Andrea Cardinali, jovem escritor, conta como foi a quarta edição do Summer Camp dos Ragazzi di Armonia que aconteceu em julho na Terra Santa. É uma narrativa pessoal de uma experiência e de uma terra capaz de tocar a alma como poucos lugares no mundo. Há viagens das quais você volta relaxado porque foram como férias; de outras, você volta precisando descansar alguns dias pelo sono acumulado; e ainda há outras das quais você retorna se perguntando: “Mas… onde estive?” Às vezes, se vive tudo tão intensamente que falta o momento da pergunta, a fase em que o homem se interroga sobre o sentido, o lugar, o porquê. Não é necessariamente ruim. Pelo contrário. Sobretudo quando se trata de passar a maior parte do tempo com crianças ainda sem a consciência de serem “prisioneiras” no seu local de nascimento, a Palestina. O fato de faltar o momento da pergunta não é um sintoma de pouca reflexão. Em algumas viagens, talvez as maiores, funciona assim mesmo, você parte quando diz um “sim” quase inconsciente e mergulha de cabeça na aventura. Não é mais possível pensar no ponto de vista de uma pessoa de fora, você está saindo tanto de si mesmo, que viaja pelo sentido por dentro. Estive na Palestina por 18 dias, arrastado por Antonella Lombardo e as meninas maravilhosas da escola Dance Lab di Montecatini (Itália), algumas das quais havia encontrado no inesquecível Genfest Let’s Bridge em 2012. “Harmonia entre os Povos” nasceu em 2005 na tentativa de usar a arte e a dança como instrumentos de unidade entre povos e culturas. Depois de várias edições italianas e workshops com adolescentes provenientes de vários países, há alguns anos nasceu, graças à colaboração do padre Ibrahim Faltas, o projeto Children without borders que nesse verão chegou a sua quarta edição na Palestina. Fui o último a me juntar a essa comitiva de artistas-educadores e, com Luca Aparo do Sportmeet, começamos a nos mover também na área esportiva que sabemos que é muito preciosa para aprender a se divertir respeitando a diversidade de cada um. Depois de duas semanas de workshops artísticos, subimos no palco com as crianças no dia 14 de julho no Teatro Notre Dame de Jerusalém e no dia 16 de julho, na Fundação João Paulo II de Belém, representando o encontro histórico de São Francisco de Assis com o Sultão do Egito Malik Al-Kamil que ocorreu há 800 anos, em 1219. Para enriquecer as duas noites, também estava conosco o cantor Milad Fatouleh, conhecido na Itália pela música Una stella a Betlemme, votada como a melhor canção estrangeira no Sequim d’Ouro 2004. Havia muitas personalidades políticas e religiosas presentes nos dois espetáculos para celebrar o encontro do Cristianismo com o Islamismo, sinal profético do diálogo inter-religioso e de uma paz que é possível.
Andrea Cardinali
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