O Patriarca Atenágoras e Chiara Lubich, protagonistas da unidade. Recomeçar não é e nunca foi fácil, sobretudo se o tempo escavou valas, se certas diferenças tornaram-se cultura, se, para complicar as coisas, se tem também a certeza de agir corretamente. Não estamos distantes da realidade ao afirmar que era mais ou menos esta a situação em meados do século XX entre a Igreja católica e a Igreja ortodoxa, depois que, durante séculos, por um milênio inteiro havia sido cultivada a separação. Depois, a virada história. Atenágoras, Patriarca Ecumênico e Chiara Lubich, fundadora do Movimento da unidade, de gloriosa memória, são os célebres e inesquecíveis protagonistas do ecumenismo, iniciadores do “Diálogo da Caridade”, bem como os grandes idealizadores do diálogo do povo. Com a própria vida humilde, séria, disponível, com a dedicação, com o amor e a oração, foram os primeiros protagonistas e iniciadores de uma nova era ecumênica; amaestraram os povos, dando-lhes coragem, força, paciência, fidelidade, disponibilidade, amor e unidade. No fundo, a solução era simples e o Patriarca dizia: «Vivemos isolados, sem ter irmãos, sem ter irmãs, como órfãos e por muitos séculos. Por quê? O irmão é a porta. Aqui está o segredo!». Os inesquecíveis protagonistas do “Diálogo da Caridade”, os grandes idealizadores do diálogo do povo se encontraram 27 vezes, de 1967 a 1972 (morte do Patriarca). O primeiro encontro histórico de Chiara Lubich na sede do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla foi em 13 junho de 1967, embora, ainda hoje, aquele momento não tenha sido devidamente valorizado em toda a sua dimensão. O Patriarca aprovou e acolheu, com amor e seriedade, o carisma de Chiara, uma espiritualidade mística que é a espiritualidade da Igreja, a ponto de considerar aquele encontro «como um extâse», e tornou-se sempre mais convicto de que, vivendo as palavras do Testamento de Jesus, seria possível chegar logo ao Único Cálice. Com palavras comoventes dizia: «Seria para mim um dia de Paraíso». Não foi preciso muito tempo para que o Patriarca se declarasse «focolarino» e começasse a chamar Chiara Lubich com o nome de “Tecla”, por que podia ver nela o zelo da antiga apóstola, ele que repetia sempre «temos sede da espiritualidade». Ao mesmo tempo, também Chiara ficou profundamente tocada. Para ela, o Patriarca «era visto como um Arcanjo que luta e lutará até o fim pelo seu ideal, um homem de Deus, confirmado na caridade e paciência heroicas». Com sua espiritualidade e maravilhosa personalidade, Chiara não só preparou essas duas principais e preciosas Pontes: Paulo VI e Atenágoras, mas também conseguiu unir as duas Pontes. Através dos encontros entre ortodoxos e católicos, o vínculo do amor mútuo mitigava a dor de não poder compartilhar a Eucaristia, aliás, tornava amável esta cruz, vista como contribuição do povo cristão para o Único Cálice. «O Papa é o nosso líder — assim diz o Patriarca a Chiara —; vejo, às vezes, o Papa “em aflição”, porque ele conhece tudo aquilo que de negativo existe no mundo. Por isso, me coloquei cem por cento a seu serviço. Eu o sigo, o entendo, o amo, o respeito, o admiro». Seguindo este caminho de cinquenta anos, fiz pessoalmente a proposta ao professor e sacerdote Piero Coda, Reitor do Instituto Universitário “Sophia”, da instituição de uma Cátedra Ecumênica como sinal de gratidão aos dois extraordinários protagonistas da fraternidade entre a Igreja ortodoxa e a Igreja católica. Esta proposta recebeu uma grande e cordial aceitação, com a benção do Patriarca Bartolomeu e a convicta adesão da Presidente dos Focolares, Maria Voce. Apresentamos do íntimo do nosso coração um “grande obrigado”, e oferecemos essas belíssimas flores, a Atenágoras e a Chiara, enviados por Deus, os quais deram a própria vida, sobretudo tudo para a realização da vontade de Deus: “Que todos sejam um” que se realizará como dom do Espírito Santo. Metropolita Gennadios Zervos, Arcebispo ortodoxo da Itália e Malta do Patriarcado ecumênico de Constantinopla
Valorizar o positivo de cada pessoa
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