Houve uma noite na qual ele tomou a trágica decisão de suicidar-se, e, enquanto chamávamos a ambulância, ele fugiu pela janela, e desapareceu na escuridão. Os policiais coordenaram a busca na região, mas, não o encontraram. Logo depois, espontaneamente, ele decidiu voltar e assim pudemos interná-lo. Passar uma semana na terapia intensiva especializada para pacientes com síndrome de pânico, agorafobia e claustrofobia é um período muito longo! Ficamos ao lado dele noite e dia. Fizemos turnos de maneira que, quando ele acordava, um de nós estava sempre ao lado da cama: era o único modo que tínhamos para amá-lo concretamente. Após a internação, conseguimos convencê-lo a fazer uma terapia. Não podendo fazer nenhuma outra coisa, com minha esposa, dávamos todo o apoio nas coisas práticas, confiando este nosso filho a Deus e pedindo a Ele para cuidar de tudo. E nós constatamos que Ele realmente cuida, inclusive inserindo-o em um grupo de jovens que, mesmo em situações difíceis, se ajudam reciprocamente”. Claire: “Ele tornou-se muito amigo de uma das jovens e, com o tempo, também ela passou a frequentar a nossa casa. Embora tivesse muitos problemas, entre os quais a dependência química, ela demonstrava compreender tudo que o nosso filho vivia. Ela o ajuda a superar nos momentos de ansiedade; enquanto ele a sustenta nas difíceis tentativas de abster-se da droga”. John: “Mas, depois de pouco tempo, romperam a relação porque nosso filho é contrário ao uso de qualquer tipo de droga. Aquela jovem acabou sendo internada contra a sua vontade e, depois da internação, tudo indicava que conseguira livrar-se da dependência química. Depois, eles tentaram reatar a relação com uma base mais sólida: ‘drogas, nunca mais’. E, mais tarde, decidiram se casar”. Claire: “Um mês antes do casamento nosso filho telefona muito aflito e me diz: ‘Mamãe, ela voltou a usar drogas; o que devo fazer? ’ Não era fácil responder a tal pergunta. Eu poderia aproveitar a ocasião e convencê-lo a cortar a relação com aquela jovem, mas, pareceu-me que não era a atitude mais correta. Então, eu sugeri que ele ouvisse o próprio coração: ‘Nós constatamos que você a amou com sabedoria e a amou até o fim; agora, este é o momento de dizer que a sua parte terminou. Mas, compreendemos também que você possui um amor ‘sábio’ e que você pode ainda doar este amor. Então, continue tentando”. Houve um longo silêncio e, depois, ele me disse: ‘Creio que posso amar um pouco mais’. Depois do casamento, eles encontraram um excelente centro de recuperação que oferece também suporte ambulatorial domiciliar. Durante 14 longos meses ela conseguiu manter o compromisso assumido: ‘drogas, nunca mais’. Foi uma longa caminhada para todos, mas, o amor evangélico que procuramos manter entre nós, eu e meu marido – mesmo entre lágrimas – nos dá a força de amar o nosso filho, que se encontra nesta delicada situação. Um amor que, talvez, o ajude a compreender como amar a esposa dele”.
Ser “próximo”
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