Movimento dos Focolares

Caminhos para a unidade: a arte de amar

Abr 12, 2013

Um congresso interdisciplinar na Universidade Fu Jen, de Taiwan, propõe a reflexão sobre o pensamento de Chiara Lubich. Publicamos o seu discurso proferido dia 27 de janeiro de 1997, justamente em Taiwan, sobre as características do amor cristão.

Video em língua italiana: “A arte do amor cristão”” – Chiara Lubich em Taipei, janeiro de 1997

«O amor cristão é uma arte. É preciso conhecer esta arte de amar. De fato, ela possui algumas qualidades e algumas exigências. Gostaria de propô-la aos senhores, se desejarem vivê-la, para o bem de muitos e também para o vosso próprio bem. O verdadeiro amor, que queremos difundir no mundo, possui essas qualidades.

Antes de tudo o amor verdadeiro exige que se ame Jesus na pessoa amada. É preciso não esquecer isso: Jesus está presente em cada pessoa que encontramos. Na grandiosa cena do juízo final, ele não disse que considera feito a si o que se faz aos outros, de bem e de mal? O seu julgamento não se repete como: “a mim o fizeste, a mim o fizeste, a mim o fizeste”? O primeiro ponto, portanto, que é necessário não esquecer para levar adiante, no mundo, a revolução do amor, é que o que fazemos aos outros deve ser feito como se faria a Jesus, porque ele está escondido atrás de qualquer irmão nosso. Amar Jesus em cada pessoa. Foi com esta convicção que o Movimento nasceu; e com essa convicção espalhou-se no mundo inteiro.

O amor verdadeiro possui ainda outra qualidade: ama a todos. Não admite acepção de pessoas. Para o amor verdadeiro não existe o simpático e o antipático, o bonito e o feio, o grande e o pequeno, o compatriota e o estrangeiro. Todos devem ser amados.

Recordo a reviravolta no início do Ideal, quando descobrimos que o amor evangélico nos fazia amar a todos. Nós também tínhamos as nossas simpatias ou antipatias, víamos que alguém era feio e passávamos longe, outro era bonito e nos aproximávamos, o estrangeiro não se considerava, mas o da nossa pátria sim. E então aconteceu uma revolução: é preciso amar a todos. E amar a todos é a “ginástica espiritual” exigida de todos nós, cristãos.

O amor verdadeiro – outra qualidade – toma a iniciativa. Significa que não espera ser amado para depois amar, mas ama primeiro. Assim como fez o Eterno Pai, que mandou Jesus para morrer por nós quando ainda éramos pecadores. Ele tomou a iniciativa de nos amar. O verdadeiro amor cristão ama primeiro. Experimentem fazer assim e verão a revolução que se desencadeia ao vosso redor vivendo um amor como esse. Portanto, atenção: amar sempre a todos, vendo Jesus neles, ser os primeiros a amar.

E ainda: o amor verdadeiro ama o outro como a si mesmo, exatamente como se fosse eu. E isso deve ser tomado ao pé da letra, não é só um modo de dizer. O outro sou eu, eu sou o outro, porque devo amá-lo como a mim mesmo, isto é, fazer a ele o bem que faria a mim.

O amor verdadeiro sabe fazer-se um com os outros. Por exemplo: se alguém sofre, sabe sofrer com ele; se alegra-se sabe alegrar-se com ele. Se alguém vai a uma festa de casamento e fica com o rosto fechado, por exemplo, erra, porque é preciso alegrar-se com quem se alegra. Ou vai visitar um doente e fica rindo ou pensando em outras coisas… não, é preciso sofrer com o outro, viver o que ele está vivendo. Fazer-se um com o outro significa viver o que o outro vive. Não é um amor sentimental, mas feito de fatos concretos.

E ainda: o verdadeiro amor cristão ama também o inimigo. “Perdoa setenta vezes…”, ama o inimigo, faz o bem e reza por ele. Amar o inimigo é uma revolução típica do cristianismo. É algo tipicamente cristão.

E mais ainda, Jesus quer que o amor verdadeiro, que ele trouxe sobre a terra, torne-se recíproco. Que uns amem aos outros de modo que se chegue à unidade, aquela unidade da qual Jesus falou em seu testamento. É justamente o mandamento novo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Porque ele quer que imitemos a Santíssima Trindade, a maneira como se amam as pessoas da Trindade.

E ainda, e esta é a última qualidade: Jesus nos faz entender o que é o amor com a cruz, com a sua cruz. Muitas vezes, quase sempre, o amor traz sofrimento, porque é preciso fazer-se um com o outro, renegar a si mesmo e pensar nos outros. Mas depois dá uma alegria imensa ao seu coração!»

Taipei (Taiwan), 26 de janeiro de 1997

Trechos de um discurso de Chiara Lubich à comunidade eclesial de Taiwan.

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