Abr 15, 2019 | Sem categoria
Os contínuos e longos blackouts em todo o país paralisam os serviços básicos e as atividades comerciais tornando dificílima a vida da população. Um drama humanitário que cria inclusive profundas fraturas sociais. Rosa e Óscar Contreras, família da comunidade dos Focolares, contam como é possível não se deixar arrastar pelo desespero e continuar, com fé e coragem, a ser tecedores de fraternidade. “A situação continua a piorar – conta Rosa –. Algumas semanas atrás, após 105 horas sem energia elétrica, a nossa cidade estava destruída, sobretudo no âmbito comercial e financeiro. O que torna tudo mais complicado é a ausência ou a presença não constante de serviços públicos como a distribuição de água, a coleta do lixo, a telefonia e internet. E, depois, o fato de que os blackouts nacionais continuem…” “De qualquer forma, sentimos que, também neste momento, a vida deve continuar – explica Óscar –. Conseguimos reabrir a nossa empresa, que produz artigos em madeira e em acrílico, e retomar algumas atividades. É sempre um desafio permanecer de pé e operativos apesar da redução das vendas. Enorme é o esforço para poder respeitar os compromissos em relação aos fornecedores e aos dependentes, sem que isto represente um risco de falência. Com criatividade e disponibilidade a mudar constantemente de estratégia, reagimos à hiperinflação e às complexas políticas fiscais.
Para isto, procedemos com uma mudança total nas estruturas salariais dos dependentes, encontrando novos modos para melhorar a renda deles, encorajar uma maior motivação ao trabalho e obter resultados melhores. E neste meio tempo, também os imprevistos não faltam. Até algum tempo atrás, estávamos em condições de viajar para ir visitar as pessoas e estar perto delas, mas, neste momento, o nosso carro foi danificado e consertá-lo é caro, os tempos longos dependem também da falta de eletricidade. Entretanto as nossas economias estão acabando, mesmo se a Providência de Deus não nos abandona e recentemente conseguimos comprar algumas coisas necessárias para nos mantermos neste período”. “E percebemos uma quantidade inimaginável de oportunidades para viver radicalmente o Evangelho – continua Rosa –. Diariamente nos vizinhos e nos parentes encontramos muito desespero e mil necessidades que obrigam a ficar atentos, cada momento, a compartilhar aquele pouco que temos. Cada vez nos perguntamos o que Maria, José e Jesus fariam no nosso lugar. Vimos com alegria que um bom grupo de vizinhos, ao invés de ficarem fechados na própria casa, começou a fazer amizade, fruto, nos parece, de muitas iniciativas que realizamos em silêncio para ajudar e gerar estas relações”. “A realidade, porém, é que estamos exaustos fisicamente, mentalmente e emocionalmente – confidencia Óscar – mas, embora estando assim, temos a certeza de que o Espírito Santo nos ajude e, através de nós, seja Ele a poder dar aos outros a alegria e a esperança que procuramos transmitir. Uma semana atrás, mesmo se estávamos sem energia elétrica, pensamos em nos encontrar com um grupo de jovens e adolescentes do Movimento para compartilhar experiências, reflexões e assistir a um filme juntos. Todos contaram que estes dias difíceis são, todavia, favoráveis para gerar muita comunhão nas famílias deles: graças à ausência de telefones celulares, tv, escola, trabalho e outros compromissos, nascem diálogos profundos nas famílias e se abordam questões das quais nunca se fala. Muitos puderam rezar juntos e compartilhar com os vizinhos aquilo que tinham. Interessante é constatar que existe em todos uma atenção diferente quando se adquire algo, porque se faz isso não só em função da própria família, mas avaliando quanto possa ser útil também a outros”.
elaborado por Anna Lisa Innocenti
Abr 9, 2019 | Sem categoria
Na Colômbia uma Fundação para as crianças obrigadas a combater ou trabalhar nas plantações de coca. “Criar um lugar onde as crianças pobres encontram dignidade, possam pensar em realizar os seus sonhos e trilhar uma estrada onde se formem com uma mentalidade de justiça e paz”. Com estes objetivos Padre Rito Julio Alvarez, sacerdote da diocese de Ventimiglia-Sanremo, criou em 2006, no coração da região de Catatumbo, no nordeste da Colômbia, a Fundação Oásis de Amor e de Paz.
Localizada em uma das áreas mais carentes da região, onde Padre Rito nasceu e viveu durante 20 anos, a ONG quer oferecer uma oportunidade de resgate a muitas crianças que são alistadas nas milícias de guerra ou constrangidas a trabalhar nas plantações de coca naquele país. Esse objetivo amadureceu da experiência pessoal de Padre Rito, que – lê-se no site da Fundação http://www.oasisdeamorypaz.org/ – “desde pequeno conheceu a guerrilha, os grupos revolucionários ilegais que muitas vezes passavam pela aldeia e procuravam convencer as crianças menores a alistarem-se. Alguns de seus colegas, com 11 ou 12 anos, cederam aos agrados dos revolucionários e foram mortos nos confrontos com o exército regular. Também o seu melhor amigo de infância foi embora com os grupos armados e foi morto aos 14 anos. Não se teve notícias nem mesmo do seu corpo, que foi abandonado”. “Nos anos 90 – conta – os cidadãos do território iludiram-se pensando que, plantando coca, mudariam de vida, ao invés isso agravou a situação. Em 1999, chegaram os paramilitares e houve grandes massacres”. Tornando-se sacerdote em 2000, da Itália Padre Rito observava o sofrimento da sua gente ferida pela guerra pelo controle das plantações de coca, na qual combatiam paramilitares, grupos armados do governo e guerrilheiros. Num território de 250 mil habitantes cerca de 13 mil foram mortos em poucos anos. Também seus familiares foram constrangidos a deixar aquelas terras e muitos de seus amigos morreram.
Sentia uma grande necessidade de ajudar aquelas pessoas. Juntamente com seus familiares decidiu construir uma casa para as crianças-soldado e para aquelas que trabalhavam nas plantações de coca em Catatumbo. “Começamos em 2007 – recorda – num pequeno barraco onde acolhemos inicialmente 10 meninos. Não tínhamos nada de dinheiro, mas muita boa-vontade. Organizamos as camas, minha irmã fazia o papel de mãe e cozinhava. Minha mãe emprestou-me os talheres, os prato, as panelas e a roupa de cama. Foi assim que se iniciou a nossa aventura”. Hoje, a Fundação tem duas sedes, projetos de criação de peixes e de gado e plantações de bananas e café. Centenas de crianças são acolhidas: alguns tornaram-se formadores e são responsáveis pela ONG. Um deles, que tinha entre os parentes um traficante da região, empenhou-se na política. “Tenho a satisfação de ver na Fundação aquelas crianças que vi recolhendo folhas de coca com as mãos cheias de feridas – é o pensamento emocionado do Padre Rito – aqui elas crescem e vivem num ambiente de paz, sentem-se seguras e podem pensar num futuro diferente. Tudo isso empulsiona-me a ir em frente sem medo. A confiança no Senhor dá-me a certeza de que esta obra poderá continuar”.
Claudia Di Lorenzi
Abr 2, 2019 | Sem categoria
Profundo conhecedor do continente asiático onde viveu quase 30 anos e do qual falava várias línguas, Silvio Daneo, falecido recentemente, deu uma importante contribuição no âmbito do diálogo interreligioso, não apenas no Movimento dos Focolares. Nos últimos anos, era comprometido em favor dos mais sós e marginalizados. Agora descansa no cemitério de Loppiano, Itália. “Não é fácil concentrar em poucas linhas uma vida intensa e aventurosa como a sua. No seu último livro, publicado recentemente, afirmava ter vivido sete vidas!, descobrindo constantemente a riqueza do divino em cada pessoa encontrada”. Com estas palavras Maria Voce, Presidente dos Focolares, recordou Silvio Daneo, que viveu muitos anos da sua vida para difundir a espiritualidade da unidade em muitos países, desde a América do Norte à Ásia: Estados Unidos, Filipinas, China, Hong Kong, Macau, Taiwan, Índia, Tailândia, Paquistão e ainda Singapura, Malásia, Indonésia e Vietnã. A primeira viagem foi aos 21 anos, em 1962. A direção era os Estados Unidos para iniciar, juntamente com outros dois focolarinos, o primeiro centro masculino do Movimento na América do Norte. Quatro anos depois, voou para a outra parte do mundo: com Guido Mirti, conhecido no Movimento como Cengia, chegou nas Filipinas. Na Ásia, no decurso dos anos, contribuiu para o nascimento dos Focolares em muitos países. Tinha um amor incondicionado pelas pessoas, sem esquemas pré-estabelecidos, voltado para o bem da pessoa humana: ajudava todos com coração generoso para que pudessem perceber o amor divino através do serviço concreto e quotidiano. Poucos discursos e muitas ações concretas. Uma vez, acompanhou um jovem do Movimento a um templo budista para a sua ordenação. Dormiu no chão por várias noites, comendo aquilo que os monges lhe ofereciam, suportando as temperaturas mais elevadas, sendo picado pelos mosquitos. Foi um gesto que marcou o início do diálogo interreligioso na Tailândia. Silvio deu uma contribuição fundamental para o conhecimento dos monges budistas tailandeses. Em 1995, organizou o primeiro encontro entre o monge budista Phra Mahathongrattanathavorn e Chiara Lubich continuando a acompanhar depois o seu desenvolvimento até que a saúde o permitiu. Silvio conhecia muçulmanos, hindus, gurus e relacionava-se com todos procurando sempre o bem das pessoas que tinha diante de si. Pessoalmente, senti-me muito enriquecido pela sua pessoa: devo a ele a abertura que sinto dentro de mim para as grandes religiões e o não sentir barreiras diante de pessoas que têm uma crença diferente da minha. “Descrevi repetidas vezes – escreveu num dos seus últimos livros – que, em cada país asiático em que vivi e do qual procurei assimilar cultura e tradições, fui enriquecido pelo conhecimento das várias tradições religiosas. Tive muitas ocasiões de conhecer pessoas praticantes das mais diferentes crenças religiosas, e precisamente dos seus testemunhos de vida, de oração, de meditação, de coerência, de dedicação aos outros, de honestidade no agir quotidiano, nasceu dentro de mim a exigência de conhecer o conteúdo das doutrinas ensinadas pelas respectivas religiões”. Em 1990, trabalhamos juntos na abertura de uma rua comercial no Vietnã, com sucesso. Em Bangkok, um dia, ele surpreendeu-nos quando curvou-se para tratar as feridas de alguns trabalhadores que construíam a estrada na frente da casa: ajoelhou-se, desinfetou as feridas deles e fez os curativos. Era um gesto impensável naquele tempo que impressionou aqueles trabalhadores simples. Depois, por iniciativa propria estes trabalhadores construíram a rampa de acesso entre a casa e a estrada, sem aceitar nenhum pagamento, com grande surpresa de todos. Silvio encontrou bispos, sacerdotes, Imã, Rabinos e monges, cumprimentando-os muitas vezes nos idiomas de origem deles. “Se alguém quisesse elogiar-me – escreveu Silvio Daneo na introdução do seu último livro – involontariamente cometeria um erro. Estou convencido, ao menos espero, de ter sido nada mais do que um instrumento, muitas vezes pouco dócil. (…) Todo o mérito e o reconhecimento vão a Ele, a Deus, o único capaz de realizar coisas grandes. Nos últimos anos em Roma, marcado pela doença, não desanimou, consumando-se pelos encarceirados, pelas pessoas sós, abandonadas, recolhendo alimentos e muitas outras coisas que pudessem ser úteis a elas. Há cerca de um ano, ao encontrá-lo, juntamente com um grupo de monges budistas tailandeses, pude perceber como a doença o tinha purificado. Continuava com o mesmo sorriso inconfundível e um rosto luminoso, apesar do grande sofrimento. Porque a vida é também isso – pensei – saber chegar até ao fim conservando aquilo que conta, sabendo transformar em amor, cada vez mais forte, todo o sofrimento que vem ao nosso encontro.
Luigi Butori
Mar 28, 2019 | Sem categoria
Após a conclusão do primeiro Congresso internacional dos encarregados dos Focolares pela proteção das crianças e adolescentes a Presidente Maria Voce e o Copresidente Jesús Morán escreveram uma carta a todos os membros do Movimento sobre o compromisso dos Focolares nesse campo. “Convidamos todos vocês a se comprometerem com grande responsabilidade por este objetivo tão importante de promover a proteção integral e a garantia das crianças e dos adolescentes”. São essas as palavras da Presidente Maria Voce e do Copresidente Jesús Morán numa carta enviada no dia 27 de março a todos os membros dos Focolares no mundo após a conclusão do primeiro congresso internacional dos encarregados dos Focolares para a proteção de crianças e adolescentes. (Ver carta em anexo) Com 162 participantes provenientes de 38 Países de todos os Continentes este encontro, realizado de 14 a 17 de março, em Castel Gandolfo (RM), foi uma ocasião para fazer um balanço do compromisso dos Focolares pela proteção e garantia de cada pessoa; compromisso desde sempre presente no Movimento como demonstram as múltiplas atividades de formação, as iniciativas e os projetos realizados no mundo inteiro para a promoção da infância e da adolescência. Diretrizes e comissões para a proteção das crianças e adolescentes De abril de 2014 o Movimento produziu também as “Diretrizes para a proteção integral e garantia dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes” e em 2015 foi constituída uma Comissão Central para a Promoção do Bem-estar e a proteção da criança e do adolescente (CO.BE.TU.). No mundo foram constituídas comissões locais ou estão presentes encarregados qualificados. A função dela é “promover atividades de formação para os nossos membros, especialmente para aqueles que desempenham atividades com crianças e adolescentes”. As Comissões têm também a tarefa de receber denúncias de supostos abusos e realizar verificações internas. Maria Voce e Jesús Morán explicam na carta que nesses anos receberam cerca de vinte dessas denúncias e comunicam: “Com profunda tristeza, devemos reconhecer que, inclusive na nossa grande família dos Focolares, se verificaram alguns casos de abuso contra menores causados por pessoas do Movimento ou por pessoas que participaram de manifestações organizadas por nós. A maioria dos episódios ocorreu em um passado distante (até mesmo há mais de 20 anos), mas infelizmente alguns aconteceram em um passado recente. E também estavam envolvidos membros consagrados”. A instituição da Comissão Central e daquelas locais – afirmam com grande gratidão a Presidente e o Copresidente – foi de ajuda não só para facilitar as denúncias de casos de supostos abusos, mas também “para entender como fazer justiça às vítimas, como acompanhá-las, bem como as suas famílias e que medidas internas efetuar em relação aos autores dos abusos, além, naturalmente, do percurso judicial previsto pelas leis dos respectivos países”. Tolerância zero Maria Voce e Jesús Morán reafirmam a linha de “tolerância zero” do Movimento dos Focolares em relação a qualquer forma de violência, abuso, maus tratos, bullyng, atuados diretamente ou pela Web, em relação a qualquer pessoa, com especial atenção aos menores e aos adultos vulneráveis. “Isso também significa – explicam – denunciar às comissões locais ou à Central qualquer suspeita de abuso ou violência”. E consideram “uma verdadeira tentação pensar em não relatar casos para o bem do nosso Movimento, para evitar um escândalo, para proteger a boa reputação de alguém”. De modo especial acrescentam que “cada único caso significa uma profunda purificação para o Movimento. Nós a aceitamos com humildade e com profunda compaixão por aqueles que, talvez até por nossa falta de atenção, sofreram traumas indescritíveis.” Um compromisso global, que não se limita aos membros dos Focolares e que, como Maria Voce e Jesús Morán observam na conclusão da carta, deveria se abrir sempre mais para toda a humanidade. “não podemos deixar de sentir, como nosso, o grito de dor de todas as crianças e adolescentes do mundo. (…) ”. Carta Maria Voce e Jesús Morán -Proteção de crianças.PT
Mar 19, 2019 | Sem categoria
Somos filhos de Deus e podemos assemelhar-nos a Ele em suas características próprias: o amor, a acolhida, o saber esperar pelo tempo dos outros. No banco Trabalho em um banco e sempre procurei ser um elemento de união entre os colegas, por isso fiquei muito mal quando, um dia, descobri que um deles me usava para falar mal do seu responsável. Naquela noite, na igreja, prometi a mim mesmo afastar todo pensamento negativo sobre aquele colega, e acolhê-lo como sempre. Em seguida, tendo conseguido um outro trabalho ele pediu demissão e, ao se despedir, agradeceu-me por ter sido sempre um amigo para ele. Não esperava por isso, mas fiquei feliz por saber que o meu esforço não tinha sido em vão. (F. S. – Suíça) Uma fé madura Cada dia que passa o meu marido perde mais memória e habilidades, e eu mesma não consigo mais me dobrar para pegar alguma coisa… mas, será essa a vida? Quando escutei o Papa Francisco falar aos jovens sobre os idosos, voltou a esperança e uma força nova para enfrentar as dificuldades da velhice e as doenças. Eu sempre rejeitei a fé como panaceia de todos os males, foi preciso uma vida inteira para chegar a uma fé mais madura. (F. Z. – Polônia) Duas horas preciosas Hoje era o meu dia de voluntariado no hospital, mas chovia e eu estava cansada: no fundo, eu tenho 62 anos e sofro de artrose. Mas, pensando naqueles doentes fui, mesmo assim. Quando cheguei ao hospital encontrei um paciente deprimido, nu, paralisado, sem ninguém que o acudisse. Passei duas horas com ele, procurando dar-lhe tudo aquilo que eu era capaz. E pensar que ontem à noite, fazendo um balanço do dia, eu me sentia inútil! (M. – Itália) Sozinha Quando meu marido morreu, apenas dois anos depois do nosso casamento, eu me perguntei como poderia criar sozinha as minhas filhas. Encontrei a resposta na Palavra de Deus, que é Pai de todos. Bastava que eu conseguisse colocá-la em prática. Eu provei isso muitas vezes, principalmente quando, com o crescimento delas, os problemas ficaram mais complexos: a escolha do tipo de escola, as amizades, os divertimentos… Às vezes sinto a mesma desolação de muitas pessoas, sozinhas como eu, que levam para frente uma família; é então que, continuando a acreditar no amor de Deus, encontro o equilíbrio, a possibilidade de entabular um diálogo com minhas filhas, inclusive sobre as questões mais delicadas. (I. C. – Itália)