Ago 28, 2019 | Sem categoria
Campus em Bolonha (Itália) sobre a legalidade, promovido pelos Jovens por um Mundo Unido dos Focolares. Um espaço de formação, participação e ações sociais para ativar processos de mudança e reconstituição do tecido social. De 20 a 28 de julho, cerca de 40 jovens de quase todas as regiões da Itália encontraram-se em Bolonha (Itália) para um Campus durante o qual empenharam-se concretamente pelos outros. Conheceram e trabalharam com associações e grupos comprometidos no âmbito civil, como a integração dos imigrantes e a luta contra os jogos de azar. Colaboraram com centros de férias e juvenis, encontrando juntos modos diferentes e originais de trabalhar. “O Campus – explica Francesco Palmieri, um dos organizadores – foi inspirado na experiência realizada primeiro em Siracusa, há alguns anos atrás, que teve muito sucesso e depois repetiu-se em Roma e em Turim. Este ano, em Bolonha, os jovens identificaram o bairro da Cirenaica, que é multiétnico, onde a situação social é muito complexa. “O Campus é uma experiência de empenho civil que parte dos jovens para outros jovens como nós, para responder a uma pergunta: podemos fazer alguma coisa?”. Portanto, fala-se de empenho pessoal, também durante os momentos de formação com vários especialistas, como magistrados, professores universitários, além de voluntários, sacerdotes e leigos empenhados em primeira linha no âmbito civil. O tema da legalidade foi abordado sob vários aspectos, como o acolhimento a migrantes, a luta contra as máfias e o jogo de azar. “Esta experiência do Campus – continua Francesco – enriquece-nos e faz-nos voltar para casa com muitas respostas a perguntas que talvez nunca nos tínhamos feito.” Entre os especialistas esteve presente a prof. Adriana Cosseddu, responsável pela rede internacional Comunhão e Direito. Fizemos-lhe algumas perguntas: Os jovens dos Focolares lançaram, em 2018, “Pathways for a united world”, seis percurcos por um mundo unido com ações e introspecções sobre seis grandes temas. Depois do primeiro dedicado a economia, comunhão e trabalho, com o segundo, este ano pretende-se aprofundar direitos humanos, justiça, legalidade e paz. Quais são os objetivos? “Trata-se de percursos que, juntamente com as Comunidades dos Focolares no mundo, os jovens empenham-se em viver como protagonistas, para contribuir para fazer da humanidade uma família. Os caminhos são muitos e este ano escolhemos quatro: abrir as portas ao diálogo e ao acolhimento para que os direitos humanos sejam reconhecidos e respeitados. Trabalhar com todas as forças pela paz, para que se possa superar a lógica do conflito com o encontro, e a paz seja almejada universalmente como um direito da humanidade. Mas para uma paz autêntica é necessário praticar a justiça, guardiã das relações que baseiam a convivência humana. E esta é a importância da legalidade, que exige também, através de normas e comportamentos, a activação de processos capazes de quebrar a lógica do lucro e do privilégio, da corrupção generalizada, de modo a promover a imparcialidade e a equidade”. Qual é o “algo mais” que o carisma da unidade traz ao Direito? “O carisma da unidade gera uma nova visão do outro: não o estranho ou um inimigo, do qual defender-se, mas uma dádiva, na riqueza da sua diversidade. A reciprocidade, que na lei se traduz em direitos – deveres – torna-se, no “algo mais” do amor mútuo, um apelo à responsabilidade em relação ao outro, do qual devo ter cuidado. Deste modo, se hoje o Direito tende a tutelar os direitos individuais, o horizonte que Chiara Lubich abriu foi aquele de um Direito que é “instrumento” de comunhão. E a comunhão indica um objetivo: trabalhar para que as relações humanas concretas, mesmo as que se desenvolvem sob o signo da lei, possam ajudar as partes envolvidas a olhar além de si mesmas e a reconhecerem-se mutuamente, na sua dignidade respectiva e segundo uma liberdade responsável, a abrir-se à colaboração. Assim se geram fragmentos de fraternidade”. Próxima etapa do percurso:
- Seminário internacional “Dos Direitos Humanos aos Direito à Paz: em cominho com a humanidade”, promovido pela rede internacional “Comunhão e Direito”, em Loppiano (Itália), de 19 a 21 de setembro de 2019
Ago 25, 2019 | Sem categoria
Com o dia mundial de oração pelo cuidado da criação, o dia 1º de setembro iniciará um mês rico de iniciativas pelo cuidado do meio ambiente e não só. Entrevista com Cecilia Dall’Oglio do Global Catholic Climate Movement. O que têm em comum a questão ambiental e o Ecumenismo? Muito, aliás, muitíssimo se se considera que em 1989 foi o patriarca da Igreja Ortodoxa de Constantinopla, Demétrio, a dar o impulso decisivo às diversas Igrejas cristãs para declarar conjuntamente o dia 1º de setembro Dia mundial de oração pelo cuidado da Criação. Neste ano a celebração se insere num ano carregado de ações globais pelo clima, graças inclusive à aceleração impressa pelos milhões de jovens que, com Greta Thunberg, se mobilizaram e sacudiram consciências e bateram às portas dos Parlamentos. “Não só os indivíduos, mas também as nossas comunidades deveriam se interrogar sobre a sustentabilidade ambiental das suas atividades”, defende Luca Fiorani, físico e coordenador internacional de EcoOne, movimento cultural que se inspira na espiritualidade dos Focolares em campo ambiental. “E para começar a mudar a mentalidade e adotar um estilo de vida ecológico é preciso antes de tudo se informar. Faço publicidade de mim mesmo: acabei de publicar um pequeno livro de menos de 80 páginas: “O sonho (louco) de Francisco. Pequeno manual (científico) de ecologia integral”. Conduzo pela mão o leitor entre os conceitos chave da encíclica Laudato Si’, os recentes resultados da negociação internacional sobre as mudanças climáticas e os dados científicos mais atualizados sobre o estado de saúde do nosso planeta”. Luca Fiorani nos explica também que faz uns dez anos que EcoOne colabora com o Global Catholic Climate Movement. Cecilia Dall’Oglio é responsável pelos programas da organização e lhe dirigimos algumas perguntas. Quais são as suas motivações pessoais de compromisso pelo meio ambiente? O desejo de não abandonar os meus irmãos e irmãs no mundo, que sofrem pelas mesmas causas pelas quais sofre a nossa Mãe Terra. O desejo de dar a minha contribuição a fim de que outros possam fazer a experiência direta de encontro, que pude fazer eu, com testemunhas de esperança, de Igreja viva empenhada pela justiça social. Na Laudato Si’ o Papa Francisco nos recorda, de fato, que não há duas crises diferentes, ambiental e social; mas uma única crise socioambiental a ser enfrentada com “uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza” (LS 139). Eu me empenhei por mais de vinte anos com a FOCSIV na coordenação de campanhas pela justiça social junto com os departamentos da CEI e com as agremiações leigas católicas e gostaria aqui de lembrar de modo especial o querido Marco Aquini do Movimento dos Focolares. Este anúncio, esta resistência ativa, deve ser realmente eficaz e libertar o pobre que grita e por isso agora estou feliz por colher o desafio atual a serviço do Global Catholic Climate Movement do qual o Movimento dos Focolares é membro ativo. Qual é o “algo mais” que a fé pode levar ao movimento ambiental? A fé é fundamental para levar ao campo ambientalista a abordagem da ecologia integral. A conversão ecológica e a adoção de novos estilos de vida são propostas para a alegria plena, aquela “sobriedade feliz” de que fala também o Instrumentum laboris do Sínodo especial da Amazônia, a plenitude da vida, a verdadeira liberdade. Todos os cristãos são chamados a serem guardiões da Criação de Deus porque “Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa.” (LS 217). O Global Catholic Climate Movement nasceu em 2015 para apoiar as comunidades católicas no mundo inteiro na resposta ao apelo urgente do Papa Francisco na Laudato Si’ através de uma conversão ecológica em nível espiritual que conduza a estilos de vida renovados e a uma participação conjunta dos católicos nas mobilizações pela justiça climática. O que é o “Tempo da Criação” e o que cada um de nós pode fazer para aderir?
O Tempo da Criação é um “tempo favorável”, um Kairós, durante o qual rezar e agir pelo cuidado da nossa casa comum. Acontece a cada ano de 1º de setembro, Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, a 4 de outubro, festa de São Francisco, e é celebrado por milhares de cristãos em todo o mundo. O tema deste ano, “A rede da vida: biodiversidade como dom de Deus”, é estreitamente conectado ao Sínodo dos Bispos para a região Pan Amazônica que acontecerá no próximo mês de outubro. Milhares de cristãos em todo o mundo celebram o tempo da criação realizando eventos. No site do Tempo da Criação estão disponíveis o guia para as celebrações e outros instrumentos em várias línguas. Graças ao tema escolhido para as celebrações, os eventos realizados farão sentir a nossa proximidade aos irmãos e irmãs na Amazônia e a todos aqueles que sofrem pela “mentalidade extrativista” que está destruindo não só a Amazônia, mas toda a Criação e são, portanto, um claro sinal da comunhão eclesial e do apoio na caminhada da Igreja rumo ao Sínodo.
Stefania Tanesini
Ago 20, 2019 | Sem categoria
No jargão internacional se chamam “expats”: são os jovens expatriados que encontraram emprego e refizeram uma vida para si no exterior. Cada um tem as próprias razões, cada um a sua história. Mitty, italiana, faz pesquisa sobre biossensores de glicose em uma universidade japonesa e vive na comunidade do Focolare de Tóquio. “Hoje a tecnologia tem um enorme poder em todos os campos e também no da saúde. Eu me sinto chamada a trabalhar neste campo para contribuir para dirigir a pesquisa técnica segundo escolhas éticas e não comerciais. Às vezes somos precisamente nós, engenheiros biomédicos, a inventar coisas que fazem com que o homem se torne um robô, mas não servem para a sua saúde”. Não há dúvidas: Maria Antonietta Casulli, para todos Mitty, tem as ideias claras. Estudou Engenharia biomédica na Itália, mas para o trabalho de conclusão de curso se mudou para a Suíça, na prestigiosa Ecole polytechnique fédérale de Lausanne (EPFL – Escola Politécnica federal de Lausanne) onde sucessivamente ganhou um doutorado de pesquisa. Portanto, todos os pressupostos para uma carreira totalmente em ascensão estavam presentes: um salário consistente, uma bela casa com vista para o lago de Genebra, ótimos amigos. O que podia querer mais? “E, no entanto – conta Mitty –, alguma coisa não funcionava: era o ano de 2013; estávamos em plena crise econômica e eu tinha uma vida perfeita. Mas do outro lado dos Alpes, na Itália, muitos amigos meus arriscavam se deprimir porque não encontravam emprego e eu não queria me fechar numa vida feita de carreira e dinheiro. Mas o golpe de misericórdia me foi dado por uma viagem às Filipinas onde me encontrei bem no meio de um dos tufões mais potentes e devastadores do mundo: o tufão Yolanda. O contraste que experimentei era enorme: este povo não tinha nada do que eu e os meus amigos tínhamos, mas vivia com “v” maiúsculo; a vida deles era plena, rica de relações e grande dignidade. Paradoxalmente isto me parecia o remédio para a crise que o meu continente, a Europa, estava atravessando: não se tratava só de uma crise econômica; era muito mais: um vazio dos valores fundamentais da vida”. Depois daquela viagem, Mitty não volta mais para a Suíça porque sente que deve retribuir a Deus aquela vida plena que Ele lhe deu. E assim, após um período na escola de formação dos focolarinos, faz dois anos que se encontra no Japão, onde vive na comunidade do Focolare de Tóquio. O estudo da língua a absorveu e, portanto, está fora do mundo do trabalho faz bem cinco anos. Poderia voltar a fazer pesquisa, sobretudo numa sociedade como a japonesa? “Justamente enquanto eu me fazia estas perguntas, um amigo de passagem me fala de um professor japonês, católico, de uma universidade de Tóquio que faz pesquisa nada menos do que sobre os biossensores de glicose: o assunto do meu TCC!”.
Tendo em vista que as probabilidades de encontrar alguém no Japão que se ocupe dos seus mesmos estudos são quase que nulas, Mitty compreende que Deus está em ação na sua vida e em seguida lhe dará contínuas provas disto. O professore lhe oferece a possibilidade de fazer o doutorado, mas de qualquer forma permanece um problema: “No Japão eu não teria um salário como na Suíça, aliás, deveria até mesmo eu pagar”. Também neste caso a resposta de Deus é surpreendente. Quase por acaso, Mitty se encontra fazendo uma entrevista diante de seis empresários de várias firmas japonesas: uma situação bastante difícil para uma jovem mulher estrangeira. “Senti que Deus estava comigo e que, no final, todos eles não eram senão pessoas a serem amadas. Isto mudou o meu modo de expor o projeto ou de ouvi-los nas várias intervenções. Durante uma hora falei do meu projeto, mas na que veio em seguida, respondi às perguntas deles sobre a minha escolha de vida como focolarina e de porque eu me encontrava no Japão. Recebi 100% dos financiamentos para o projeto e devo dizer que vi o poder de Deus abrir estrada nesta cultura e nestes ambientes num mundo que eu nunca teria imaginado. Depois, nem sequer 2 meses após o início do meu doutorado, o meu ex-professor suíço veio a Tóquio e pudemos organizar um seminário na minha nova universidade. Durante o jantar, observando os dois professores conversarem, me pareceu entender o que Deus quer agora de mim. Não só fazer pesquisa, mas construir pontes: entre universidades e empresas, entre Oriente e Ocidente. A mim cabe somente continuar a ser toda de Deus”.
Stefania Tanesini
Ago 10, 2019 | Sem categoria
Na conclusão da Mariápolis europeia, Maria Voce relança o valor e a atualidade daquele pacto mundial pela fraternidade selado há sessenta anos. O discurso completo da Presidente do Movimento dos Focolares.
“Se um dia os homens, não como indivíduos, mas como povos, se um dia os povos souberem pospor eles mesmos, a ideia que eles têm de suas pátrias, os seus reinos, e oferecê-los como incenso ao Senhor, (…) e fizerem isto por aquele amor recíproco entre os Estados, que Deus pede, como pede o amor recíproco entre os irmãos, aquele dia será o início de uma era nova, porque naquele dia, tal como é viva a presença de Jesus entre dois que se amam em Cristo, estará vivo e presente Jesus entre os povos (…)”*. É o dia 30 de agosto de 1959 e com estas palavras Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, esboça o sonho da unidade entre todos os povos, que se delineará como a tarefa confiada por Deus para a humanidade ao Movimento nascente. Enquanto os ecos da Segunda Guerra Mundial, com seus rancores e suas feridas, ainda ressoam, milhares de homens e mulheres de 27 países diferentes, representando todos os continentes, estreitam um pacto de unidade entre eles. É 22 de agosto, dia em que a Igreja católica celebra Maria Rainha e estamos no final da Mariápolis, no vale de Primiero. À distância de sessenta anos, no dia 10 de agosto passado, a Mariápolis europeia, concluída recentemente em Tonadico, quis celebrar o aniversário e relançar o valor e a atualidade daquele pacto pela fraternidade dos povos. Abaixo, o discurso de Maria Voce, presidente do Movimento dos Focolares. “Sessenta anos atrás, nesses lugares, parlamentares de diferentes nações se uniram em uma oração para consagrar o próprio povo, e todos os povos da Terra, a Maria. Cada um trazia consigo as razões e as esperanças da própria gente e devia responder a elas, responsavelmente, com escolhas políticas apropriadas. Tinham diante desafios importantes, em uma época marcada por conflitos ideológicos que estavam polarizando o mundo em blocos contrapostos e constituíam uma ameaça para a paz. Depois da guerra, havia cidades a serem reconstruídas, e comunidades a serem restauradas, promovendo o desenvolvimento econômico, garantindo a legalidade e assegurando serviços à cidadania. Eram problemas urgentes aos quais corresponder com competência política e paixão civil. E, no entanto, aqueles políticos não se reuniram em uma mesa redonda, não organizaram uma cúpula internacional, mas rezaram pela unidade dos povos. Foi uma escolha incomum, certamente, mas prenhe de futuro. O que se pede à política é que aja com competência e responsabilidade, que seja honesta e coerente, que tenha paixão e coragem. Mas o valor que mais qualifica a ação política é a longa visão do mundo, isto é, a capacidade de ver além, mais longe, para planejar as configurações futuras da sociedade e estimular o seu crescimento. Sim, nos momentos de crise e de reconstrução, decifrar a mudança pode ser importante, intuir o futuro pode fazer a diferença. E quanto mais longe se sabe ver, mais incisiva e transformadora é a ação no presente. Aqueles políticos que, há sessenta anos, pediram a Deus o dom da unidade e decidiram se comprometer com a sua realização, souberam ver muito além. Da sua adesão ao carisma de Chiara Lubich extraíram um grande ensinamento: o destino do cosmo é a unidade. Eles não receberam um esclarecimento apenas intelectual, porque a unidade era o estilo de vida e a norma da Mariápolis: dela se fazia experiência nos pequenos e grandes gestos e em escolhas diárias. A unidade vivida no Movimento nascente irradiava uma luz particular sobre as relações sociais que todos eram chamados a viver, em qualquer circunstância se encontrassem. A unidade sempre se apresenta, em qualquer época, como um modo novo e revolucionário de conceber a vida e o mundo. Não é simplesmente um ideal como tantos outros, porque brota da própria oração que Jesus dirigiu ao Pai quando, erguendo os olhos para o céu, rezou para que todos fossem uma coisa só. A partir dessa invocação, a história humana adquire forma e significado. Não é por acaso que um dos primeiros políticos a seguir Chiara Lubich foi o parlamentar Igino Giordani, que acolheu o ideal da unidade interpretando-o com a seguinte expressão eficaz: “a história é um quinto evangelho”, porque mostra a constante, progressiva, realização da oração de Jesus e, portanto, do desígnio de Deus para a Criação. Tudo está em marcha na direção da unidade: isso significa que as mudanças sociais que podem transformar positivamente o presente, são aquelas que acompanham os cidadãos, as associações, os Estados, em direção a um mundo mais coeso e solidário. O que sustenta a cooperação, a paz, a aproximação das comunidades e dos grupos está em linha com o progresso autêntico e fundamenta o desenvolvimento. Em outras palavras, se se quer realizar o bem do próprio povo, é preciso ocupar-se do bem dos outros. Por isso, sobre as asas de uma mensagem profética sempre atual, Chiara Lubich continuou a difundir a mensagem da unidade, dirigindo-se aos políticos e a todos os cidadãos engajados no social com a exortação de “amar o partido do outro como o próprio”, de “amar a pátria do outro como a própria”. Os desafios atuais não são menos urgentes do que os de sessenta anos atrás. Aliás, hoje é ainda mais evidente a necessidade de trabalhar pela unidade dos povos. Os processos globais em andamento mostram a interdependência planetária de Estados, nações e comunidades. É cada vez mais evidente que há um destino comum para todos os povos da Terra, e que os grandes temas da atualidade dizem respeito a questões vitais para todos: o cuidado do meio ambiente, as antigas e novas pobrezas, os conflitos invisíveis e as guerras conclamadas, as migrações em escala global (com frequência, fruto precisamente da pobreza, das guerras e das mudanças climáticas), a redistribuição das riquezas, o acesso aos recursos naturais, o reconhecimento dos direitos humanos. São questões transversais às diferenças culturais, civis e políticas. Portanto, introduzem os povos em um circuito de constante confronto, a fim de amadurecer processos de integração política e de convergência decisória. Sim, hoje, o devir da humanidade exige, em alto e bom som, a unidade. O Movimento dos Focolares está respondendo a este apelo, favorecendo o diálogo entre as diferentes partes políticas (por exemplo, com o Movimento Político pela Unidade), promovendo a comunhão de bens e a cultura do dar (com a Economia de Comunhão), aprofundando a doutrina da unidade (por exemplo, com o Instituto Universitário Sophia), dando impulso à unidade em âmbitos de empenho profissional e social e com muitas outras obras e iniciativas específicas (através de Humanidade Nova). Também hoje, exatamente como há sessenta anos, podemos rezar a Deus pela unidade entre os povos da Terra. O meu desejo é que esta oração seja acompanhada por um compromisso renovado, assumido seja em nível pessoal seja comunitário, de viver pelo mundo unido. Difundiremos aqueles germes da mudança que são úteis para transformar o presente e para escrever páginas sempre novas da história da família humana em marcha rumo à unidade. (*) http://www.centrochiaralubich.org/it/documenti/scritti/4-scritto-it/183-maria-regina-del-mondo.html
Ago 2, 2019 | Sem categoria
A Duma, ou Parlamento russo, convidou deputados e especialistas para um debate sobre desenvolvimento dos sistemas parlamentares. Letizia De Torre, presidente do MPPU, participou. “É importante caminhar junto com quem, de alguma maneira, busca uma mudança no mundo. Todos nós, individualmente ou enquanto povos, somos chamados à unidade e devemos evidenciar todo passo positivo”. Foi essa a primeira declaração de Letizia De Torre, ex-deputada no Parlamento italiano e presidente do Centro internacional do Movimento Político pela Unidade (MPPU), que participou, nos dias 30 de junho a 3 de julho passado, do Fórum “Desenvolvimento do Parlamentarismo”, sobre o desenvolvimento dos sistemas parlamentaristas. Ela propôs a “co-governança, ou seja, a ideia de uma corresponsabilidade entre as instituições e a sociedade civil no governo das cidades e nas relações internacionais. Uma ideia central durante o encontro realizado em janeiro passado, em Castelgandolfo (Roma, Itália), repetida em vários níveis e em diferentes países e que terá um segundo debate de alto nível no Brasil, em 2021.
Como a Co-Governança chegou a Moscou? O Secretário Geral e o Assessor da IAO (Interparliamentary Assembly on Orthodoxy), http://eiao.org/home_english_iao, – rede de parlamentares ortodoxos, inclusive russos, com quem colaboramos – estiveram em Roma, no evento Co-Governança 2019. Acharam a ideia interessante e fizeram com que o MPPU fosse convidado ao Fórum http://duma.gov.ru/en/international/forum_english/. Devo dizer que só compreendi de fato o porquê quando cheguei em Moscou. Com efeito, é surpreendente: o sistema institucional russo é definido com expressões como “democracia controlada”, “centralismo”, “ambivalência entre modernização e tradicionalismo”, enquanto a co-governança comporta corresponsabilidade, participação difusa, relações inovadoras entre políticos e cidadãos… Certamente, e é sintomática a mudança de época que estamos vivendo. É pedida uma mudança à política. Os cidadãos não têm mais confiança e a internet nos lançou num mundo diferente da rigidez dos palácios da política. Muitos parlamentares buscam novos caminhos, e Co-Governança exprime a ideia de uma relação intensa entre políticos e cidadãos, de corresponsabilidade no governo em todos os níveis, sem medo desse tempo tão complexo.
Como a proposta de vocês foi recebida? A ideia da colaboração está amadurecendo em todas as sociedades e inclusive a declaração final do Fórum vai nesta direção. Mas o que foi recebido com surpresa é a lógica política que está na sua base: “Comporte-se com o outro Estado, com quem é ‘diferente de você’, como gostaria que fosse feito a você”. Esta atitude revoluciona a política, dá a ela um papel novo e necessário hoje: o de facilitadora e catalizadora da colaboração entre todos. O que o MPPU recebeu desta sua presença oficial na Rússia? Antes de tudo percebeu uma mudança pessoal. O povo russo é maravilhoso, a acolhida é atenta; Moscou é linda, rica de história, eficiente, não sai mais do seu coração. Neste sentido é fácil sentir-se como povos irmãos. Mas, aproximar-se do sistema político de um outro país é algo diferente. Eu “aterrissei” numa cultura política extremamente diferente, e tinha medo de não entendê-la. Nas primeiras dificuldades encontrei-me numa encruzilhada: ficar de fora ou colocar em ação “o método” que um dia me fascinou. Conscientemente fiz a opção de amar a Rússia na mesma medida com que amo o meu país. Você não ama o seu país porque é perfeito, ama e ponto final; alegra-se e sofre com ele e por ele, na boa e na má sorte. Foi assim que comecei a compreender a Rússia de hoje, a olhar o mundo do seu ponto de vista, inclusive a ficar desapontada com os juízos negativos que recebe, às vezes instrumentais na corrida à supremacia geopolítica. Apreciei a intenção de “soft power” deste Fórum, com o qual parece-me que a Rússia procure conquistar a confiança de outros Estados, abordando-os com mais dignidade e respeito. Percebi que eu estava mais aberta a acolher, por exemplo, o desejo de unidade entre as duas Coreias da deputada norte-coreana, a esperança da delegação síria, o questionamento do parlamentar libanês , “Por que nos matamos?”, que continuava com a força que vinha da sua fé ortodoxa: “Deus não quer isso!”.
Stefania Tanesini