Movimento dos Focolares
Natal na Rússia: С РОЖДЕСТВОМ!

Natal na Rússia: С РОЖДЕСТВОМ!

DedMorozO Natal Ortodoxo é celebrado no dia 7 de janeiro, nove meses após a Anunciação à Virgem Maria. Esta data corresponde ao dia 25 de dezembro, segundo o antigo calendário juliano. A festa do Natal é precedida por um período de jejum que dura quarenta dias e que tem início no dia 27 de novembro.

“Por motivos históricos – nos conta Serghej, focolarino ortodoxo de Moscou – depois da revolução de 1917 e até os anos 90, na Rússia não se festejava mais o Natal. No lugar desta celebração foi introduzida a festa de Ano Novo, com a árvore e o Papai Noel, em russo Ded Moroz, literalmente “Vovô Gelo”.

“Eu fiquei sabendo da existência do Natal, bem como de toda a ‘História da salvação’ – continua Serghej – quando eu conheci o Movimento dos Focolares. Naquela época eu não era nem batizado e, por isso, o encontro com os Focolares, para mim, coincidiu com o encontro com Deus.

Segundo o costume, a vigília do Natal é denominada “Sočelnik”, por causa do alimento sočivo, que consiste de frutas e trigo cozido, o único alimento permitido para aquele dia. O jejum dura até o fim do dia, mais exatamente, até que se cante o Hino de Natal. Acende-se um grande círio que simboliza a estrela de Belém, cujo aparecimento determina o fim do jejum.

20150107-01“Não obstante a tradição, para muitas pessoas na Rússia – constata Serghej – o Natal continua a não existir. Praticamente Jesus foi completamente ‘desalojado’ da vida deles. Também o consumismo, muito conhecido no Ocidente, colaborou para isto irrompendo com força assim que o comunismo ruiu”.

Por isto nos esforçamos, todos os dias – conclui Serghej – para que o maior número de pessoas possa descobrir esta Criança, cujo nascimento nós celebramos neste dia. Que possam vê-lo ‘nascer entre nós’, pelo amor recíproco (cf Mt 18,20). Os meus votos para este Natal: que nós cristãos sejamos capazes de doar a presença de Jesus ao mundo, por meio do amor evangélico concreto e, desta forma, levá-lo em meio ao povo! Feliz Natal! С РОЖДЕСТВОМ!”

Burkina Fasso: movimentos, jovens e amigos

Burkina Fasso: movimentos, jovens e amigos

20150105-02“Misericórdia”, isto é, perdão, que conduz à paz, “por um mundo novo”: é o convite dirigido aos jovens da diocese de Bobo-Diulasso – a segunda maior cidade do país – como reflexão para o próximo ano. Burkina Fasso atravessa uma fase importante de transição, depois das desordens acontecidas no final do mês de outubro, quando a capital Uagadugu foi invadida pelos manifestantes da oposição e pela sociedade civil, a ponto de falar-se de “primavera burquinense”.

E é uma experiência de perdoar que foi narrada por Fidèle durante a Jornada dos Jovens, no dia 7 de dezembro. Ele saíra à procura de emprego e, para atender a solicitação de um amigo, começou a colher frutas destinadas a uma senhora idosa e doente; isto suscitou a ira de algumas pessoas que, indevidamente, se apossaram do terreno. O resultado foi que Fidèle sofreu uma fratura no nariz por causa de um violento golpe de alguém armado com um bastão. “No meu íntimo sentia uma raiva sempre crescente e comecei a pensar na vingança. Enquanto me dirigia a casa para fazer um curativo, aproximaram-se o jovem que me agredira e a mãe dele. Ela estava inconformada com a agressão. De imediato eu não acreditei nisso, mas, lembrei-me da frase do Evangelho onde Jesus diz que devemos perdoar setenta vezes sete… No dia seguinte eu encontrei novamente aquele jovem em uma loja e tomei a iniciativa de cumprimentá-lo e, desta forma, demonstrei que o perdoara. Desde aquele dia nos tornamos grandes amigos”.

20150105-01Sobre o evento nos escreveram David e Laetitia, em nome dos Jovens por um Mundo Unido de Bobo-Diulasso: “Neste ano decidimos sair do nosso estilo habitual para favorecer o trabalho junto a outros jovens. E assim nos comprometemos com a coordenação das atividades da Pastoral da Juventude. Felizes pela experiência precedente do Festival dos Jovens, os responsáveis pela Pastoral nos pediram para organizar uma jornada de amizade com todos os movimentos juvenis da cidade, com o tema escolhido para este ano: “Jovens, sejam misericordiosos por um mundo novo”.

“O tempo passava rápido – continuam – e a coisa mais difícil era trabalhar com pessoas que têm maneiras diferentes de pensar e de agir. As dificuldades para encontrar acordo entre todos não faltaram, especialmente para elaborar o programa da jornada; mas o nosso objetivo era, sobretudo, estabelecer a unidade entre todos, mesmo deixando à parte alguns detalhes quanto à qualidade da organização. Prevaleceu, no final, o desejo comum de colaborar, de conhecer-se, de estimar-se… e chegou o dia da tão esperada Jornada!”

Testemunhos sobre o perdão, inclusive o de Fidèle, danças, cantos: “Esta Jornada permitiu que nos conhecêssemos mais. Houve inúmeras trocas de contatos e compreendemos a importância e a necessidade da contribuição de cada um, muito diversificada. Compreendemos também que os movimentos se completam e são chamados a trabalhar juntos para a realização da unidade, a mesma que Jesus, continuamente, nos ensina”.

“Tudo isso nos encoraja – concluem – e aumenta em nós a vontade de trabalhar juntos outras vezes. Já foi estabelecida a data da Jornada para o próximo ano!”

 

EdC: A “Pasticcino” cresce!

EdC: A “Pasticcino” cresce!

141104_pasticcino11Gonzalo Perín nunca teria imaginado que, aos vinte e nove anos de idade seria sócio e manager de uma fábrica de biscoitos. Estava ainda estudando na escola de hotelaria quando conheceu a Economia de Comunhão (EdC), e ficou tão maravilhado que deixou tudo para colocar em prática os seus princípios. “Em 2008 – ele conta – eu renunciei ao meu trabalho e retornei à minha cidade, O’Higgins, para produzir biscoitos; no início, na minha casa, onde trabalhei por muitos meses enquanto preparava o galpão e comprava o maquinário necessário”. Atualmente ele gerencia “Pasticcino”, uma fábrica situada no Pólo Industrial Solidaridad, na Mariápolis permanente do Focolare, na Argentina. A produção mensal, dois milhões e meio de diversos tipos de biscoitos, é distribuída em vinte e cinco redes de cafeterias e bares. Atualmente estão estudando a possibilidade de abrir uma sucursal no Brasil, no Pólo Spartaco da Mariápolis permanente, a 47 km de São Paulo.

Para permanecer fiel aos princípios da EdC e dividir os lucros da empresa com as pessoas necessitadas, Gonzalo chegou a pedir empréstimos a bancos. Outra experiência, muito particular na “Pasticcino”, é a convivência com os funcionários e, especialmente, com Charly, portador de deficiência visual. Durante uma visita à empresa uma pessoa comentou com Gonzalo que Charly representa um custo extra para a empresa. “Pode ser que resulta uma despesa a mais – respondeu Gonzalo – mas, o que não aparece nos balanços é que ele representa uma grande riqueza para a empresa, pelas idéias que propõe e pela serena atmosfera que suscitou entre os colegas”. Tanto que, atualmente, Gonzalo considera Charly mais que um funcionário; é um consultor e um amigo.141104_pasticcino12

A quem pergunta se tudo valeu à pena e não gostaria de ter mais lucro, Gonzalo responde: “Às vezes, quando entro no carro de um amigo, digo a mim mesmo: que carro estupendo! Mas, também para mim nunca faltou nada e as coisas mais importantes da vida não se compram com dinheiro, porque são as relações. Eu não sei até quando a empresa vai durar, mas, se for fechada, permanecerão as relações e este é o bem mais precioso que possuo”.

Ultimamente Gonzalo deveria concluir uma negociação com um novo cliente, uma empresa muito grande. Ele nos conta: “Já fui a cinco reuniões. Há dez dias fizemos a sexta e tudo indicava que eu tinha grandes possibilidades. Desde então eu vivia consultando o telefone, na espera. Eu estava dominado pela ansiedade e, na festa de aniversário do meu pai, minha avó que tem oitenta e dois anos, me perguntou pela situação da empresa. Eu falei muito sobre esta negociação e ela me disse: “Não se preocupe Gonçalo, se você não fechar negócio com esta empresa será por um bem maior”. Não sei por qual motivo, mas, ao ouvir aquelas palavras a minha preocupação se dissolveu completamente”.
Passados alguns dias, festejávamos o aniversário de minha avó “e, exatamente naquele dia, a empresa que citei antes aprovou a negociação e me aceitou como fornecedor! A “Pasticcino” cresce!

Paz: não mais escravos, mas irmãos

Paz: não mais escravos, mas irmãos

Francesco_immigranti_a“Atualmente, após uma evolução positiva da consciência da humanidade, a escravidão, crime contra a humanidade, foi formalmente abolida no mundo. O direito de cada pessoa de não ser mantida em estado de escravidão ou servidão foi reconhecido pelo direito internacional como norma irrevogável. E, ainda que a comunidade internacional tenha firmado numerosos acordos com o objetivo de colocar fim à escravidão em todas as suas formas e ter encaminhado diversas estratégias para combater este fenômeno, ainda hoje milhões de pessoas – crianças, homens e mulheres de todas as idades – são privadas da liberdade e constrangidas a viver em condições semelhantes às da escravidão”, escreve o Papa na sua mensagem por ocasião da Jornada Mundial da Paz, que se celebra no dia 1° de janeiro, dia dedicado à família.

E, ao mesmo tempo em que faz esta afirmação, ele pensa a “muitos trabalhadores e trabalhadoras, também menores, escravizados nos diversos setores”. E pensa também “às condições de vida de muitos migrantes que, na própria dramática trajetória, passam fome, são privados da liberdade, extorquidos dos próprios bens ou abusados fisicamente e sexualmente. Penso a muitos deles que, quando chegam à destinação depois de uma viagem difícil e dominada pelo medo e pela insegurança, são detidos em condições desumanas”.

Mohamed, proveniente do Mali, experimentou a experiência do naufrágio no mar e uma vida de pobreza e sofrimentos. Atualmente ele sente o desejo de demonstrar a gratidão a algumas pessoas. A narrativa é de Flavia Cerino, advogada, publicada na revista Città Nuova. “Com quinze anos de idade, Mohamed decidiu partir: uma longa viagem pelo deserto, na Líbia esteve na prisão, foi explorado e, depois, chegou à Itália. O Mare Nostrum o salvou do naufrágio, mas, assim que desembarcou foi imediatamente algemado: os companheiros de viagem o denunciaram como colaborador daqueles que organizam dos êxodos em massa, mas, realmente, ele não era culpado. De fato, ele havia distribuído alimento e bebida no barco, mas, se ele não tivesse feito isso os verdadeiros organizadores, teriam ameaçado atirá-lo ao mar.

Como Mohamed é ainda adolescente, não foi levado à prisão comum. Na espera do julgamento que deveria confirmar a prisão ele permaneceu em uma sala estreita e escura no prédio do fórum de uma cidade grande, mas, muitas pessoas cuidaram dele: os policiais foram gentis e as assistentes sociais interessam-se pela vida dele, pela saúde e pela família. Há meses ninguém o considerava com tanta atenção; frequentemente ele recebia somente ordens, sem nenhuma consideração. E, ainda mais, um dos policiais fala francês e Mohamed teve a possibilidade de explicar bem tudo o que ocorreu no barco”. O julgamento que deveria emitir a sentença terminou bem: ele não foi condenado à prisão, mas, a viver em uma comunidade.

“Ele não goza de liberdade, mas, sem dúvidas, é melhor que a prisão. O lugar é bonito, em uma pequena cidade ensolarada, ainda mais ao sul do país. Mohamed faz com que as pessoas o apreciem e o amem: é disponível para atividades domésticas, rápido no aprendizado da língua italiana, gosta de futebol e, também, do silêncio e de momentos de solidão. Depois de muitos meses chegou o momento de outro julgamento, o que significa voltar ao passado, reviver momentos difíceis e que devem ser esquecidos. Não obstante o tempo, todas as lembranças estão presentes, também os bons momentos. E, quando terminou a audiência ele fez um pedido: ir ao último andar, naqueles cômodos pequenos, somente para dizer “obrigado” àquele policial que fala francês e àquelas senhoras muito gentis: não os esquecerá nunca. Infelizmente nenhum daqueles que conhecera estava de turno. Mas, aquele “obrigado” será dito por meio dos colegas, coisa muito rara”.

“Sabemos que Deus perguntará a cada um de nós: ‘O que você fez ao seu irmão?’, conclui o Papa Francisco . “A globalização da indiferença, que hoje pesa na vida de muitas irmãs e irmãos, pede a todos nós de tornarmo-nos artífices de uma globalização da solidariedade e da fraternidade, para que se possa doá-los, outra vez, a esperança e fazer com que eles retomem, com coragem, o caminho em meio aos problemas do nosso tempo e as perspectivas novas que o mesmo traz consigo e que Deus coloca nas nossas mãos”.

Paz: não mais escravos, mas irmãos

Lucio dal Soglio, o seu Natal

“Você foi embora em silêncio, quase às ocultas e sem incomodar. Talvez você desejasse chegar a tempo paraLucioDalSoglio celebrar o seu Natal definitivo no Céu, o Nascimento à Vida…”, escreveu um dos focolarinos que viveu com Lucio nos últimos anos, em Rocca di Papa. Lucio nasceu em Vicenza, Itália, no dia 22 de fevereiro de 1927, e conheceu o Ideal da unidade em Pisa, em 1952, quando estudava medicina. Depois de morar alguns anos em Roma, Pescara e Turim, houve uma grande novidade: mudou-se para a África. Transcorria o mês de outubro de 1962, quando Chiara Lubich e padre Foresi perguntaram a Lucio e a Nicasio Triolo, outro focolarino médico: “Vocês estão dispostos a mudar para a África?” No dia 11 de fevereiro de 1963 eles desembarcam na República dos Camarões, com Danilo Gioacchin, veterinário, também este italiano. A vida naquele novo país foi um constante interrogar-se sobre a situação circundante, assumindo uma atitude de honesto e desarmado respeito pelas pessoas e por uma cultura até então completamente desconhecida. Maravilhas, incertezas, descobertas e percepção aguçada dos limites diante do mistério, mas, sobretudo, abertura incondicional aos planos de Deus que transformará tudo em um estupendo “canto de amor”, que se edifica paralelamente à fundação do Movimento e à irradiação do Ideal da unidade no continente subsaariano. Lucio viveu aquele período muito especial em estreita unidade com Chiara Lubich que foi à República dos Camarões em 1965, 1966 e 1969. Anos depois Chiara foi ao Quênia, em 1992, e foi também a Fontem, na República dos Camarões, onde teve início a primeira Mariápolis permanente dos Focolares na África. Ela voltou ainda no ano de 2000, pela última vez. Lucio ficou felicíssimo com tudo o que ele viveu, especialmente quando constatou que “em trinta e cinco anos o sonho de Chiara tornou-se realidade, que havia a presença de Deus na Mariápolis, que o amor é verdadeiro e que o amor recíproco é o segredo da felicidade. E tudo isto porque Nossa Senhora nos reuniu, todos, em uma única família”.

FONTEM 1970-75

Da sinistra: Lucio Dal Soglio, Georges Mani, Dominic Nyukilim, Teresina Tumuhairwe, Benedict Murac Manjo, Marilen Holzhauser, d. Adolfo Raggio, Nicolette Manka Ndingsa.

Lucio não gostava de falar sobre ele mesmo, nunca se colocava em evidência, não chamava a atenção. Mas, para aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo, Lucio foi um “grande Baobá”, como alguns amigos africanos escreveram nestes dias. Recebemos muitas mensagens da África: “Jamais seremos suficientemente gratos a ele por tudo o que fez pela Obra de Maria aqui na África!”. “O amor de Lucio pelo homem era infinito porque, para ele, toda pessoa era Cristo, a quem Lucio amava sem enganos…”. “Lembramos dele especialmente pela maneira decidida e sincera de viver o Evangelho, um irmão mais velho, um verdadeiro amigo, que sempre nos acompanhou na ‘santa viagem’ da vida”. “Imagino ‘Maria Africana’ com os braços abertos para acolher este seu filho predileto junto a muitos outros que viveram, sofreram, trabalharam e amaram, sem medir esforços, para levar o Ideal da unidade nas terras da África. Este não é um momento de tristeza, mas, de agradecimento profundo a Deus pelo dom de ter vivido um trecho da nossa ‘santa viagem’ com Lucio que, para nós, foi pai, irmão mais velho e amigo”. A frase da Escritura que Chiara Lubich havia indicado a Lucio como farol para a sua vida é: “Não deixa ele [o pastor] as noventa e nove [ovelhas] na montanha, para ir buscar aquela que se desgarrou?” (Mt 18,12). Maria Voce escreveu aos membros dos Focolares: “Rezemos por ele e o peçamos para ajudar a Obra inteira a cumprir o desígnio de Deus, para ‘que todos sejam um’!”