Movimento dos Focolares

Renascer todos os dias

Hoje, 1 de janeiro, celebramos o Dia Mundial da Paz e, nesta ocasião, propomos um pensamento de Igino Giordani (1894-1980) que recorda como viver em paz faria de cada dia um Natal.

Sendo que o Natal é considerado, pela maioria, como uma grande festa, mais suntuosa do que sagrada, é bom retornar sobre alguns dos aspectos temáticos deste evento, pelo qual a história do mundo foi partida em duas seções, uma antes, a outra depois. (…)

Um contraste que já caracteriza a originalidade infinita de um Cristo-Rei, que nasce de uma pobre mulher, num estábulo. Não parece realmente um Deus, e nem mesmo o mais suntuoso dos homens, mas o último deles, colocado, imediatamente, no nível da degradação mais apavorante. (…)

O início da sua revolução não prevê a soberba, mas a humildade, para atrair ao céu os filhos de Deus, a começar daqueles que comiam e dormiam no chão: os escravos, os desempregados, os forasteiros: a escória.

Nasce, com aquele infante, a liberdade e o amor: a sua liberdade é liberdade de amor. Esta é a imensa descoberta. (…)

A vida, na paz, consentiria fazer de cada dia um Natal.

E esta é a revolução de Cristo: fazer-nos renascer continuamente contra a maldição da morte. O máximo mandamento, portanto, é amar o homem, que é como amar Deus. Amar o outro até dar a vida por ele.

(Igino Giordani, Il Natale come rivoluzione, Città Nuova, Roma 1974, n.24, p.18)

Bruxelas: no espírito de solidariedade

Um compromisso que envolve forças políticas, instituições, movimentos eclesiais, organizações da sociedade civil e, na linha de frente, os jovens. Este foi o clima que se vivenciou durante a Conferência “Corpo Europeu de Solidariedade e Função Pública na Europa”, em 24 de outubro de 2023, em Bruxelas (Bélgica). Jesús Morán, Copresidente do Movimento dos Focolares, presente no encontro, compartilha suas impressões. Na terça-feira, 24 de outubro, Bruxelas (Bélgica) estava inesperadamente ensolarada, ao contrário do que prevíamos na tarde do dia 23, quando chegamos à capital belga e fomos recebidos por uma forte chuva. Para os habitantes de Bruxelas, cidadãos de inúmeros países europeus, ver tanto sol em pleno outono era uma novidade; para nós, foi um bom sinal do que iríamos viver naquela manhã no imponente edifício do Parlamento Europeu. Às 9h15min, numa sala de seminários com capacidade para 30 pessoas, teve início o encontro promovido por três associações de inspirações muito diferentes: o Movimento Europeu, a Associação Caterinati e o Movimento dos Focolares, no âmbito do Corpo Europeu de Solidariedade (CES), uma iniciativa da Comissão Europeia capaz de reunir parlamentares de todos os setores políticos graças ao seu background de grande valor e construtivo. O evento foi também uma homenagem e recordação de David Sassoli – Presidente do Parlamento Europeu que morreu em 11 de janeiro de 2022. Para mim foi a segunda participação em um evento desse tipo. O primeiro remonta ao período anterior à pandemia e foi realizado no Parlamento Europeu em Roma. A providência quis que justamente nesta terça-feira a Comissão para a Cultura do Parlamento Europeu aprovasse quase por unanimidade, enquanto estávamos iniciando a sessão, o relatório sobre as atividades do CES para o período 2021-27. O Movimento dos Focolares não foi representado apenas por mim, como Copresidente, mas também por membros do Movimento Político pela Unidade, New Humanity (presente com 3 jovens) e do “focolare europeu”, com sede em Bruxelas e que interage com muitas pessoas das instituições europeias, acolhendo também imigrantes e promovendo atividades de diálogo e partilha de ideais. Não vou me deter nos detalhes do evento que podem ser lidos nos vários comunicados de imprensa divulgados nos últimos dias. Gostaria, sim, de enfatizar a enorme importância destes eventos, aparentemente menores e minoritários, que, pelo contrário, podem traçar a linha de uma mudança de rumo nas relações internacionais, nas dinâmicas da configuração social das nações e dos povos; que oferece à Europa um fisionomia diferente, mais alinhada com a ideia dos fundadores da União do que estamos habituados a ver, sobretudo nestes tempos, e mais coerente com a sua verdadeira identidade baseada em valores com indiscutíveis raízes greco-latinas e cristãs, como a solidariedade, a abertura, a tolerância, a comunhão, a democracia, a transcendência, a liberdade, a fraternidade e a paz. Além disso é extremamente significativo que iniciativas como o CES tenham os jovens como protagonistas. De fato, compete a eles liderar a mudança de paradigma que todos esperamos. Os mais de 300 000 jovens que participaram do programa de solidariedade da Comissão ao longo dos anos mostram que estes são os objetivos para os quais estão dispostos a empregar todas as suas energias intelectuais e morais. Os jovens não recuam se lhes oferecermos metas elevadas e facilitarmos o seu caminho. Neste momento dramático do mundo, a esperança vem deles e do seu desejo de mudança. Os jovens, que possuem a solidariedade em suas veias, podem deter a deriva de incompreensão, polarização, ódio e violência que aflige o mundo. Com iniciativas como essa, esses jovens criam cultura – uma cultura de alto nível – porque não só trabalham pelas causas mais nobres, mas constroem novas relações, compartilham experiências e tradições e são enriquecidos por sua diversidade. Ao final do encontro, percebeu-se uma alegria especial em todos os participantes, o que não era uma certeza, sobretudo entre os parlamentares, acostumados a confrontos intermináveis e, por vezes, disputas de poder implacáveis. O sol de Bruxelas nos revelou, enquanto nos dirigíamos ao aeroporto, que o nevoeiro se dissipará dos nossos corações se formos um pouco mais generosos e dermos importância ao que realmente tem valor. Só isso já torna tudo mais bonito, até mesmo esta bela cidade.

Jesús Morán

Lua de mel na JMJ

Lua de mel na JMJ

Benoît e Chloé Mondou, um jovem casal francês, escolheram começar o caminho matrimonial participando juntos da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa (Portugal).

“Inicialmente, queríamos passar a nossa lua de mel fazendo um tour pela Europa, mas quando vimos a oportunidade de ir à JMJ, não hesitamos nem por um segundo!” Benoît e Chloé Mondou se casaram em Alta Saboia (França), uma semana antes da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa (Portugal). Ele tem 24 anos e ela tem 22; se conheceram há sete anos em um grupo de escoteiros, no qual são muito ativos, e atualmente são guias voluntários. Benoît conhece a espiritualidade do Movimento dos Focolares desde criança e, por meio dele, Chloé também começou a participar. E foi justamente com um grupo de jovens do Movimento de língua francesa, provenientes da França, Bélgica e Suíça que partiram para Lisboa. “Não abandonamos a viagem pela Europa”, explicam, “mas achamos que era realmente importante ir à JMJ. Agora podemos dizer que marcou fortemente uma etapa do nosso casamento”.

Benoît e Chloé também participam de um projeto social na cidade deles, que consiste em encontrar as pessoas hospedadas em casas de repouso. “Temos a sorte de ter sido criados na mesma religião”, explica Chloé, “mas também temos a sorte de ficar felizes em rezar juntos. Como consequência, a participação na JMJ deu uma dimensão ainda maior da fé que ambos professamos. Muitas vezes, nos separávamos e depois nos reencontrávamos para as orações ou adoração, encontrando assim momentos para rezar juntos”. “E era muito forte”, confidencia Benoît, “porque no cotidiano não temos realmente a oportunidade de rezar juntos. Em Lisboa, passar o tempo juntos, mesmo se em grupo, foi forte. Pessoalmente, acredito que seja uma experiência que se deveria fazer pelo menos uma vez na vida. E, se estiver em casal, é melhor ainda”.

Foram fundamentais os momentos vividos com o papa Francisco. “Para mim, a coisa mais importante que o papa disse”, afirma Chloé, “foi quando lembrou que somos todos amados e cada um assim como é, porque quando se faz parte de um grupo, às vezes, tende-se um pouco a criar a própria personalidade para aparecer, para ser aceito. Mas em lugares como aquele, percebemos que na verdade é assim que vivemos uns com os outros, é assim que somos naturais e é assim que Deus nos ama mais”.

“Eu, das palavras do papa”, continua Benoît, “sinto que aceito um desafio que está no meu coração: procurar ser Jesus. Ele convidou um milhão e meio de jovens que estávamos em Lisboa a voltar aos nossos países, difundir a boa nova, ajudar o próximo e fazer os outros progredirem com a palavra de Cristo”.

“Na JMJ”, reflete Chloé, “descobri um novo modo de viver a minha fé. Entendi que há muitos modos de viver a fé e não importa se uma pessoa canta pelas ruas e outra prefere ficar sozinha no fundo de uma igreja. É preciso que, dentro de uma família, todos encontrem o próprio lugar e o próprio jeito de rezar”.

“Partimos de Portugal com uma fé muito maior”, conclui Benoît. “Esta experiência tornou ainda maior o desejo que já tínhamos de criar nossos filhos na fé e educá-los com o Evangelho. Depois do casamento religioso, precisávamos desta JMJ, da peregrinação, do recolhimento, da oração. Tudo isso nos fez muito bem.”

 Anna Lisa Innocenti

“Não tenham medo, coragem!”

“Não tenham medo, coragem!”

Essas são as últimas palavras com as quais o papa Francisco saudou os jovens e todos os participantes da Santa Missa que concluiu a JMJ 2023.

É difícil descrever o que vivemos nestes inesquecíveis dias de graça. Bem sei que pode parecer óbvio dizer, nesses casos, que é preciso vivê-los para entendê-los. Mas é verdade! É certamente verdade nesta ocasião. Participei de quatro JMJ, as duas primeiras e as duas últimas, e posso testemunhar que há algo especial que envolve estes dias e que não dá para explicar. Uma conhecida figura pública portuguesa, agnóstica e amante do cinema, escreveu um artigo de jornal dizendo que aquilo que contemplou nas ruas de Lisboa neste verão tão quente foi o filme mais bonito que ele já viu. Impossível não se deixar contagiar pela alegria e pela vivacidade que os jovens que chegavam à “cidade-luz” – e que a enchiam com a outra luz que traziam dentro de si – transbordavam como torrentes: nos bairros, nos centros comerciais, no metrô, nos ônibus, nos bares, nas áreas verdes ou nas de concreto, em pequenos grupos ou em grandes inundações humanas multicoloridas, sonoras, loquazes, multicarismáticas, com uma simpatia que aquecia o coração. Caminhando entre eles, eu via os habitantes da cidade perplexos e curiosos. Se Lisboa, com a sua mágica e indescritível beleza, foi um presente para esses jovens, eles não o deixaram de ser para essa cidade, que se orgulhará de ter visto um milhão e meio de jovens reunidos para celebrar a fé em Cristo. Algo realmente inédito.

O trabalho da Igreja portuguesa e do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, organizador do evento, foi extraordinário, bem como o da cidade, das suas autoridades civis. Mas não há dúvida de que a coroa de glória é dos jovens. Quem poderia imaginar algo assim depois de três anos de uma grave pandemia e em meio a uma crise institucional, como a que a Igreja Católica está passando devido a abusos de vários tipos! Se hoje a imprensa espanhola deu destaque ao caso de uma jovem com 5% de visão que afirma ter recuperado a vista nos últimos dias, para mim o verdadeiro milagre foi a fé viva desses jovens, expressa na sua linguagem típica e com uma infinidade de gestos audaciosos e desconcertantes. De fato, se por um lado manifestaram um entusiasmo transbordante cantando e dançando, o momento mais emblemático – entre outras coisas, o verdadeiro centro desta jornada – foi mais uma vez a adoração eucarística da vigília: mais de um milhão de pessoas se ajoelharam sem que ninguém dissesse para fazê-lo, para adorar em um silêncio “ensurdecedor” Aquele que consideram o “coração do mundo”!

­Impossível não se emocionar. Naquele momento, o fado com o qual nos presenteou a cantora Carminho, foi de arrepiar: “Tu és a estrela que guia o meu coração/ És a estrela que ilumina o meu caminho/ És o sinal de que guias o destino/ Tu és a estrela e eu sou o peregrino”. E podemos nos perguntar: que força de atração um pequeno pedaço de hóstia pode exercer sobre uma multidão tão grande de jovens espalhados por um campo de mais de 3 km (100 campos de futebol)?

Poderíamos pensar que os jovens que se reuniram em Lisboa são gente boa, com a vida em ordem, jovens educados, que não se contaminam com os problemas dos outros. Ledo engano. Um grupo internacional deles lutou durante anos para elaborar um quadro artístico de extraordinária beleza e eficácia visual, um palco monumental, uma espécie de andaime gigante sobre o qual desfilavam como mímicas etéreas, deixando-se cair amarrados a cordas e levando a cruz de um lado para o outro, para cima e para baixo. A sensação de vertigem era contínua, e a escolha desse gesto não foi casual: em cada estação, com algumas notas de reflexão falada e muita visualidade, foi expressa claramente a vertigem que impregna a vida dos jovens de hoje: vícios, falta de sentido, futuro incerto, desprezo pela vida, relacionamentos tóxicos. Motivos esses carregados pela cruz, ou melhor, carregados nos ombros do crucificado, para depois se transfigurarem em vida nova.

Certamente os momentos-chave desta JMJ, como das anteriores, foram os encontros com o Papa. Outro elemento desconcertante e típico desse evento: por que os jovens amam tanto os papas, independentemente do caráter deles, seja tradicional, intelectual ou reformista?

Para além desses pontos salientes, o programa destes dias foi pontilhado com muitos outros eventos, menores, mas não menos significativos, como concertos musicais nos centros nevrálgicos da cidade, encontros por nacionalidade, partilha com pessoas engajadas na Igreja em nível paroquial ou associativo, e sobretudo as várias catequeses dirigidas pelos próprios jovens, que tiveram como oradores principais os bispos de diversas partes do mundo. Todas essas foram ocasiões para aprofundar o lema da JMJ: Levanta-te. (Rise up)

“Não tenham medo, coragem!” O papa Francisco parecia dirigir-se a toda a Igreja com essas palavras. Porque não há dúvida de que é preciso coragem. E nisso os jovens são chamados a serem protagonistas. Eles são o presente e o futuro de uma Igreja renovada pelo Espírito. Uma Igreja que, como Francisco repetiu várias vezes, quer ser uma casa para todos, sem exclusões, e recuperar o impulso profético que a permeia. Uma Igreja que caminha com uma nova confiança, aquela confiança que encontra em si mesma e além de si: em Jesus Cristo. Uma Igreja que quer acolher toda a humanidade na humanidade ressuscitada de Jesus de Nazaré, como diz um conhecido teólogo.

Talvez eu seja um pouco otimista, mas nestes dias vi uma Igreja jovem que está um pouco além da provação, ou pelo menos está confiante em superá-la. Os milhares e milhares de jovens que encontrei em Lisboa me ensinaram isso. Não problematizam, não se fossilizam na crítica, ao contrário, algo (a sua pureza, talvez, refinada na dor e na incerteza) os leva a concentrar-se no centro da fé com o coração dos simples. E, como diz o Mestre, é deles o Reino dos Céus (cf. Mt 5, 1-12).

Resumo em três imagens tudo o que quis expressar neste artigo: jovens que caminham, que caminham por Lisboa (símbolo do mundo), por vezes exaustos pelo calor e pelo cansaço acumulado após noites de pouco sono. Jovens com a vertigem da cruz nos ombros, na qual todos os seus sofrimentos estão escritos. Jovens ajoelhados em adoração, conscientes de que em um pedaço de pão está toda a vida, uma vida que não passa. A Igreja viva, a de sempre, a de hoje, a do futuro.

Jesús Morán

No coração da JMJ

No coração da JMJ

Os jovens esperam pelos próximos compromissos com o papa, aos quais se prepararam faz tempo e, nesses primeiros dias em Lisboa (Portugal), participaram dos encontros “Rise UP”. Vamos descobrir o que são esses encontros.
Enquanto escrevemos, a XXXVIII Jornada Mundial da Juventude chegou à metade e os quatro primeiros dias muito intensos já fazem parte da vida de mais de meio milhão de jovens que, no dia 3 de agosto de 2023, acolheram o papa Francisco no coração de Lisboa (Portugal), no Parque Eduardo VII, rebatizado de “Colina do Encontro”, para indicar a dimensão fundante desta JMJ: o relacionamento com Deus, com si mesmos e com os outros, para construir um mundo de paz, sustentabilidade e fraternidade.
Aos gritos de “Deus ama todos”, em uma Igreja na qual há espaço para todos, Francisco abriu oficialmente a JMJ portuguesa e podemos ver as notícias diárias nas mídias.
Porém, o que corre o risco de ficar em segundo plano é o grande trabalho de atualização que a Igreja, no sentido mais universal do termo – feita pelos jovens junto com seus educadores, sacerdotes e bispos, e diversas realidades eclesiais – fez, a fim de que esta Jornada Mundial fosse um lugar em que os jovens “se reencontrassem” em suas perguntas, na busca consciente ou nem tanto de Deus para tê-lo como companheiro de vida, na realização de espaços de partilha, inspiração e escuta recíproca.
 
“Rise Up” Meetings: espaços para pensar, compartilhar, se inspirar
Com certeza, uma das maiores novidades desta edição são os encontros “Rise UP”, o novo modelo de catequese da JMJ que convida os jovens a refletir sobre grandes temas abordados durante o pontificado do papa Francisco: a ecologia integral, a amizade social e a fraternidade universal, a misericórdia.
Foram 270 encontros feitos em 30 línguas que se conectam todos ao tema geral da JMJ: “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lucas 1:39).
O Movimento dos Focolares também se envolveu nos encontros Rise Up – 3 reuniões de meio período cada uma – para os peregrinos de língua inglesa, encontrando em média 5000 jovens por dia. “Eu me senti protagonista desde o início”, conta Eunice, uma gen da equipe organizadora, “e o tema desta JMJ me inspira muito: eu também me sinto impulsionada a levantar-me e partir apressadamente, como Maria; sinto uma motivação forte a dar mais, a superar limites, cansaço e dificuldades, como ela fez quando foi visitar Isabel. Não parou, mas amou”.
Nos encontros, falaram Margaret Karram e Jesús Morán, presidente e copresidente do Movimento dos Focolares, juntamente com o cardeal Patrick O’Malley, de Boston (EUA), o arcebispo Anthony Fisher, de Sydney (Austrália), e o bispo Robert Barron, de Winona-Rochester em Minnesota (EUA).
Os jovens da JMJ de Lisboa
Fazer a experiência do amor de Deus e levá-lo a qualquer lugar em que esteja ou se sinta chamado foi o fio condutor dos encontros cheios de dinâmicas, música, oração e muita partilha. “Senti que, depois de um ano e meio de ‘isolamento’ depois da Covid, algo havia mudado em mim”, conta Pete, dos Estados Unidos, em sua primeira JMJ. “Decidi vir com os jovens da minha diocese para entrar no jogo. Queria sair da minha zona de conforto, conhecer jovens de outros países, ver como eles enfrentam os problemas. Ainda tenho muitas perguntas, mas encontrei aqui algumas respostas.”
Para os jovens da Eslováquia também não foi fácil decidir partir e se abrir a pessoas de outras culturas e a modos diferentes de fazer as coisas. Há uma grande expectativa sobre o que o papa vai dizer nos próximos dias. “Temos certeza de que as palavras dele ficarão nos nossos corações para sempre e nos ajudarão em diversas situações da vida.”
Esse encontrar-se, reconhecer-se como irmãos e irmãs talvez seja o traço mais característico deste evento; portanto, os testemunhos são os pontos centrais dos encontros Rise Up.
A vida verdadeira no centro
Como a de Lucas, que vive na Amazônia brasileira. Na JMJ do Panamá, ficou fascinado com a figura de Jesus e, ao voltar para casa, se propôs a participar de um projeto de ajuda às comunidades indígenas da sua terra. Durante 15 dias, com uma equipe de médicos, enfermeiros e psicólogos, juntamente com uns vinte jovens, levaram ajuda, tratamento e suporte a muitas pessoas que estavam longe de centros médicos. “Foi uma experiência incrível a de me doar de manhã até à noite, sem pausas”, conta Lucas. “O Projeto Amazônia me fez crescer muito como pessoa. O primeiro fruto de tudo isso sou eu: mudei, não sou mais o mesmo.”
Sofia, argentina, conta sobre o seu percurso existencial buscando fortemente um sentido. A um certo ponto, conheceu a figura da beata Chiara Luce Badano, cujo sim a Deus, também na dor, lhe deu forças para doar a própria vida na estrada de consagração do Movimento dos Focolares. E poderíamos continuar porque os testemunhos contados foram muitos, assim como as perguntas que os jovens fizeram aos bispos e aos líderes que falaram.
“Vim com o meu grupo de amigos a esta JMJ”, conta Pat, 19 anos, de Sidney, “e isso para mim é importante porque acho que para conseguir fazer a diferença no mundo, e também para tomar decisões pessoais, precisamos dos outros. A solidão é um problema de muitos jovens da minha idade e quero fazer algo quanto a isso, começando com querer o bem dos meus amigos e aqui entendi que esse é o caminho certo”.
São tantas as perguntas e também os medos desses jovens, mas não é só isso: esses jovens querem abrir-se, conhecer, vêm de histórias e existências diversas, geralmente opostas e, mesmo assim, estão aqui para encontrar o papa Franciso e para encontrar Deus na própria vida e encontrar amigos com quem compartilhar. A JMJ de Lisboa entrou no meio dos acontecimentos da sua viagem.

Stefania Tanesini

Para ler os discursos na íntegra:

Margaret Karram, discurso do dia 2 de agosto de2023, Encontro Rise up, JMJ Lisboa (Portugal)

Jesús Morán, discurso do dia 2 de agosto de2023, Encontro Rise up, JMJ Lisboa (Portugal)

Margaret Karram, discurso do dia 3 de agosto de2023, Encontro Rise up, JMJ Lisboa (Portugal)

Jesús Morán, discurso do dia 3 de agosto de2023, Encontro Rise up, JMJ Lisboa (Portugal)