A cidade de Cannes foi a vencedora da sexta edição do Prêmio Chiara Lubich pela Fraternidade. Motivo do reconhecimento foi o projeto “Viver juntos em Cannes”, que conta com a participação de cidadãos leigos e religiosos, de diferentes credos, comprometidos numa série de iniciativas voltadas à convivência pacífica. A assinatura do prefeito de Cannes, com a candidatura ao prêmio, chegou precisamente no dia 7 de janeiro, dia do atentado, em Paris, à sede da Charlie Hebdo. «Há um símbolo do ódio e há um símbolo da paz, e nós queremos mostrar ao mundo o símbolo da paz», declarou o abade cisterciense Vladimir Gaudrat, presente na entrega do Prêmio, com a delegação francesa. A cerimônia realizou-se em Roma, dia 17 de janeiro passado, durante um encontro com o tema “Diálogo e comunidade, qual relacionamento com a fraternidade?”, organizado pela Associação Cidades pela Fraternidade, promotora do prêmio. O local escolhido foi o Capitólio, que traz à memória a história que liga a cidade de Roma à pessoa de quem o prêmio traz o nome. No dia 22 de janeiro de 2000, dia do seu 80º aniversário, Chiara Lubich recebeu a cidadania romana. Ainda em 1949, recém-chegada à capital – onde morou por 10 anos – num artigo intitulado “Ressurreição de Roma”, Chiara Lubich descreveu esta cidade desfigurada pela guerra e pela miséria que provava as pessoas na sua dignidade. Manifestava, naquele escrito, o desejo de contribuir para que voltasse a luz e o amor às suas casas, ruas, locais de estudo e de trabalho, ao parlamento, em toda parte. Um desejo que voltou a expressar em 2000. Apresentou então um caminho para chegar a isso: a “arte de amar”, tão de acordo com o nome da capital que, lido ao contrário, torna-se “Amor”. Uma arte que brota dos valores do Evangelho.
Emerge destes acenos a ideia que Chiara Lubich tinha da cidade – e que inspira a Associação que atualmente reúne 140 municípios italianos – enquanto local habitado por uma comunidade que, ao tecer relações entre os cidadãos e entre estes e as instituições, pode alargar as próprias fronteiras, internas e externas. «As cidades – explica Pasquale Ferrara, secretário geral do Instituto Europeu de Florença, palestrante no encontro – são desde sempre espaços de pluralismo e de diversidade, onde diversas associações colaboram com as instituições locais para a resolução dos problemas». O cardeal João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de vida consagrada, deu o seu testemunho sobre a importância da fraternidade na relação com as cidades, recordando as suas experiências no Brasil: «Do Movimento dos Focolares – disse o cardeal – aprendi a abertura à diversidade, que depois experimentei em Brasília. Até a chegada à Roma onde, para mim, fraternidade significa contato aberto com todos». «Neste momento que vê tantos conflitos em ato, refletir sobre fraternidade e sobre o diálogo numa comunidade que vai se transformando, com tantas sensibilidades, dedicar uma tarde a este tema e à busca de criar uma nova coesão, pareceu-nos muito importante», declarou Lina Ciampi, secretária de Cidades pela Fraternidade à Rádio Vaticana. «Cannes apresentou um projeto de caráter multicultural e inter-religioso, que coloca face a face budistas, judeus, muçulmanos… Pareceu-nos que respondesse muito bem a tudo o que a Associação propõe-se realizar». Além da cidade francesa foram premiados os municípios italianos de Cannara e Foligno (em memória do empresário de Economia de Comunhão Walter Baldaccinida), San Severino e Tolentino (região de Le Marche) pelos projetos dirigidos às faixas mais frágeis da população, e uma Menção de Honra foi atribuída ao município de Trieste pelo projeto Educação à Paz, que levou à instalação do “Dado da Paz” em um parque público.
Ouvir atentamente, falar conscientemente
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